62ª Reunião Anual da SBPC |
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 3. Educação Ambiental |
"O rio está doente; e eu com isso!?": Pesquisa participante em uma escola da rede municipal de Recife. |
WILLIANY AMARAL 2, 1 MAYZA ALLANI DA SILVA TOLEDO 2 SEVERINO RAFAEL DA SILVA 2 |
1. Secretária de Educação Esporte e Lazer da Prefeitura da Cidade do Recife 2. Universidade Federal de Pernambuco |
INTRODUÇÃO: |
Essa pesquisa emergiu da necessidade de provocar reflexão quanto ao comprometimento que cada ser humano deve assumir junto à preservação ambiental, uma vez que a degradação do meio ambiente é uma problemática que atinge diretamente a população global. O objetivo foi fazer com que os indivíduos se percebessem enquanto agentes poluidores e se conscientizassem quanto à sua parcela de contribuição para a poluição existente, para a partir daí, refletir e realizar ações voltadas à redução da degradação ambiental. Partimos do princípio que tais ações, mesmo que individuais, propiciam o bem coletivo e mudanças de comportamento. A escola, enquanto espaço legitimado de educação é fundamental à mobilização dos diferentes sujeitos para qualquer tipo de transformação. Nesse sentido, analisou-se a importância da preservação do Rio Beberibe, visando uma melhor compreensão e conscientização dos estudantes quanto aos recursos naturais presentes na comunidade à qual estão inseridos. |
METODOLOGIA: |
A pesquisa foi desenvolvida em uma escola da rede municipal de ensino da cidade do Recife, localizada na comunidade de Beberibe, com uma turma do terceiro ano da educação básica, composta por dezesseis estudantes. Por se tratar de uma pesquisa participante, como define Pedro Demo, na qual os diferentes sujeitos tinham influência direta nas ações, foram adotadas técnicas de dinâmicas de grupo, debates temáticos e rodas de diálogo, semelhante ao que propõe Paulo Freire. A referida pesquisa se deu em quatro momentos distintos e co-relacionados, onde num primeiro momento buscamos analisar o contexto local e a situação do rio. Em seguida, propusemos uma atividade de observação do rio, para no terceiro momento identificarmos os agentes responsáveis pela degradação daquele recurso natural. Por fim, fizemos um panorama geral das ações cotidianas que tem influência direta na degradação do Rio Beberibe com o intuito de compreender a visão dos sujeitos da pesquisa quanto à problemática em questão, e por se tratar de uma pesquisa-ação também provocamos reflexões que impulsionassem ações concretas. |
RESULTADOS: |
O Rio Beberibe perpassa por bairros da periferia recifense, que na maioria dos casos são resultados de ocupações irregulares, sem ordenamento urbano e saneamento ambiental. Essa situação é comum nas grandes cidades brasileiras e tem ocasionado problemas diversos, dentre eles, a poluição dos rios. Ao compreender que o nível de degradação está também relacionado ao alto nível de consumo geral, pudemos refletir acerca das desigualdades sociais, sobre os problemas ambientais e, coletivamente, pensamos possibilidades individuais e coletivas de intervenção direta, a fim de modificar a situação do Rio Beberibe. De uma forma geral, os diferentes sujeitos da pesquisa analisavam a problemática existente como se em alguma medida também fossem responsáveis pela situação encontrada, o que desencadeou uma série de argumentos e, posteriormente, ações visando à minimização da degradação do rio. |
CONCLUSÃO: |
Apesar de um contato bem próximo com o Rio Beberibe, não havia, entre os sujeitos, uma reflexão mais crítica a respeito da relação existente com o rio em questão e suas consequências. Pôde ser percebido que, a partir das atividades realizadas, houve mudança na forma de encarar a relação com o rio e, consequentemente, com o meio ambiente. Os estudantes começaram a pensar ações de cunho individual, mas, sobretudo ações coletivas. Dentre as ações coletivas destacaram-se propostas de atos de protesto (tendo por alvo a prefeitura). Eles perceberam ainda que a ação individual pode envolver e conscientizar outras pessoas, o que, a longo prazo, pode gerar mudanças e benefícios coletivos. Essa compreensão, a idéia de conservação ambiental se estende a todo o planeta e não apenas às áreas circunvizinhas, aumentando então sua visão de mundo, sua conscientização e consequentemente seu poder de intervenção enquanto cidadão planetário. Concluímos que quando o indivíduo se descobre agente poluidor, consequentemente, ele se reconhece como responsável pela implementação de mudanças, a fim de preservar o meio em que vive. |
Palavras-chave: Educação, Intervenção, Meio ambiente. |