62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 7. Enfermagem
PERFIL DO ACOLHIMENTO POR CLASSIFICAÇÃO DE RISCO EM EMERGÊNCIA PEDIÁTRICA DO DF
Juliete Suana Carneiro 1
Tatiana Antunes Barbosa 1
Géssica Borges Vieira 1
Érica Taysa Diéter 1
Alexandra Daniela Marion Martins 1
Diana Lúcia Moura Pinho 1
1. ProIC,UnB,CNPq
INTRODUÇÃO:
O acolhimento com classificação de risco é uma das diretrizes do Programa Nacional de Humanização do Sistema Único de Saúde. Essa estratégia se traduz em um conjunto de ações que envolvem as relações entre profissionais de saúde e usuários, que tem como eixo central a produção de vinculo e responsabilização. O acolhimento nos serviços de saúde vem ganhando importância crescente e, busca recontextualizar a problemática do acesso e recepção dos usuários aos serviços de saúde. A dificuldade do acesso ao SUS faz com que os serviços de urgência e emergências hospitalares sejam cada vez mais utilizados para problemas não urgentes, constituindo em porta de entrada da população ao sistema de saúde. Absorver esta demanda é um processo desgastante no cotidiano das instituições de saúde, afetando tanto os usuários quanto os profissionais da saúde. Essa problemática tem ocupado com freqüência os espaços da mídia. O conhecimento da situação de saúde e do perfil do usuário é de fundamental importância na elaboração de ações e coloca o hospital no papel de articulador a nível local e regional. Assim, este estudo tem como objetivo identificar o perfil das crianças atendidas no pronto socorro de um hospital público do Distrito Federal, pelo acolhimento com classificação de risco.
METODOLOGIA:
Trata-se de um estudo do tipo exploratório e descritivo, no qual foi utilizado para a coleta de dados, os livros de registros dos atendimentos com classificação de risco do Pronto Socorro da Pediatria do Hospital Regional da Ceilândia/DF, do período de setembro a novembro de 2009. Os dados foram organizados em planilhas do Excel 2007 e quantificados em freqüência de estatística simples, tendo como variáveis de estudo: sexo, faixa etária, procedência e classificação de risco, categorizadas de acordo com o sistema de classificação de risco da Política Nacional de Humanização (PNH), que define quatro categorias de classificação de risco, codificada nas cores, vermelha, amarela, verde e azul. O vermelho é a prioridade zero, caracterizada como emergência, ou seja, a necessidade de atendimento imediato; a amarela é definida como prioridade 1, caracteriza-se como urgência,, o atendimento deve ser o mais rápido possível; o verde é a prioridade 2 e representa a não-urgência, pode esperar e finalmente o azul que é a prioridade 3, o usuário pode aguardar mais tempo para ser atendido, são as situações de consultas de baixa complexidade. Definiu-se como categoria para a analise, as áreas de abrangência das Unidades Básicas de Saúde, definidas pela Secretaria de Estado da Saúde do Distrito Federal, segundo o contingente populacional. A regional de Saúde da Ceilândia possui 12 áreas, identificadas de 1 a 12 e cada uma das UBS da regional. Seguindo a resolução 196 CEP/CONEP, o estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da CEP/SES/DF.
RESULTADOS:
Foi registrado o atendimento de 9702 crianças no período de setembro a novembro de 2009. Das crianças atendidas 71,29% (6917) eram da área de abrangência das Unidades Básicas de Saúde (UBS) da cidade de Ceilândia, 12% (1165) procedentes fora da área de abrangência e em 16,69%(1620) dos atendimentos não havia registro da procedência. Da totalidade das crianças atendidas, 97,8% (9488), foram acolhidas segundo a classificação de risco, destas, 51,49% (4996) foram classificados no nível verde, 34,45%(3343) no amarelo, 7,83% (760) vermelho e apenas 4% (389) no nível azul. Verificou-se que 47,13% (4573) são meninas e 51,79% (5025) são meninos, na faixa etária entre 0 a 15 anos, predominando a faixa de 0 à 1 ano de idade, seguido de 2 à 3 anos de idade. Das 9488 crianças acolhidas pela classificação de risco, 12%(1139) eram fora da área de abrangência e 51,09%(582), destas crianças foram classificadas quanto ao risco no nível verde. As crianças procedentes das áreas de abrangência das UBS da Regional de Saúde de Ceilândia representam 88% (8349) das crianças acolhidas no sistema de classificação de risco, a maior freqüência do acolhimento foi categorizado no nível verde, seguido do amarelo, vermelho e azul. Quanto a UBS, a área da UBS 9, representou o maior quantitativo das crianças acolhidas no nível verde, possivelmente em função desta área estar no limite geográfico com uma comunidade ainda sem infra estrutura e equipamentos sociais e de saúde, representando uma sobrecarga para a emergência.
CONCLUSÃO:
O perfil de demanda da pediatria do HRC segundo a classificação de risco é constituída majoritariamente por crianças classificadas no nível verde, ou seja, aquelas crianças que poderiam ser acolhidas em níveis de atenção de media e baixa complexidade. Colocando em evidência a importância de um sistema de classificação de risco como estratégia para a reorganização do sistema de atenção à saúde, pois o sistema de classificação de risco de um lado possibilita identificar a vulnerabilidade do usuário, quanto a vulnerabilidade da organização do sistema, quanto a adequação da oferta, período de atendimento com horário restrito, assim como o tempo de espera dos usuários até o dia do atendimento. A localização geográfica da cidade de Ceilândia pode ser um aspecto potencializa o quantitativo de atendimentos fora da área de abrangência. Em virtude da ausência do registro de informações de algumas variáveis, como procedência, pode-se considerar que os registros do acolhimento por classificação demonstram certa fragilidade para a identificação mais precisa do perfil da demanda que procura a emergência da pediatria do HRC, neste sentido buscar-se-á devolver os resultados do presente estudo aos atores institucionais.
Instituição de Fomento: ProIC
Palavras-chave: Acolhimento, Triagem, Classificação de risco.