62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 1. Antropologia - 2. Antropologia da Saúde
DOAÇÃO DE SANGUE: UMA ANÁLISE ANTROPOLÓGICA DESSA PRÁTICA NA ONCOPEDIATRIA DO CENTRO DE ONCOLOGIA E HEMATOLOGIA DE MOSSORÓ - RN
Jhose Iale C. da Cunha 1
Gilma Iale Camelo da Cunha 2
1. DCSP, FAFIC, Universidade do Estado do Rio Grande do Rio Grande do Norte / UERN
2. Ciências da Educação, Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias / ULHT
INTRODUÇÃO:
O presente trabalho propõe investigar o ambulatório da oncopediatria do Centro de Oncologia e Hematologia de Mossoró - COHM, que trabalha com pacientes portadores de câncer e hemopatologias; e o Hemocentro de Mossoró - RN que dá suporte ao tratamento desenvolvido por esse Centro. Sendo responsável pelo gerenciamento do sangue doado, essa instituição pública é mantida por doações e reposições do sangue e seus hemoderivados. Nosso objetivo é entender como os pacientes da oncopediatria do COHM vêem a política de reposição de sangue desenvolvida pelo hemocentro de Mossoró - RN, por ser observado nesse local, que a utilização do sangue é muito freqüente.
METODOLOGIA:
Para isso foram realizadas observações no ambulatório da oncopediatria, além da realização de entrevistas semi-estruturadas com funcionários e familiares dos pacientes com a finalidade de perceber a importância do sangue e da doação do mesmo. No intuito de melhor compreender e situar a temática, construímos um diálogo com autores como Durkheim, onde estamos trabalhando a questão da solidariedade; Weber, como aporte para a discussão da questão da ação social; Mauss, na questão da reciprocidade e da dádiva; e Todorov, na questão do indivíduo.
RESULTADOS:
Constatamos que os familiares dos pacientes vêem o sangue como uma questão de sobrevivência. Não há reciprocidade na reposição do sangue que utilizam. Muitos desses familiares se apresentam alheios à reposição junto ao Hemocentro dificultando muitas vezes o bom funcionamento do ambulatório da oncopediatria do COHM, e o seu não cumprimento implica em uma baixa no estoque, interferindo diretamente no bom andamento do tratamento do paciente e do trabalho desenvolvido pela instituição.
CONCLUSÃO:
Podemos constatar que o baixo índice de reposição de sangue proveniente do COHM, dar-se-á por vários fatores, havendo a necessidade de um trabalho educativo que abranja todos os atores sociais envolvidos nesse cenário (População, Hemocentro e COHM) uma vez que as suas ações estão arraigadas em valores e tradições onde culturalmente não se observa essa prática de doação de sangue. Deve-se buscar, tanto a conscientização da população, como desses familiares que estão necessitando do sangue, para que os mesmos tenham consciência da sua reposição e possam estar contribuindo para a continuidade da vida tanto de seus filhos como do seu 'próximo'. Pois, devemos ser solidários, devemos compartilhar os bens e os dons que a vida nos concedeu. Devemos ampliar o nosso campo de visão, de modo a abranger não apenas a nossa família biológica, mas inteira família humana.
Palavras-chave: Doação de Sangue, Oncopediatria, Solidariedade.