Visando atenuar os problemas habitacionais enfrentado pela população de baixa renda e estimular a educação ambiental através da reciclagem do coco, é desenvolvido um projeto de pesquisa sobre o aproveitamento da fibra de coco seco como matriz de reforço na confecção do tijolo de solo-cimento. As dificuldades enfrentadas pelos programas de habitação popular podem ser reduzidas com os resultados desse projeto que consegue conciliar baixo custo dos materiais, facilidade na fabricação do tijolo, não consumo de energia elétrica e a praticidade no processo de fabricação podendo ser realizado em escala industrial ou mutirão. Esta pesquisa ajuda a resolver o grave problema ambiental que enfrentam as grandes cidades litorâneas com acúmulo de coco nos lixões, a decomposição do coco pode levar até doze anos. As características da fibra de coco e seus fatores técnicos específicos comprovados em estudos científicos confirmam as vantagens no aproveitamento desse vegetal. A grande quantidade de solo argilo-arenoso é fundamental no projeto do tijolo, favorece a produção sem uso de forno para queima, pois a argila e o cimento juntos secam com facilidade.

Os estudos mostram a estrutura da fibra de coco definida como um conjunto de até duzentas células individuais (as microfibrilas) e o solo um material (argilo-arenoso) de fácil obtenção nas regiões do Brasil. No tratamento das fibras de coco e preparação do solo com cimento foram usados métodos convencionais. O tijolo de solo-cimento com fibra de coco passou por etapas fundamentais durante o processo de fabricação experimental como: no coco - desfibrilação, dessalinização e retirada de resíduos gordurosos imergindo-o em água fervente a cem graus de temperatura e após secagem são cortadas em pequenos pedaços sem adição de produto químico, sua resistência pode ser melhorada com um tratamento químico especial. No solo arenoso depois de destorroado e peneirado passou-se pelo teste do teor areia e argila (teste do frasco). Os traços para mistura dos agregados definidos pela Norma Técnica, pesados na balança de precisão, o solo, cimento, fibra de coco seco e água deu origem ao tijolo prensado em fôrma de madeira, curou-se em sete dias. Em seguida os ensaios de densidade, absorção, compressão e isolamento termo-acústico confirmou os resultados esperados.

As variáveis analisadas para que o tijolo de solo-cimento reforçado com fibra de coco seco possua condições de resistência, durabilidade e funcionalidade como elemento de vedação na construção de moradias oferecendo segurança ao morador estão calcadas na estrutura da fibra de coco que contém suas características técnicas e oferecem muitas vantagens como: baixa densidade, inodora, resistente aos fungos, baixo consumo de energia, reciclabilidade, excelente isolante térmico e acústico, etc. As possibilidades de redução na retração de água através de tratamento físico e químico podem ser controladas aumentando a aderência aos materiais poliméricos. A fibra do coco comparada às demais fibras vegetais como sisal, curauá, juta e outras usadas também como compósitos em matrizes cimenticias segundo os pesquisadores, oferece melhores resultados. De acordo com os ensaios realizados em laboratórios com os tijolos confeccionados os níveis de resistência atenderam as expectativas atingindo valores de dois a quatro Mega Pascal de resistência de acordo com os traços variados na mistura dos agregados solo-cimento-fibra de coco-agua, atendendo ao mínimo aceitável pela Norma Técnica que é de dois Mega Pascal.

O conjunto de elementos naturais e científicos colocados na execução desse projeto de pesquisa apresentou resultados importantes que garantirá uma produção de Tijolo de Solo-Cimento reforçado com Fibra de Coco podendo ser fabricados manualmente em áreas urbanas ou rurais e em produção industrial ambos com secagem natural, um tijolo ecologicamente correto. A resistência mecânica e o isolamento termo-acústico da fibra de coco seco agregada ao solo bem compactado e prensado podem ser produzidos com baixo custo e ótima qualidade. Portanto, é possível solucionar dois problemas cruciais: a carência habitacional e a redução de toneladas de coco nos lixões urbanos e rurais.