62ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 3. Economia - 8. Economias Agrária e dos Recursos Naturais
VIABILIDADE ECONÔMICA E AMBIENTAL: ESTUDO DE IMPLANTAÇÃO DE BIODIGESTORES ANAEROBIOS EM CASAS DE FARINHA DO AGRESTE DE ALAGOAS
Pedro Tiago Freire Alencar 1
Vicente Rodolfo Santos Cezar 1
1. Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia de Alagoas/IFAL
INTRODUÇÃO:
O presente trabalho tem como intuito estudar a viabilidade de implantação de biodigestores anaeróbios comparado a técnicas tradicionais utilizadas nas casas de processamento da mandioca do agreste alagoano. A tecnologia do biodigestor é uma estratégia econômica e ambiental correta, integrada aos processos e produtos, a fim de otimizar o uso de matéria prima e minimizar ou reciclar os resíduos gerados no setor produtivo (EPELBAUM apud UNEP, 2002). O objetivo é reduzir custos no beneficiamento da farinha e amenizar os impactos ambientais causados na produção. Segundo Fioretto (1994), o processamento de uma tonelada de raiz de mandioca para obtenção de fécula, gera uma poluição equivalente à causada por 200-300 habitantes/dia, devido ao descarte indevido da manipueira. Sabendo, ainda, que a energia térmica utilizada no processo é oriunda da queima de lenha, que nem sempre é de procedência legal, provocando, assim, a destruição sem controle da flora local. O biodigestor surge como solução oferecendo uma tecnologia que pretende tratar o resíduo da produção, para que o efluente descartado se enquadre da na resolução CONAMA 357/05, resultando, também, na produção de biogás que será utilizado como parte da energia térmica, reduzindo o consumo de lenha.
METODOLOGIA:
A área de abrangência do estudo foi a Mesorregião do Agreste Alagoano que está localizada na área central do Estado de Alagoas. Em visita a casas de farinha para conhecer o processo produtivo, foram aplicados questionários elaborados, obtendo dados quantitativos e qualitativos sobre o processo produtivo de fabricação de farinha. Posteriormente, os dados foram analisados e determinados com valor energético necessário para fabricação de uma tonelada de farinha. Sabendo-se que um litro de manipueira biodigerida gera meio litro de biogás e 2,7kg de lenha equivale a 1m³ de biogás e que são usadas, em média, 2.100kg de madeira/dia. Com base nos dados, foi identificada a necessidade térmica, o valor gasto diário com aquisição de lenha e a quantidade gerada de biogás. Comparando ambos os processos e utilizando o método Índice Benefício/Custo (IBC), resultou na viabilidade econômica e ambiental em função da própria recuperação do investimento.
RESULTADOS:
A lenha utilizada na obtenção de energia térmica, por ser um recurso finito e cada vez mais escasso, vem sendo inflacionada, com isso, o custo de produção vem aumentando, reduzindo os lucros e encarecendo os produtos nas prateleiras do comércio alimentício. Os resultados encontrados na pesquisa demonstraram que os valores atuais da lenha, na região onde estão localizadas as beneficiadoras da mandioca, são elevados em relação a outras regiões do Estado. Sabendo-se também, através de pesquisas bibliográficas, que o biogás gerado pelo biodigestor supre de 25% a 30% da necessidade termoenergética das casas de farinha. Quando comparado o custo mensal da aquisição de lenha com o custo da implantação e manutenção dos biodigestores, verifica-se que esta tecnologia aplicada no processo produtivo da mandioca é viável não só economicamente, mas também ambientalmente. Estima-se que o valor de implantação, assim como a sua manutenção, se amortize em aproximadamente seis meses. Tal procedimento favorece, assim, a comunidade circunvizinha das casas de farinha, que convive, hoje, com o fétido odor da manipueira lançada de forma imprópria ao meio ambiente e deixa de impactar os solo e cursos d'água local.
CONCLUSÃO:
As estimativas apresentadas mostraram o elevado potencial de implantação do biodigestor anaeróbio nas casas de farinha, por reduzir os custos de produção com a lenha, oferecer o aproveitamento e tratamento da manipueira e atender a legislação vigente de descarte de efluentes, CONAMA 357/05, não impactando os cursos hídricos e solo local.
Palavras-chave: Digestão anaeróbia, Manipueira, Meio ambiente.