62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 6. Educação Especial
DANÇA E INTERAÇÃO SÓCIO-AFETIVA DE CRIANÇAS E JOVENS COM SÍNDROME DE DOWN
Suelen Rejane Lima Sales de Sena 1
Ana Cristina Almeida Simon 2, 1
1. Departamento de Educação, Universidade do Estado da Bahia/UNEB, Campus II
2. Profª Esp./Orientadora
INTRODUÇÃO:

O modelo vigente de sociedade está vinculado à ideologia do belo e perfeito. Nesta perspectiva, muitas pessoas são excluídas pela sociedade, por não apresentarem os padrões estéticos ideais exigidos. Inseridas nesse grupo, estão aqueles que possuem algum tipo de necessidade especial, como por exemplo, as pessoas com Síndrome de Down (SD).

Além das complicações orgânicas as pessoas com SD, geralmente, convivem com um distanciamento das atividades sociais. Nessa perspectiva, a dança se constitui um conteúdo ideal para ser desenvolvido na escola, pois permite aos seus participantes vivenciar experiências que os ajudarão fazer uma leitura crítica do seu modo de vida.

Esta pesquisa buscou analisar como ocorre a interação sócio-afetiva através da dança com crianças e jovens com SD, no grupo de alunos da APAE, do município de Alagoinhas-Ba. Tendo como objetivos identificar, descrever e avaliar as mudanças ocorridas nos comportamentos, no âmbito sócio-afetivo, referentes às relações interpessoais dentre os membros do grupo.

São poucos os trabalhos que contemplam a dança e interação sócio-afetiva de crianças e jovens com SD, principalmente quando se refere especificamente a Educação Física. Essa questão constitui um grande desafio de estudo e pesquisa para os educadores dessa área.

METODOLOGIA:

Trata-se de uma pesquisa-ação, que utiliza a abordagem de cunho qualitativo na coleta e na análise de dados. Os procedimentos foram realizados em três etapas: observação, oficina de dança e entrevista.

O grupo estudado se constituiu de dezoito alunos, de ambos os sexos, com idade entre 10-20 anos, do turno vespertino, atendidos pela APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) de Alagoinhas-Ba, o grupo formado possui sujeitos com diferentes tipos de deficiência, sendo que estas geram graus diversos de comprometimentos, mas o foco da pesquisa centrou-se naqueles com SD.

Esse campo de estudo foi escolhido por permitir trabalhar e relacionar as áreas de interesse (dança, educação e educação especial) de forma significativa e proporcionar aos alunos da instituição aproximação das atividades corporais, por meio da dança, uma vez que lá não existe a presença de um professor de Educação Física.

Foram realizadas dez oficinas de dança, nas três primeiras foram feitas reconhecimento e observação do grupo, da quarta à sétima oficina, o trabalho foi construído e desenvolvido, e nas três oficinas finais foram feitas a conclusão e avaliação da experiência.

As aulas eram realizadas na "brinquedoteca" da instituição, por não disponibilizar de espaço adequado, com suporte do aparelho de som da mesma.

RESULTADOS:

Na análise de resultados, das dez oficinas de dança realizadas, encontrou-se um grupo que possuía um convívio social com vários problemas, a respeito das relações que envolviam interações físicas humanas.

Além de avaliar mudanças ocorridas no campo sócio-afetivo, referentes às relações interpessoais dentre os membros do grupo, pode-se também concluir que, até a oficina nove, os alunos apresentaram significativas mudanças em suas relações interpessoais. Isso possibilitou melhorias no convívio diário escolar, na assiduidade e pontualidade nas aulas, assim como no desenvolvimento do trabalho da instituição.

Dessa forma entende-se que a dança trouxe para a realidade educacional da APAE, perspectivas diferenciadas, permitindo aos seus alunos experimentar/vivenciar a dança sem rigor técnico, a partir da compreensão de possibilidade de mudar a realidade dentro de um viés lúdico, cognitivo e afetivo, no qual se permite variadas experiências de ensino-aprendizagem.

No que se refere ao entendimento e compreensão sobre as práticas corporais para pessoas com necessidades educacionais especiais, falta capacitação profissional das professoras. Isso ficou claro em algumas posturas, frente à forma de se trabalhar com a questão das habilidades dos alunos, na qual, até o momento se priorizava a destreza técnica.
CONCLUSÃO:

A partir do entendimento sobre a perspectiva da dança escolhida para essa intervenção, a dança/educação, em que suas propostas possibilitam um desenvolvimento no contexto educacional, tendo em vista, socializar seus conteúdos de forma integrativa, reflexiva, criativa, crítica, social e cultural, é que se percebe sua relação no processo de formação do cidadão.

Envolvido nesse processo, o presente estudo, teve como objetivo pesquisar a relação da dança e as interações sócio-afetivas de crianças e jovens com SD.

Portanto, o que se pode perceber é que os objetivos propostos foram alcançados, porém outras necessidades foram percebidas durante o processo, por isso, faz-se necessário pensar uma proposta teórica-político-metodológica para a APAE - Alagoinhas, que contemple desde a formação continuada das professoras e estrutura física, até reforma no projeto político pedagógico da escola, na qual será necessário proporcionar para os alunos práticas corporais que possibilitem seu desenvolvimento nos aspectos físicos, motores, sociais e cognitivos de forma lúdica. Contudo é importante, viabilizar outras pesquisas, que possam aprofundar os conteúdos utilizados nesse trabalho, a fim de produzir e socializar mais construções, relevantes no contexto social, ampliando os horizontes do conhecimento.

Palavras-chave: Educação, Síndrome de Down, Dança.