62ª Reunião Anual da SBPC |
B. Engenharias - 1. Engenharia - 13. Engenharia Sanitária |
CARACTERIZAÇÃO FISIOGRÁFICA DA MICROBACIA DO CÓRREGO DO CAJU, CUIABÁ - MT. |
Leandro Obadowiski Bruno 1 Felipe de Almeida Dias 1 Jeferson Farias Barizom 1 Alexandre Silveira 1 |
1. Universidade Federal de Mato Grosso |
INTRODUÇÃO: |
A caracterização fisiográfica de uma bacia hidrográfica consiste na descrição sucinta dos fatores topográficos, geológicos, geomorfológicos e de ocupação do solo intervenientes na geração de escoamentos e na determinação de coeficientes definidores da forma, drenagem, declividade da bacia, entre outros. A fim de entender as inter-relações existentes entre esses fatores de forma e os processos hidrológicos de uma bacia hidrográfica, torna-se necessário expressar as características da bacia em termos quantitativos. Para Villela e Mattos (1975), as características físicas de uma bacia constituem elementos de grande importância para avaliação de seu comportamento hidrológico, pois, ao se estabelecerem relações e comparações entre eles e dados hidrológicos conhecidos, podem-se determinar indiretamente os valores hidrológicos em locais nos quais faltem dados. Christofoletti (1970) ressaltou ainda que a análise de aspectos relacionados à drenagem, relevo e geologia pode levar à elucidação e compreensão de diversas questões associadas à dinâmica ambiental local. Neste sentido, buscou-se desenvolver a caracterização fisiográfica da microbacia do córrego do Caju com o intuito de subsidiar seu diagnóstico ambiental futuro, numa perspectiva de Gestão integrada e participativa. |
METODOLOGIA: |
A área de estudo compreende a microbacia hidrográfica do córrego do Caju, que está localizada na região nordeste da cidade, entre as coordenadas geográficas de 15°33'22" a 15°34'35" de latitude sul e 56°02'42"a 56°02'08" de longitude oeste de Greenwich, dentro do perímetro urbano de Cuiabá - MT. Os dados para a caracterização fisiográfica foram obtidos por meio da análise observacional da área de estudo e através de fórmulas explicitas, descritas por Tonello (2005). Foram realizadas ainda, consultas a órgãos da administração municipal, como o IPDU e a SANECAP, bem como à própria Prefeitura Municipal de Cuiabá, a fim de levantar dados da população e perfil socioeconômico dos bairros que compõe a bacia. Para a determinação dos limites da bacia hidrográfica, e seus aspectos físicos, topográficos e hidrográficos foram usadas imagens geradas pelos satélites da Digital Globe, disponibilizadas através do programa Google Earth (2010), que fornece a escala e cotas em relação ao nível do mar com uma precisão de 20 metros. Para editar as imagens de satélite foi utilizado o programa AutoCAD. Através dessa ferramenta foi possível levantar informações como a área e perímetro da bacia em questão. |
RESULTADOS: |
A microbacia em questão apresenta forma superficial regular, cujos coeficientes de compacidade e fator forma correspondem a 1,11 e 0,34, respectivamente. A avaliação destes atributos permite inferir que o coeficiente de compacidade próximo à unidade e o fator de forma menor que a unidade são indicativos de uma bacia com menor tempo de concentração, maior possibilidade de ocorrência de chuvas intensas e com maior tendência a enchentes. Com relação à extensão, o córrego do Caju possui aproximadamente 2,45 quilômetros de comprimento, dos quais, aproximadamente 70 % é canalizado e parte retificado. Aplicando-se a classificação de rios, segundo Christofoletti (1974, 1980), verifica-se que a microbacia é enquadrada em drenagens de primeira ordem, o que reflete uma bacia com pequeno grau de ramificação. O tempo de concentração, ou seja, o tempo necessário para que toda a bacia contribua para a sua saída após uma precipitação foi 34,5 minutos. Quanto maior o tempo de concentração, menor a vazão máxima de enchente, se mantidas constantes as outras características (Villela e Mattos, 1975). |
CONCLUSÃO: |
A análise dos dados e a interpretação dos resultados obtidos nas condições atuais permitiram concluir que a microbacia hidrográfica do Caju possui forma circular, tempo de concentração elevado e alto índice de impermeabilização do solo, evidenciando maior risco de cheias em condições normais de pluviosidade anual. O córrego do Caju segue praticamente a linha do talvegue, uma vez que apresenta baixo grau de sinuosidade, o que pode ser explicado pela retificação e canalização realizado em seu leito. Detectou-se a ausência de planejamento do uso e ocupação do solo. Desse modo, a utilização de dispositivos alternativos de drenagem que promovem a redução do escoamento superficial na fonte, a implementação de monitoramento hidrológico e de pluviosidade no local, são alternativas viáveis para a tentativa de regularização da vazão na microbacia. Ressalta-se, entretanto, que este trabalho trata basicamente de uma descrição dos dados disponíveis, sem a preocupação de tentar explicar as causas de certas variações e tendências que podem ser visualmente percebidas. Diante do exposto, fica claro que estudos mais específicos e aprofundados devem ser conduzidos no sentido de correlacionar o comportamento hidrológico da área com as variações climáticas e a utilização do solo e dos recursos hídricos da bacia. |
Instituição de Fomento: CAPES |
Palavras-chave: Microbacia Hidrográfica, Caracterização Fisiográfica, Recursos Hídricos. |