62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 11. Ensino-Aprendizagem
PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSA DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA (PIBID): UMA REFLEXÃO SOBRE A PRÁTICA DE ENSINO DE GEOGRAFIA NO INSTITUTO PADRE MIGUELINHO.
Kathiuscia Fernandes dos Santos 1
Maria Cristina Cavalcante Araújo 1
1. Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte .
INTRODUÇÃO:

A prática de ensino de geografia nas escolas publica tem sido alvo de discussões e de muitos estudos. Isso se deve principalmente pelas dificuldades apresentadas tanto no que se refere à própria estrutura das escolas quanto à própria pratica de ensino dos professores. Estas não acompanham a "renovação" que esta se fomentando na educação em geral e, especificamente com a chamada geografia crítica, e continuam com a mesma metodologia descritiva, tornando as aulas não atrativa para os alunos, chegando-se até ser questionado o real papel da geografia nas escolas. Como enfatiza Brabant apud Oliveira

 

 

Discurso descritivo, até determinista, a Geografia na escola elimina, na sua forma constitutiva, toda preocupação de explicação. A primeira preocupação é descrever em lugar de explicar; inventariar em lugar de analisar e de interpretar. Essa característica é reforçada pelo enciclopedismo e avança no sentido de uma despolitização total.

 

 

Evidencia-se assim que mesmo após a Geografia Crítica pouco se colocou em pratica para que houvesse uma real transformação no ensino da geografia, continuando desta maneira a mesma "geografia" descritiva que não explica, para os estudantes, nem a realidade do mundo em que vivem, nem mesmo as relações que estabelecem com este espaço. O ensino, nesse sentido, não está focado no aluno e nem muito menos, não leva ao aluno a refletir e construir seu conhecimento. Tornando o ensino da geografia dessa forma muito abstrato.

 

Outro ponto a ser questionado é a formação dos geógrafos educadores, pois conforme Kaercher (2003, p. 183)

nossos intelectuais desligam-se de nossa realidade. Não criam um pensamento próprio sintonizado com nossas raízes e nossa população. Deixando de ser criadores e passaram a ser conhecedores de teorias que muito pouco ajudaram a sair desse subdesenvolvimento econômico e intelectual. Sem reflexão mais sistematizada, nossa experiência profissional vira rotina e repetição. E o que é pior: vira um entrave para a mudança.

 

Na graduação, segundo Vessentini, é ignorado as dificuldades que existem para se ensinar geografia nas escolas de nível fundamental e médio. E a pratica do ensino que será realizada pelos estudantes de Licenciatura em geografia, é posta como algo secundário, ou seja, sem a devida importância que deveria ter. Assumem-se assim, salas de aulas sem que se pense no ato de educar e nem mesmo o que significa o alfabetizar geograficamente.

Diante desta crise da geografia na escola, os estudantes da Licenciatura em Geografia vêem no Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) uma oportunidade de realizar a pratica docente de uma maneira diferente. Este programa foi criado pelo Ministério da Educação e implementado em sete escolas estaduais de Natal a partir de projetos elaborados pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte - IFRN que oferecem as Licenciaturas em Física, Espanhol e Geografia. Objetivando incentivar a pratica docente através da valorização do magistério promovendo a articulação integrada da educação superior do sistema federal com a educação básica do sistema público, em proveito de uma sólida formação docente inicial.

Entre as escolas contempladas pelo programa está o Instituto Padre Miguelinho, escola localizada no bairro do Alecrim, em Natal, que atende a aproximadamente 2.000 estudantes. Igualmente como grande parte das escolas públicas, encontra-se com uma metodologia de ensino geográfico também tradicional e que não contemplam aos jovens uma leitura real do espaço em que vivem. Isso pode ser constatado quando foram aplicados questionários aos estudantes da escola como forma de diagnosticar a prática de ensino de geografia e a realidade escolar do estudante. Foi sugerido, pelos entrevistados, a inserção de novas metodologias que pudessem dinamizar as aulas de geografia, tais como aulas de campo, a utilização de novas mídias entre outras.

