62ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 10. Comunicação - 2. Comunicação e Educação
EDUCAÇÃO AMBIENTAL: PRESSUPOSTO BÁSICO PARA A PREVENÇÃO DA POLUIÇÃO VISUAL DE ANÚNCIOS PUBLICITÁRIOS DA MÍDIA EXTERIOR: UMA EXPERIENCIA NO BAIRRO DE HIGIENÓPOLIS, CIDADE DE SÃO PAULO.
José Estevão Favaro 1
Petra Sanchez Sanchez 1
1. CCL - Universidade Presbiteriana Mackenzie
INTRODUÇÃO:
No ano de 2004, a poluição visual provocada pela mídia exterior na cidade de São Paulo, apresentava proporções grandiosas, submetendo diariamente o paulistano a um excesso de comunicação sobre marcas, serviços ou produtos. Pretendemos então verificar se a prefeitura do município perdera o controle sobre as empresas exibidoras e os locais onde a propaganda estava sendo exposta através dos diferentes formatos de comunicação, tais como cartazes, painéis, empenas e front-lights entre outros, assim como se os profissionais atuantes na área de mídia demonstravam desconhecimento sobre leis que regulamentavam a exibição desse tipo de mídia, além da falta de preocupação com o meio ambiente e com a qualidade de vida proporcionada pelo excesso de comunicação, devido a um fator relevante: a educação ambiental não ter sido devidamente aplicada nos cursos de publicidade e propaganda oferecidos pelas diferentes instituições de ensino superior onde haviam se formado, independente do fato de haver lei federal que regulamentava tal situação e recomendava em seu Art.10 que a educação ambiental devesse ser uma prática educativa integrada, contínua e permanente em todos os níveis e modalidades do ensino formal. (Brasil, Lei nº 9.795, de 1999, regulamentada em 25 de junho de 2002).
METODOLOGIA:
Desenvolveu-se um estudo de caso, onde foi postulado que a falta de conhecimento estaria na base do problema referente à questão da poluição visual na cidade de São Paulo como resultante da propaganda veiculada em mídia exterior. Foram alvo da pesquisa: profissionais de mídia; estudantes; intermediários na inserção de anúncios veiculados em mídia exterior - veículos de comunicação e representantes comerciais desse segmento; a prefeitura do município - responsável pela fiscalização e aplicação de multas àqueles que infringem a lei municipal e das diretrizes para ocupação do espaço urbano pela propaganda; a Associação de Moradores e Amigos do Bairro, que busca soluções reais para sua região; moradores do bairro, num total de 94 pessoas. Pela complexidade do problema e do tema proposto, optarmos por uma pesquisa qualitativa, porque de acordo com Triviños esse tipo de pesquisa não privilegia "modelos rígidos". Foram adotados alguns procedimentos tais como: elaboração de roteiro de questões específicas de cada grupo a ser pesquisado, partindo do geral para o específico; realização de pré-testes; aplicação do questionário individualmente. Os dados coletados durante as entrevistas foram gravados e posteriormente transcritos por segmento da população ouvida.
RESULTADOS:

Baseado na análise de conteúdo das respostas obtidas na pesquisa junto aos diferentes segmentos pode-se destacar: quanto à educação: a educação ambiental não é desenvolvida de forma integrada, contínua e permanente nos cursos de Publicidade e Propaganda pesquisados; os alunos desses cursos alegaram conhecer de forma "superficial" ou mesmo desconhecer a lei que regia a ordenação de anúncios na paisagem urbana; alegaram ainda fugir de sua alçada a possibilidade de mudanças na situação em que se encontrava o ordenamento de anúncios na paisagem urbana; quanto à fiscalização: morosa, ineficiente e a autuação ineficaz; a diminuição de locais seria benéfica para o negócio da propaganda; algumas associações se posicionam, isoladamente, em prol do combate à poluição visual; quanto ao relacionamento com a marca: a mídia exterior é utilizada em função do número de pessoas expostas a ela, da visibilidade que dá à marca e da rentabilidade que pode gerar; grande parte das pessoas sente-se incomodada com a concentração e ostensividade dos anúncios ao ar livre, mas não consegue perceber que esta é decorrência daquela; os profissionais da área de mídia e de mídia exterior pesquisados referiram-se a exemplos de cidades que venceram ou reduziram a poluição visual.

CONCLUSÃO:

A síntese dos aspectos apresentados, que representam as opiniões dos entrevistados, permite tirar as seguintes conclusões: A educação ambiental e a respectiva legislação não eram abordadas corretamente no que se refere à ordenação de anúncios na paisagem urbana porque não era fornecida informação suficiente aos alunos no que se refere ao combate à poluição visual provocada pela mídia exterior; A fiscalização por parte da prefeitura não era eficiente e os publicitários a ignoravam pelo fato de ser permissiva; Os consumidores, em grande parte, ainda não perceberam a relação entre situações estressantes provocadas pela concentração de anúncios ao ar livre e, conseqüentemente pela poluição visual. A falta dessa conscientização isenta os anunciantes poluidores dessa sua responsabilidade. Outra conclusão a qual se pode chegar foi que todas as partes envolvidas nesse estudo e que representam importantes segmentos de nossa sociedade e do próprio relacionamento desse mercado, estão imbuídas do sentimento de que a situação poderia e deveria melhorar. Todos se mostraram receptivos a mudanças, à redução de painéis, de quadros, enfim, da publicidade ao ar livre.

Instituição de Fomento: CAPES; Instituto Presbiteriano Mackenzie Mackpesquisa.
Palavras-chave: Educação ambiental, Poluição visual, Mídia exterior.