62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 7. Educação Infantil
A MÚSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Teresa Régia Araújo de Medeiros 1
1. Núcleo de Educação Infantil - NEI-CAp/UFRN
INTRODUÇÃO:

Assim como outras áreas de conhecimento, a Arte é um importante componente do currículo para o desenvolvimento das crianças, uma vez que é um conhecimento constituído por linguagens que propicia o desenvolvimento do pensamento, sensibilidade, percepção e imaginação da criança, além de fazer com que ela compreenda questões sociais (PONTES, 2005).Nesse entendimento, consideramos a música uma linguagem capaz "de expressar e comunicar sensações, sentimentos e pensamentos, por meio da organização e relacionamento expressivo entre o som e o silêncio" (BRASIL, v.3, p.45).É uma linguagem artística que, como prática social e pedagógica, deve ser tratada como componente curricular e parte de um processo intencional e sistematizado na escola. Elegemos como objetivos específicos: possibilitar o desenvolvimento das capacidades das crianças de escutar, perceber e discriminar sons de fontes variadas; favorecer situações que vivenciem a imitação, criação e recriação de ritmos e movimentos; possibilitar momentos de apreciação de diferentes estilos musicais; explorar e identificar algumas características do som; interagir com os outros e ampliar seus conhecimentos de mundo; perceber e expressar sentimentos, sensações e pensamentos através das improvisações, composições e interpretações.

METODOLOGIA:

Esta prática pedagógica teve como sujeitos participantes 21 crianças com idades compreendidas entre 3 e 4 anos.Reservamos em nossa rotina semanal dois dias para realizarmos atividades de música de uma forma sistematizada, considerando três temas básicos para a musicalização ser desenvolvida: Ritmo e Movimento; Percepção e Apreciação Sonoras e Voz. Durante o desenvolvimento desse trabalho a metodologia utilizada consistiu em: Aulas dialogadas; Atividades individuais e em grupos; Aulas passeio.Entre as atividades propostas podemos citar: listar músicas apreciadas pelo grupo e cantar algumas, escutar e identificar  sons que estão ao nosso redor, escutar diversos estilos musicais, conhecer  instrumentos musicais com visitas de músicos e estudantes de música em nossa sala ou em visita à Escola de Música, apreciar as músicas, lendo e conversando sobre a letra, discutindo sobre o ritmo, criando movimentos na hora de irmos dançar e realizando marcações com a voz e instrumentos de percussão construídos por nós. Depois dessas vivências representamos esses momentos de forma oral, desenhando e escrevendo; dando um sentido e sistematizando o que foi experienciado.

RESULTADOS:

O contato com os objetos e partes do corpo, a descoberta dos sons produzidos por eles, suscitaram nas crianças interesse, curiosidade em ampliar este mundo sonoro, o que as levou realizar movimentos repetitivos e posteriormente de maneiras variadas, fazendo assim novas descobertas sobre seus efeitos.  Através dos sons e dos gestos produzidos e expressos pelas crianças, percebemos a comunicação delas com o mundo, valendo ressaltar que esta comunicação só é possível a partir da compreensão do significado desses sons e gestos, os quais são significados e ressignificados por um outro. Temos dado possibilidade para que as crianças desenvolvam o ouvir, tornando o seu " ouvido pensante", ou seja, sensível a música. Isto nos leva a refletir sobre o quanto não é verdadeira a crença do dom. A sensibilidade à música consiste num processo adquirido, construído de forma consciente ou não, onde a discriminação auditiva, a emotividade, de cada sujeito, são trabalhadas e preparadas de modo a reagir ao estímulo musical.

CONCLUSÃO:

A partir deste trabalho as crianças desenvolveram maior capacidade de escuta e de apreciação de  diversos gêneros musicais, assim como se apropriaram de alguns conceitos da linguagem musical. Elas ampliaram o seu universo de música e demonstraram estar mais sensíveis, percebendo o mundo com outro olhar, com outra escuta. Assim, consideramos que: O ensino da música deve fazer parte dos currículos desde a Educação Infantil, oportunizando uma educação musical para as crianças de 0 a 5 anos; para o ensino da música é necessário profissional habilitado, assim como recursos materiais; para os professores sem formação específica de música, as escolas devem oferecer cursos na área musical para que o trabalho a ser desenvolvido seja de qualidade; é preciso que nós, como educadores da infância, valorizemos e acreditemos que o ensino da música pode fazer diferença na vida das crianças, tornando-as mais sensíveis, mais espontâneas, mais críticas, mais cooperativas; enfim, mais humanas e mais cidadãs.

 

Palavras-chave: Educação Infantil, Musicalização, Movimentos.