62ª Reunião Anual da SBPC |
E. Ciências Agrárias - 2. Engenharia Agrícola - 4. Engenharia de Água e Solo |
ESTIMATIVA DO RISCO POTENCIAL DE CONTAMINAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS NO MUNICÍPIO DE TIANGUÁ - CE, COM APLICAÇÃO DO ÍNDICE DE GUS. |
Allyne Ferreira Gama 1 Thiciana Guedes Canuto 1 Francisco Maurício de Sá Barreto 1 |
1. Instituto Federal de Educação Tecnológica do Ceará |
INTRODUÇÃO: |
A busca pelo aumento do modo de produção agrícola buscou técnicas de plantio diferenciadas fazendo uso de agrotóxicos, com a finalidade de minimizar as perdas na produção. Porém, quando utilizadas em horizonte temporal podem trazer danos imensuráveis ao meio ambiente (CANUTO; GAMA; BARRETO, 2009). Dependendo de suas características, os pesticidas podem permanecer em diferentes compartimentos ambientais, tais como atmosfera, solo, água de superfície e subterrânea. Através das suas propriedades físico-químicas, pode-se estimar seu comportamento no meio ambiente, desde a aplicação até o destino final. (CABRERA, 2008). Com o objetivo de indicar quais compostos apresenta risco potencial de contaminação das águas subterrâneas na área de pesquisa segundo critério do índice de GUS. Esta pesquisa se justifica pelo índice de GUS permitir uma avaliação preliminar do potencial de contaminação dos recursos hídricos por agrotóxicos - o que é muito vantajoso -, uma vez que a quantificação destes compostos na água envolve métodos analíticos complexos e caros, sendo de suma importância a identificação inicial dos mesmos, para que sejam priorizados no monitoramento "in loco". |
METODOLOGIA: |
Tianguá está a noroeste do Estado do Ceará e parte do seu território encontra-se na serra de Ibiapaba. Possui uma área de 854 km2. A economia do município se baseia principalmente nas atividades de agroindústria. Suas vias de acesso são pela BR 222, CE 187 e CE 241. De uma maneira geral, pode-se dizer que os solos são apropriados para cultura hortifrutigranjeira e pecuária. O banco de dados gerado por Barreto (2006) foi elaborado através de informações da Secretaria de Saúde do município de Tianguá - 2004, dados das cooperativas agrícolas da região e da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará - EMATERCE e serviram de subsídio para esta pesquisa. O índice de vulnerabilidade de águas subterrâneas (GUS) foi aplicado para avaliar o risco de contaminação das águas por agrotóxicos. Para a sua aplicação são utilizadas as propriedades físico-químicas de coeficiente de adsorção à matéria orgânica (KOC) e meia vida no solo (t1/2) dos agrotóxicos e calculada a equação de GUS = log (t½ solo) x (4 - Log (Koc)). O enquadramento varia de acordo com sua tendência de lixiviação: GUS < 1,8 - não sofre lixiviação; 1,8 < GUS < 2,8 - faixa de transição e GUS > 2,8 - provável lixiviação. |
RESULTADOS: |
Segundo Barreto (2006), a Serra da Ibiapaba, é considerada como um dos maiores consumidores de agrotóxicos do Estado do Ceará. Somente no município de Tianguá, estão cadastrados a utilização de 37 pesticidas diferentes. Em relação à toxidade, 43% dos insumos analizados pertencem as classes I e II: considerados de elevada toxidade. Sendo os organofosforados, os pesticidas de maior aplicação na região. Segundo o índice GUS, cerca de 22% dos agrotóxicos utilizados na região oferecem risco de contaminação de águas subterrâneas, uma vez que foram classificados como: prováveis de sofrer lixiviação; e na faixa de transição, aproximadamente, 57% dos agrotóxicos investigados não oferecem riscos de contaminação, pois se encontram classificados como não lixiviador e cerca de 21% dos insumos não foram encontrados os dados físicos e químicos na literatura consultada, não sendo possível classificá-los. Os resultados qualitativos de GUS corroboram com as determinações analíticas realizadas por Barreto (2006) para os herbicidas atrazina e simazina, já que estes se revelaram como potencialmente poluidores de águas subterrâneas conforme o índice de GUS apresentando valores maiores do que 2,8. |
CONCLUSÃO: |
Com base nos resultados do Índice GUS, constatou-se a necessidade de priorizar o monitoramento in loco dos seguintes agrotóxicos: atrazina, metalaxil-M, metomil, metoxifenozida, monocrotofós, simazina, tebufenozida triclorfom, por apresentarem risco de contaminação de águas subterrâneas. O Índice de GUS possibilita estimar o risco potencial de contaminação das águas subterrâneas a partir de fontes difusas de contaminantes, quando há limitação de recursos financeiros para realização de medidas quantitativas e, priorizando o monitoramento in loco dos agrotóxicos que se apresentam como prováveis lixiviadores ou na faixa de transição. |
Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq |
Palavras-chave: Águas Subterrâneas, Agrotóxicos, Índice de GUS. |