A Evolução é o estudo da história da vida e dos processos que levam a sua diversidade, ocupando por isso uma posição central dentro das Ciências Biológicas, uma vez que sua compreensão é necessária para o entendimento de uma série de conceitos e processos biológicos. Em todo o campo das Ciências Biológicas a perspectiva evolutiva fornece uma estrutura útil, muitas vezes indispensável, para organizar, interpretar e fazer previsões. Apesar de seu papel central e de seu reconhecimento como eixo integrador dentro das Ciências Biológicas, a Teoria Evolutiva ainda encontra entraves quanto à sua permeabilidade na sociedade. Nesse sentido, a complexidade e a abrangência do tema são apontadas na literatura como fatores que dificultam seu ensino-aprendizagem, em especial, no Ensino Médio. Conhecer a realidade do ensino de um tema ajuda na superação de eventuais equívocos e no reforço, aprimoramento e ampliação de práticas bem-sucedidas. Dessa forma, o presente trabalho faz uma análise da compreensão que os alunos de uma escola pública do Ensino Médio do município de Chapadinha/MA têm a respeito da Teoria Evolutiva, visando descrever parte da realidade do tema em sala de aula.

Informações acerca do conhecimento dos discentes sobre aspectos fundamentais da teoria de Darwin foram obtidas a partir de entrevistas semi-estruturadas realizadas com 60 alunos do 3ª ano do Centro Educacional Raimundo Araújo. Os questionários foram aplicados depois de o conteúdo ser ministrado pelo respectivo professor (a) e auxiliaram no estabelecimento das concepções dos discentes sobre o assunto. Como complemento à obtenção de informações pertinentes a este trabalho, as aulas de Evolução foram observadas e registradas, com gravador de áudio, com o consentimento por escrito do (a) docente responsável. Ao final, todos os dados obtidos foram tabulados com o auxílio do Microsoft Excel.

A análise dos dados mostrou que 58% dos estudantes entrevistados acreditam que a Evolução é controlada por algum agente sobrenatural (Deus), 25% responderam que ela não depende de forças divinas e 17% não sabem se há a participação de Deus no processo. Quando perguntados sobre o conteúdo da Teoria, 67% apontaram corretamente que a Teoria da Relatividade não tem relação com a Evolução, mas 33% responderam erroneamente que a adaptação e variação, importantes atores do processo evolutivo, não fazem parte do escopo da teoria. Pouco mais da metade dos alunos (58%) acredita no respaldo científico do evolucionismo e 33% responderam que não entendem ou não acreditam na teoria. Quanto aos alvos do processo evolutivo, apenas 8% disseram ser a população a entidade que evolui, ao passo que 25% relacionaram, incorretamente, a Evolução ao individuo. Os dados obtidos revelam alguns equívocos quanto ao entendimento do Evolucionismo por parte da amostra do corpo discente entrevistado, principalmente quanto aos seus mecanismos, sua validade científica e seu nível de atuação. Esta situação pode estar relacionada à forma como esse conteúdo é trabalhado em sala de aula pelo (a) docente, que nem sempre é graduado em Biologia ou áreas afins, o que reflete em uma formação acadêmica deficiente para tratar deste e de outros assuntos das Ciências Biológicas. Outras pesquisas realizadas sobre o ensino-aprendizagem da Evolução no Ensino Médio, como a que foi realizada neste trabalho, apontam para os mesmos problemas identificados. Dessa forma, são necessárias iniciativas que visem à implantação de práticas pedagógicas que contemplem de forma adequada a complexidade da Teoria Evolutiva, contribuindo assim para um melhor entendimento do tema por parte dos alunos, além de uma melhor formação acadêmica ao professor (a) de Biologia.

Neste trabalho, um pouco da realidade até então desconhecida do ensino-aprendizagem da Teoria Evolutiva em uma cidade do interior do Maranhão foi revelada pela primeira vez. Foram observados sérios equívocos que comprometem a compreensão de um tema integrador e transversal dentro das Ciências Biológicas, que compete para o entendimento holístico de um dos campos do saber do conhecimento humano.