62ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia Florestal - 1. Silvicultura
BIOMETRIA DE SEMENTES DE Andira inermis (W. Wright) DC. subsp. inermis OCORRENTES NA AMAZÔNIA SUL-OCIDENTAL
João Ricardo Avelino Leão 1
Ary Vieira de Paiva 2
1. Acadêmico/Curso de Engenharia Florestal/CCBN-UFAC
2. Prof. Dr. em Recursos Florestais/Orientador/CCBN-UFAC
INTRODUÇÃO:

Por conta do enorme potencial biológico da floresta amazônica sabe-se que muitas de suas espécies ainda não foram estudadas e devido à grande diversidade biológica muitas ainda são desconhecidas. Diante da grande demanda por produção de mudas de essências florestais para projetos de recuperação de áreas degradadas, arborização urbana e paisagismo o estudo da biometria de sementes, propagação, germinação e crescimento de  espécies nativas torna-se imprescindível.

A espécie Andira inermis (W. Wright) DC. subsp. inermis (Fabaceae - Papilionoidea) é nativa do estado do Acre, possui grande porte, fuste reto, sendo indicada para recuperação de mata ciliar. Seu fruto é do tipo drupa, monospérmica e a síndrome de dispersão é especializada, sendo feita por morcegos frugívoros (quiropterocoria). Por isso, o nome do gênero é andira, pois em tupi andira significa morcego. As espécies arbóreas tropicais expressam grande variabilidade em relação ao tamanho dos frutos e número de sementes nos frutos, sendo assim, a biometria é um instrumento importante para detectar variabilidade genética dentro de populações de mesma espécie e as relações com os fatores ambientais, determinando matrizes com maior produtividade.

A biometria da semente também está relacionada a características da dispersão e do estabelecimento de plântulas sendo também utilizada para diferenciar espécies pioneiras e não pioneiras em florestas tropicais. Na maioria dos casos, para as espécies arbustivas e arbóreas existe antagonismo entre o tamanho das sementes e o número de sementes por fruto.

Diante do exposto e considerando a escassez de estudos sobre a espécie o objetivo do presente trabalho foi estudar as características biométricas das sementes desta espécie nativa.

METODOLOGIA:

            Foram coletados 400 frutos maduros de andira, também conhecida como sucupira ou angelim na região, em matrizes no Parque Zoobotânico (PZ) da Universidade Federal do Acre - UFAC no município de Rio Branco, Acre em Janeiro de 2009, sendo acondicionados em sacos plásticos e levados ao viveiro, onde permaneceram por uma semana em bandejas, á sombra, para o beneficiamento e análises.

           Após essa fase iniciaram as avaliações biométricas no laboratório de sementes do Parque Zoobotânico - UFAC. Inicialmente todos os frutos foram beneficiados, retirando-se toda parte carnosa com o auxilio de um canivete, porém só as sementes visivelmente sadias, sem deformações e perfuração por insetos foram utilizadas para o estudo, totalizando 380 sementes. A cor da semente é bruno-forte (7.5 YR 5/6), de acordo com o catálogo de cores de Munsell.

Para a determinação das dimensões (comprimento, largura e espessura), utilizou-se um paquímetro digital com precisão de 0,01mm e uma balança de precisão em milímetros para a obtenção da massa fresca. Os dados foram analisados em planilha eletrônica Excel. Para cada característica foram calculados a média, a mediana, a variância, o desvio padrão, valor mínimo, máximo e coeficiente de variação. Os dados foram classificados por meio de distribuição de freqüência e plotados em histogramas de frequência.

           

RESULTADOS:

De acordo com a estatística descritiva das dimensões e peso da massa fresca as sementes apresentaram as seguintes médias: 35,49mm, 30,37mm, 26,32mm e 14,18g quando ao comprimento, largura, espessura e massa fresca.

Para o parâmetro variância os resultados foram 9,85mm, 5,54mm, 5,51mm e 12,96g respectivamente.

O coeficiente de variação (CV) para comprimento, largura e espessura foi de 8,84%, 7,75% e 8,92%. Já a variável massa fresca obteve um CV de 25,39% sendo considerado alto.

Os resultados evidenciam que os parâmetros analisados apresentam uma variação considerável entre os valores de máxima e mínima, especialmente a massa que apresentou uma variação de 12, 96g. Esta variação pode estar relacionada à alta variabilidade genética entre as espécies de andira, podendo está variabilidade ser alvo de estudos futuros.

A maioria das sementes mensuradas (66,0 %) apresentou comprimento na classe dos 34-35 mm. Pelos resultados foi constatado que as sementes apresentam variações, principalmente, em comprimento.

Sendo assim, as sementes de maior tamanho foram mais bem nutridas durante o seu desenvolvimento, possuindo embrião bem formado e com maior quantidade de substâncias de reserva sendo, conseqüentemente, as mais vigorosas.

No geral, as sementes de maior tamanho têm sido correlacionadas com maiores taxas de crescimento inicial de plântulas, o que aumentaria a probabilidade de sucesso durante o seu estabelecimento, uma vez que o rápido crescimento de raiz e parte aérea possibilitariam à planta aproveitar as reservas nutricionais e hídricas do solo e realizar a fotossíntese.

 

CONCLUSÃO:

As sementes apresentam maior variabilidade nas suas características biométricas em relação à variável comprimento e peso da massa fresca.

Instituição de Fomento: CNPq/PIBIC
Palavras-chave: Espécie nativa, Sementes florestais, Andira .