62ª Reunião Anual da SBPC
H. Artes, Letras e Lingüística - 3. Literatura - 1. Literatura Brasileira
POESIA NO JORNAL: MÁRIO FAUSTINO, PAULO LEMINSKI E AS MANIFESTAÇÕES CONTEMPORÂNEAS
Renato Medeiros Cordeiro 1
Gláucia Vieira Machado 2
1. Instituto de Ciências Humanas, Comunicação e Artes - UFAL
2. Profa. Dra. / Orientadora - Faculdade de Letras - UFAL
INTRODUÇÃO:

A história do jornalismo está intrinsecamente ligada à literatura. Durante o século XIX, época do surgimento da imprensa no Brasil, texto jornalístico e texto literário se confundiam. Além disso, a literatura produzida no país viu nos jornais um grande aliado, pois foi através da publicação em folhetins que romances considerados clássicos nacionais alcançaram um grande público.

O jornalismo era uma ferramenta importante para a construção do reconhecimento social de poetas e escritores, uma vez que ele dava espaço para a publicação de material ficcional e também publicava comentários sobre as obras. Entretanto, esse panorama começou a mudar quando os grandes jornais do Brasil da década de 1950 empreenderam reformas que os profissionalizaram e os tornaram empresas comerciais. Assim, o texto jornalístico ganhou um modelo a ser seguido para vender notícias mais facilmente e a literatura viu-se obrigada a migrar para os suplementos culturais.

Esta pesquisa buscou analisar como a relação entre jornalismo e literatura mudou a partir dessas transformações. Além disso, foi estudado como a poesia e a literatura estão inseridas atualmente na imprensa e na internet, mídia que, desde o seu surgimento, vem promovendo revoluções no jornalismo e na literatura.

METODOLOGIA:

Para que esta pesquisa fosse realizada foi preciso estudar a história do jornalismo cultural, a vida e a obra dos poetas Mário Faustino e Paulo Leminski e as possibilidades técnicas que a internet oferece para a produção e circulação da poesia e da literatura. Além disso, foi necessário entrar em contato direto com veículos culturais contemporâneos, como revistas eletrônicas, sites de jornalismo cultural e cadernos de cultura e suplementos literários de grandes jornais do Brasil.

Para que o estudo fosse feito, alguns artigos, livros e capítulos de livros foram lidos e a própria internet tornou-se a principal ferramenta que possibilitou o contato com textos acadêmicos que talvez um pesquisador nunca fosse ter conhecimento pelas vias tradicionais.

A pesquisa encontrou referências bastante específicas, espalhadas por universidades de todo o país e que possibilitam uma visão ampla dos temas estudados.

Já as afirmações sobre os cadernos de cultura contemporâneos foram feitas a partir de comparações com o conteúdo de seus similares do passado.

RESULTADOS:

O presente trabalho observou o papel do jornal impresso enquanto mídia alternativa para a publicação de poesia e literatura. Para isso, a pesquisa se focou nas atuações dos poetas brasileiros Mário Faustino (durante a década de 1950) e Paulo Leminski (durante a década de 1980), que publicaram, respectivamente, poemas e textos inéditos no Suplemento Dominical do Jornal do Brasil (SDJB) e no suplemento Folhetim da Folha de S. Paulo. Ambos se destacaram por explorar meios alternativos para a difusão de poesia e literatura experimental.

A partir da década de 1950, com as reformas no jornalismo impresso brasileiro, a literatura foi se restringindo aos suplementos culturais e literários. Em contrapartida, com as novas facilidades técnicas, surgiram iniciativas de publicações independentes de pequena tiragem, que tinham como foco a literatura experimental.

A chegada da internet ao Brasil, em 1995, representou uma fonte de novas possibilidades tanto para o campo do jornalismo cultural quanto para a literatura. Porém, de início, houve apenas a transposição da literatura produzida em papel para a internet. Os recursos que a internet oferece ainda foram pouco explorados artisticamente, embora já exista um movimento de experimentação poético-literário crescente no Brasil.

CONCLUSÃO:

A pesquisa conclui que a imprensa escrita tem papel fundamental na construção do reconhecimento social de escritores e poetas, pois permite que poemas, contos e romances cheguem mais facilmente a um número maior de possíveis leitores. Além disso, permite também que os leitores de jornal saibam mais sobre a vida desses autores. 

Entretanto, a pesquisa também aponta que o papel dos jornais nessa construção de reconhecimento vem diminuindo desde a década de 1950, quando os jornais brasileiros empreenderam mudanças que os transformaram em empresas empenhadas em vender notícias. Conclui-se ainda que a internet, surgida no Brasil na década de 1990, vem ocupando aos poucos esse papel, já que muitas vezes é na web que os novos escritores e poetas postam seus primeiros textos, ganham seus primeiros leitores, fazem contato com futuras editoras e até chegam a colaborar com veículos impressos.

Por último, ao estudar os recursos tecnológicos que a internet oferece, ficou claro que ela ainda foi pouco explorada artisticamente, mas que as iniciativas de experimentações poético-literárias na web estão aumentando e produzindo obras que investem na utilização desses recursos.

Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq
Palavras-chave: Experimentações poético-literárias, Jornalismo Cultural, Internet.