62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 2. Ecologia Aquática
ESTUDO DA ICTIOFAUNA DAS PRAIAS DE PONTA NEGRA E VIA COSTEIRA, NATAL-RN, BRASIL, ATRAVÉS DE CAPTURAS COM REDE DE ESPERA E ARRASTO DE PRAIA.
Mauro Sergio Pinheiro Lima 1
Ana Luisa Pires Moreira 1
André Lamartine Homem de Siqueira 1
Liana de Figueiredo Mendes 1
1. Departamento de Botânica, Ecologia e Zoologia- UFRN- Natal/RN
INTRODUÇÃO:
As áreas costeiras concentram a maior biodiversidade do ambiente marinho. Neste grande bioma as estratégias de vida relacionadas à reprodução e sobrevivência das populações exibem padrões de escolha de áreas ideais para maximizar sua sobrevivência. Um padrão conhecido na comunidade de peixes marinhos é o povoamento preferencial em áreas profundas por peixes maiores ou adultos e de áreas rasas por peixes menores ou juvenis. Uma grande atenção é voltada para as áreas costeiras pelo fato de serem importantes no desenvolvimento de espécies de peixes, e também por seu constante uso humano. O presente trabalho efetuou o levantamento de espécies de peixes, descrevendo também parâmetros biológicos da ictiofauna da região costeira de Ponta Negra e Via Costeira.
METODOLOGIA:

As coletas de dados foram realizadas na Praia de Ponta Negra, entre o Morro do Careca, e Praia da Via Costeira, até o Morro de Mãe Luiza, na capital Natal, RN. As amostragens foram feitas a partir de capturas com rede de espera e rede de arrasto de praia. A rede de espera, com malha seletiva em torno de 40 a 50 mm entre nós opostos, foi utilizada a fim de capturar indivíduos maiores, em áreas mais profundas. O material coletado foi medido e identificado até o menor nível taxonômico possível. As amostragens com rede de arrasto de praia ocorreram acompanhando-se a pesca artesanal de arrastão realizada diariamente em Ponta Negra, por pescadores locais. Esta pesca utiliza redes de aproximadamente 100 x 3m e com malha variando entre 20 e 30 mm entre nós opostos. Os peixes foram categorizados em três classes de comprimento, sendo as coortes diferenciadas em jovens, subadultas e adultas. Devido à baixa captura com as redes de espera os dados foram apresentados apenas na forma descritiva, sem inferência ou testes estatísticos Para verificar a diferença entre as três classes de comprimento estimadas na pesca de arrastão foi utilizado o Teste de Turkey, e para variância, ANOVA. Também foi efetuada a análise da diversidade.

RESULTADOS:

Com a rede de espera, foram coletados 154 peixes, pertencentes a 26 espécies e 15 famílias. A Família Ariidae concentrou cerca de 30% do total de indivíduos capturados, seguida pelas famílias Scianidae, com 19% e Scombridae, com 16%. Dentre as famílias com maior importância econômica, Scombridae e Scianidae, foram as mais representativas nas capturas. A análise do tamanho dos peixes capturados mostra que a malha das redes selecionou principalmente peixes com 20 e 45 cm de comprimento total, correspondendo a 77% do total de peixes capturados. Com relação à pesca de arrasto, observou-se que a praia de Ponta Negra mostra-se dominada por poucas espécies de peixes, sendo 93% de todos os coletados distribuídos em apenas 6 espécies diferentes. O peixe-espada foi o mais representativo nesta pesca, apesar de seu baixo valor econômico. As espécies dominantes, com exceção do peixe-espada, estão entre os peixes de menor tamanho pescados nos arrastões. Foram registradas 18 espécies de maior interesse econômico, mas com pouca representatividade ou tamanho inferior a 15 cm. A comunidade de peixes da Praia de Ponta Negra possui baixa diversidade e nota-se que as classes de comprimento de maior abundância possuem baixa equitatividade, mas alta riqueza de espécies.

CONCLUSÃO:
A icitofauna observada neste estudo é composta tanto por peixes piscívoros, e também bentófagos e planctívoros. Apesar da diferença de apetrechos de pesca utilizados, houve uma predominância de peixes maiores em áreas fundas e peixes menores nas áreas rasas da zona de arrebentação. Além disso, espécies recifais foram registradas próximas a praia, indicando a presença deste tipo de ambiente na praia da Via Costeira. Vale salientar que os registros pontuais, desconsiderando a sazonalidade que interfere na ocorrência e abundância das espécies, não permite avaliações muito detalhadas. Entretanto, a despeito de tal consideração, os resultados possibilitam uma imagem da comunidade residente e transitória de peixes que habitam tal área. De acordo com o trabalho realizado recomenda-se que as áreas próximas à praia, onde há a predominância de peixes juvenis em zonas de arrebentação, assim como predadores de topo (peixe espada, guarajuba, peixe galo, pescada, serra, garacimbora), sejam asseguradas como áreas de grande importância para a preservação.
Instituição de Fomento: UFRN- LOC
Palavras-chave: Ictiofauna, Rede de espera, Rede de arrasto.