62ª Reunião Anual da SBPC |
G. Ciências Humanas - 5. História - 9. História Social |
OS CALONS: ENTRE A AMNÉSIA E A VONTADE DE NADA ESQUECER |
Carla Alberta Gonzalez Lemos Loureiro 1 Rhaylla Gomes da Silveira 1 Úrsula Andréa de Araújo Silva 1, 2 |
1. Curso de História da Universidade Potiguar - UnP 2. Prof. Ms./Orientadora |
INTRODUÇÃO: |
Observamos que ao longo da história as políticas de cunho racistas e etnocida jamais deixaram de manter um apoio na ciência com a finalidade de legitimar os preconceitos e todas as formas de exclusão a eles associados. Pensadores como Horbiguer e Schopenhauer tiveram sua linha teórica sobre o tema, criando ferramentas e elaborando teses para sustentar seu pensamento. No nosso Brasil, mais especificamente no Nordeste os ciganos adotaram o modo de vida do nordestino, em contrapartida os nordestinos adotaram o modo de vida cigano, temos como exemplo as vestimentas do bando de Lampião cujas características são bem pessoais da vida nômade, e claro, encontravam subsídios para fugir da miséria provocada pela seca, adaptando-se ao labor de uma vida dura e servindo ao projeto das oligarquias no poder, onde sumariamente seriam as facções locais com um sistema de quase servidão, as chamadas mercantis industriais. O projeto tem por objetivo documentar e divulgar a memória recente da história dos Calons, descendentes do Capitão José Garcia no recorte de tempo do século XX, uma vez que não encontramos registros de sua história. A comunidade está localizada na Rua São Cosmo e Paulo Lopes, no Bairro de Cidade Nova. |
METODOLOGIA: |
A pesquisa tem seu desenvolvimento alicerçado na história oral, através de gravações e transcrições complementadas por pesquisas bibliográficas em periódicos e jornais. Na ocasião foi utilizada pesquisa de campo para o acompanhamento da vida social da comunidade. |
RESULTADOS: |
Os resultados apresentados e observados são inúmeros: a convivência com o grupo nos abre um precedente da própria forma de olhar o diferente, que possui regras próprias, que falam um dialeto próprio, que tem em suas origens toda a moral adquirida com sua história repassada de forma oral pelos mais velhos. Conseguimos ao longo de 06 meses de pesquisas registrar fatos que permeiam os últimos 30 anos de história do povo Calom. Passamos pelas entrevistas orais e fundamentamos através de leituras e fontes aos referenciais colocados pelo grupo. Dentre os resultados, estão os educacionais, onde conseguimos matricular seis alunos, cuja burocracia não permitia tal feito pelo simples fato de serem ciganos e do colégio não estar preparado para recebê-lo, tivemos audiências publica na Câmara de Vereadores sobre a problemática. Observamos no grupo estudado uma total servidão ao próprio conceito e uma falta de manutenção a sua própria cultura que, massacrada pelo poder dominante, se vê a mercê de toda a influência contemporânea. |
CONCLUSÃO: |
Os ciganos fazem parte de uma etnia de cultura própria, rica, já que por variadas razões encontram-se dispersos por todo o mundo, tendo passado, em suas andanças, por diferentes países, legando e enriquecendo a sua cultura, bem como deixando seus legados entre nossa sociedade. É preciso deixar claro que o termo "cigano" é coloquial, assim com "índio", ou seja, dentro dessa etnia existem subdivisões e, nelas existem famílias que fazem das tradições uma cultura própria de acordo com o subgrupo de ciganos: O Rom e o Calom. Os Calons é o nosso objeto de estudo. Analisar os ciganos como parte de uma construção na formação da sociedade brasileira e da própria condição do nordeste é o recorte espacial e temporal que vamos construir fundamentando a presença como a própria argamassa da nossa realidade. Não podemos cair nas generalizações ou até mesmo os reducionismos que limitam o resultado. A convivência embora desconcertada em que se registra recria a dinâmica do tempo, e observamos um contratempo entre tradições morais, religiosas e econômicas. Precisamos traduzir o outro sem o sentido surreal do poder dominante e das sociedades dominadoras. O Estado precisa trabalhar a consciência histórica em seus alicerces da educação e os ciganos Calom precisam da sua historia documentada. |
Instituição de Fomento: Fundação José Augusto |
Palavras-chave: Comunidade Calom, Diversidade Cultural, Memória. |