Este trabalho focaliza o uso e ocupação por moradores de rua no Viaduto Ulisses de Góis no bairro de Igapó na Zona Norte de Natal/RN, a partir do ano de 2002 até os dias atuais. Objetiva ainda identificar os reflexos sociais nessa área, evidenciando as implicações que estes moradores instalados sob o Viaduto representam frente à organização desse espaço, bem como as decorrências originadas pelos desdobramentos urbanos que permeiam este processo de forma desigual quanto às demais áreas de Natal - uma vez que torna a acentuar a segregação espacial e social nesse espaço urbano da cidade.

Para efeito de pesquisa, buscou-se utilizar estudos de caráter bibliográfico e documental, assim como a análise in loco (fotografias, questionários com perguntas indiretas), mediante o método de observação dos aspectos sócioespaciais que se mostram importantes para a compreensão do trabalho.

Os resultados trazidos pela pesquisa, apontam como um dos fatores determinantes para a ocupação do Viaduto Ulisses de Góis como forma de moradia, a questão da falta de manutenção do Viaduto, o que resulta no seu uso por moradores de rua que vêem a edificação como opção de habitação e acabam por se fixar no local. Além disso, esses casos se dão ou pelo não acesso desses moradores de rua aos seus direitos de cidadãos (por menores que sejam), como também por questões familiares ou pela falta de trabalho. Para tanto, as políticas sociais existentes não chegam a atingir de maneira eficiente a toda a essa parcela de moradores de rua, expressando, assim, a descontinuidade dos programas oferecidos a eles.  Por sua vez, o que se reflete na opinião dos pesquisadores é que a situação acaba por trazer um desconforto gerado para a população (comerciantes) das áreas adjacentes, bem como para à população residente, visto a desigualdade social e econômica que apresenta essa parte da Zona Norte de Natal.

A partir dessa investigação, nota-se que os efeitos na falta de infra-estrutura adequada para o Viaduto Ulisses de Góis na Zona Norte de Natal tem sido não somente espaciais e urbanos como também sociais. Evidencia-se, portanto, os contrastes entre os viadutos das demais zonas da cidade e o da Zona Norte, bem como a diferença de investimentos por parte do Governo, uma vez que tornam a priorizar a Zona Sul pelo padrão de vida já então estabelecido. Além disso, é possível observar que a urbanização da Zona Norte de Natal se deu de forma tardia e sem um planejamento concreto que beneficiasse a população desta localidade. Dessa forma, o Viaduto em questão torna-se alvo de pessoas que não possuem moradias e acabam por se instalarem no lugar por falta de opção. Logo, se faz necessário o investimento de políticas sociais precisas e eficazes que visem atender aos moradores de ruas alojados no Viaduto - por meio de programas de assistência social -, assim como, por outro lado beneficiar também o público da Zona Norte de Natal, resultando em um planejamento de fato mais adequado.