62ª Reunião Anual da SBPC |
C. Ciências Biológicas - 10. Microbiologia - 3. Microbiologia |
INFECÇÃO NOSOCOMIAL POR BACTÉRIAS MULTIRRESISTENTES: UM RELATO DE CASO |
Iana Rafaela Fernandes Sales 1 Anacássia Fonseca de Lima 2 Wheverton Ricardo Correia do Nascimento 1 Narjara Tiane Lopes Melo 1 Veridiana Sales Barbosa de Souza 1 Renato Cézar Wanderley Cunha Silva 3 |
1. Laboratório de Imunopatologia Keizo Assami-UFPE 2. Departamento de Antibióticos, Universidade Federal de Pernambuco 3. Departamento de Bioquímica, Universidade Federal de Pernambuco |
INTRODUÇÃO: |
A resistência microbiana é considerada um grave problema de saúde pública mundial. Em média |
METODOLOGIA: |
RELATO DE CASO: Homem, 48 anos, procedente de Ibimirim-PE. Referia dor abdominal em flanco direito irradiando para a região lombar direita. Foi verificado comprometimento da função do rim direito, problemas na próstata e dificuldade de micção. O paciente foi diagnosticado com IRC e iniciou hemodiálise secundária (HDS). Verificou-se diminuição da diurese (alteração da coloração e eliminação de secreção esbranquiçada), náuseas, vômitos, pielonefrite crônica e trombose de vasos centrais, o que levou a implantação de cateter supra-hepático para realização de HDS. A urocultura demonstrou presença de Klebsiella pneumoniae (200.000 UFC/mL), sensível a amicacina e imipenem, e Pseudomonas paucimobiles (800.000 UFC/mL), sensível a cefalosporinas e aminoglicosídeos. Inicialmente, o hemograma revelou anemia (Hb 7,6 g/dL, Ht 21,6% e 2.36 milhões/mm3 de Hemácias), posteriormente foi observado leucocitose (17.700/mm3) e neutrofilia (76,8%). O paciente fez uso de vancomicina, não havendo remissão do quadro. Em seguida, demonstrou sinais de peritonite, infecção ocular e sepse, devido ao uso do cáteter supra-hepático. O microrganismo responsável pela sepse foi o Staphylococcus aureus, sensível apenas a nitrofuratoína e vancomicina. O paciente evoluiu com piora do estado geral e óbito. |
RESULTADOS: |
As infecções nosocomiais são um problema freqüente que tende a aumentar o tempo de internação do pacientes e o índice de mortalidade. As infecções hospitalares são causa de grande preocupação das instituições de saúde e constituem um dos problemas mais graves que atingem os hospitais brasileiros, sobretudo os universitários. Em 1986, mais de 50% das cepas de S. aureus isoladas em hospitais da cidade de São Paulo eram resistentes à oxacilina. No entanto, também é observado, o aumento na incidência de infecções por Acinetobacter spp. e Pseudomonas spp. resistentes a cefalosporinas, carbapenêmicos, quinolonas e aminoglicosídeos. No ambiente hospitalar, os acessos venosos centrais podem ser utilizados por períodos prolongados. Isso aumenta muito a sua manipulação, elevando o potencial de colonização dos pacientes por microorganismos resistentes. No referido caso, o paciente apresentou piora no quadro de IRC, resultando em maior número de seções de hemodiálise e aumento de sua permanência no ambiente hospitalar. A piora do estado geral do paciente associada à exposição aos microorganismos, freqüentemente encontrados em infecções nosocomiais, favoreceu o surgimento de infecções localizadas e posterior sepse, demonstrando a fragilidade do seguimento às normas de biossegurança. |
CONCLUSÃO: |
A associação entre doenças crônicas, que debilitam o estado geral do paciente, e a exposição continuada a agentes infecciosos multirresistentes aumentam o risco de contaminação e subseqüente infecção no ambiente hospitalar. No presente estudo, foi observada a presença de microorganismos em sítios localizados e posteriormente na corrente sangüínea, demonstrando a presença da infecção hospitalar mais freqüente (sepse), a qual está associada a uma significante morbimortalidade. Para um adequado seguimento das normas de biossegurança já estabelecidas é necessária uma conscientização dos profissionais de saúde assim como dos familiares sobre importância de cada procedimento adotado, por mais simples que eles pareçam. A lavagem das mãos por profissionais, pacientes e visitantes, por exemplo, é uma das condutas clínicas essenciais e pode evitar substancialmente a ocorrência de muitas infecções. É também importante o uso adequado dos equipamentos de proteção individual e correto treinamento das equipes de trabalho, nas enfermarias e, principalmente, nas unidades de terapia intensiva, onde os pacientes encontram-se mais debilitados. Além disso, a implementação e intensificação de programas educacionais sobre a prática da biossegurança auxiliam a prevenção das infecções nosocomiais. |
Palavras-chave: Infecção nosocomial, Insuficiência Renal, Biossegurança. |