Destarte, o programa realiza ações que proporcionam os alunos do curso de Licenciatura em Geografia a terem um contato e uma reflexão sobre a praxe pedagógica, bem como o uso de metodologias que se adéquem ao processo de ensino-aprendizagem. Preparando-os para a prática profissional que irão exercer ao concluírem o curso.

A importância desta pesquisa é refletir e propor, por meio do programa PIBID, novas medidas para que a escola e o ensino de geografia no Instituto Padre Miguelinho acompanhem o processo de renovação existente na educação e principalmente na geografia, a fim de incentivar novas praticas de ensino-aprendizagem.

METODOLOGIA:

Para a realização desta pesquisa utilizou-se de pesquisas bibliográficas, bem como os questionários aplicados aos estudantes do Instituto Padre Miguelinho. Os questionários foram aplicados pelos bolsistas das disciplinas e pelos professores supervisores da escola, essa etapa do PIBID foi realizada em todas as escolas contempladas com o programa, objetivando a caracterização da escola, dos funcionários e dos estudantes, alem de apresentar uma visão de como são realizada as aulas.

RESULTADOS:

Após termos caracterizado o Instituto Padre Miguelinho e aplicado os questionários com os professores, alunos e direção, pode-se comprovar que a metodologia utilizada em sala é bem tradicional e que não há uma infraestrutura que atenda adequadamente aos estudantes. Está é, infelizmente, a realidade das escolas publicas e um reflexo da política educacional que não privilegia a educação básica dos Norte-rio-grandense.

Outro ponto que chama bastante atenção se faz quando os alunos sugerem no questionário novas metodologias e materiais mais atualizados para dinamizar as aulas. O que evidencia que o ensino de geografia no Instituto corresponde a realidade explicitada anteriormente das escolas publica.

Na tentativa mudar esse quadro do Instituto Padre Miguelinho, foram tomadas como medidas, inicialmente, as aulas de reforço e a construção de materiais didáticos que possam dinamizar as aulas. Porém essas medidas não funcionaram na escola, pois os alunos não participaram das aulas de reforço em geografia. Isso se deu por que os alunos afirmam não ter dificuldades em geografia o que resulta em pouca dedicação por parte deles para a disciplina. Mas, contrariamente a essa justificativa dos alunos está comprovada em outras questões que os alunos não dominam os conceitos de geografia entre outros assuntos tratados pela disciplina.

Outro ponto negativo é a não participação dos professores de geografia com os bolsistas na tentativa de mudar essa realidade. O que dificulta a realização do projeto na escola, pois são os professores que vivenciam as praticas em sala com os alunos e são para eles que os materiais são elaborados, ou seja, sem a parceria com os professores de geografia não há como mudar essa realidade.

Porém, em seu primeiro ano na escola o Programa alcançou as metas estabelecidas que eram caracterizar as escola, conhecer a realidade dos profissionais e estudantes da escola. O que resultou na identificação dos pontos que devem ser abordados de agora em diante.

 

CONCLUSÃO:

Ao final desta pesquisa ficou evidente a necessidade de se (re)pensar uma nova pratica metodológica no ensino de geografia no Instituto Padre Miguelinho,pois como já evidenciado, a metodologia utilizada é bem tradicional. É imperativa a necessidade de se pensar estratégias que posam dinamizar as aulas de geografia, com o intuito de mudar essa realidade no Instituto Padre Miguelinho, para que assim a geografia possa colaborar para o surgimento de cidadãos mais críticos e conhecedores da sua realidade.

Mas para que isso de fato possa acontecer torna-se necessária a participação de todos que fazem parte do processo de ensino-aprendizagem dos estudantes desta escola e que haja uma maior consciência no ato de educar. E por ultimo conclui-se que o programa apesar de ter cumprido com as metas estabelecidas, não pode, por causa da não integração entre professores e bolsistas, participar ativamente e colaborar com o processo de ensino-aprendizagem realizado na escola em tela. Torna-se necessário haver uma maior articulação entre bolsistas, professores, estudantes, dirigentes da escola, pais e comunidade em geral, pois apenas com esta integração e planejamento é que essa realidade possa ser mudada e o programa possa de fato a cumprir os seus objetivos.

 

Instituição de Fomento: CAPES
Palavras-chave: PIBID, Ensino de Geografia, Metodologia.