62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 3. Bioquímica - 6. Bioquímica
LIPOPOLISSACARÍDEO AUMENTA SUSCETIBILIDADE DE CONVULSÕES INDUZIDAS POR ÁCIDO GLUTÁRICO: AVALIAÇÃO COMPORTAMENTAL.
Letícia Pereira 1
Danieli Valnes Magni 1
Mauren Assis Souza 1
Luiz Fernando Freire Royes 1
Michele Rechia Fighera 2
1. Departamento de Fisiologia e Farmacologia, Universidade Federal de Santa Maria
2. Instituto do Cérebro, Serviço de Neurologia, Hospital São Lucas, PUC-RS
INTRODUÇÃO:

Acidemia glutárica tipo I (AG-I) é um erro inato do metabolismo causado pela deficiência da enzima mitocondrial glutaril-CoA desidrogenase envolvida no metabolismo de L-lisina, L-hidroxilisina e L-triptofano. As manifestações clínicas da AG-I incluem alterações neurológicas e desenvolvem-se principalmente na infância. Dentre as diversas alterações neurológicas, destacam-se as convulsões, as quais podem ser precipitadas por processos infecciosos. A partir disso, a hipótese a ser testada neste estudo foi se a administração de um ativador imune LPS (Lipopolissacarídeo) facilita as convulsões induzidas pela injeção intraestriatal de Ácido Glutárico (AG) em ratos jovens.

METODOLOGIA:

Foram utilizados ratos Wistar machos de 21 dias (30-40g), mantidos em condições ambientais controladas. Os animais foram submetidos a uma operação para a implantação de uma cânula no estriado direito e após 2 dias foram realizadas as avaliações comportamentais e bioquímicas. As drogas AG (0.13, 0.4 ou 1.3 µmol/estriado) ou salina (1.3 µmol/estriado) e LPS (2mg/kg) ou salina foram injetados intraperitonealmente em diferentes tempos e após analisados por 20 minutos para verificar o aparecimento de convulsões. Em seguida, foi realizada a avaliação bioquímica para determinar os níveis de interleucina-1β (IL-1β) no estriado dos ratos jovens.

RESULTADOS:

A Análise estatística revelou que a administração de LPS 3 horas antes da injeção intraestriatal de AG (1.3 mmol/estriado) não alterou a latência para a primeira convulsão [H(7)=7.22; P>0.05] nem a duração das convulsões [H(7)=7.66; P>0.05] induzidas pelo AG. Já a administração de LPS 6 horas antes da injeção intraestriatal de AG, diminuiu a latência para a primeira convulsão [H(7)=51.96; P<0.0001] e aumentou a duração das convulsões [H(7)=54.28; P<0.0001] induzidas pela injeção de AG. Além disso, a administração de LPS aumentou os níveis de IL-1β após 3 [F(3,11)=11.49; P<0.002] e 6 horas [F(3,10)=8.26; P<0.01;] no estriado dos ratos jovens de maneira tempo dependente [F(3,13)=4.58; P<0.03].  Já a injeção de anticorpo IL-1β (200ng/ 2μl), 45 minutos antes do LPS e este 6 horas antes do AG, preveniu das alterações na latência [H(3)=17.26; P<0.0002] e duração das convulsões [H(3)=18.59; P<0.0001] induzidas pelo LPS 6 horas antes do AG.

CONCLUSÃO:

Os resultados apresentados neste estudo sugerem que um aumento da excitabilidade neural induzida pelo acúmulo de IL-1β pode estar envolvido no comportamento convulsivo induzido pela injeção intraestriatal de AG. Desta forma, o presente estudo sugere uma importante função do processo inflamatório nos episódios convulsivos evidenciados em crianças com Acidemia Glutárica tipo I.

Palavras-chave: Ácido Glutárico, Convulsão, Inflamação.