62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 7. Enfermagem
VIVÊNCIA DA MATERNIDADE DE ADOLESCENTES NO MUNICÍPIO DE UBAJARA-CE.
Samila Gomes Ribeiro 1
Aline Maria Diogenes Pessoa 1
Jordana Prado Benevides 1
Renata Maria Silva Santos 3
Andréa Carvalho de Araújo Moreira 2
Maria Adelane Monteiro da Silva 4
1. Depto de Enfermagem; Faculdade de Farmácia, Odontologia e Enfermagem/UFC
2. Especialista em Enfermagem Obstétrica; Mestranda em Saúde Pública -UVA
3. Enfermeira da ESF/Ubajara; Especialista em Saúde da Família
4. Dra/Orientadora; Bolsista de Pós-doutorado em enfermagem. CAPES/UFC
INTRODUÇÃO:

No início do século passado, era considerado acontecimento habitual para os padrões culturais e para os costumes vigentes, a gravidez na adolescência. Na atualidade, esse tipo de gravidez tem sido objeto de preocupação pelas repercussões que esta gestação pode impor à jovem mãe, principalmente de ordem psicológica e social, trazendo responsabilidade precoce, alto índice de abandono escolar e diminuição das chances de realização profissional, exigindo reajustes importantes na vida da mulher (BENZECRY, 2000). Dados comparativos do Censo Demográfico (IBGE, 2007), apontam que, quando se trata de jovens, na faixa etária entre 15 e 25 anos, houve um crescimento do número de filhos, diferente do que vem ocorrendo com a população geral.  Em virtude da atual política pública de saúde da atenção primária, que tem como base a Estratégia de Saúde da Família, o enfermeiro tem grandes oportunidades de intervir junto aos adolescentes. Portanto, objetivou-se investigar o sentimento existente durante a gravidez, parto e pós-parto; e conhecer as perspectivas dessas adolescentes após o nascimento do filho.

METODOLOGIA:

Pesquisa qualitativa do tipo exploratório-descritiva, realizada no período de abril a agosto de 2009, no município de Ubajara-CE. Participaram da pesquisa 12 (doze) mães adolescentes atendidas pela equipe do PSF deste município. Foram respeitados os aspectos éticos da pesquisa envolvendo seres humanos, de acordo com a Resolução 196/96, ressaltando-se a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido de todas as participantes do estudo ou dos seus responsáveis legais. Os critérios estabelecidos para definir a inclusão das mães adolescentes no estudo foram: ter um filho com no mínimo um ano de idade, pois acreditamos que nesse período já exista uma convivência entre a adolescente e o filho. Durante as visitas ao domicílio das adolescentes foram realizadas entrevistas utilizando um roteiro semi-estruturado. Em respeito ao anonimato foram atribuídos nomes fictícios de flores às essas mães adolescentes, razão pela qual passam a ser identificadas pelos seguintes nomes: Dália, Hortênsia, Jasmim, Margarida, Orquídea, Rosa, Tulipa, Violeta, Girassol, Lírio, Flor de Lis e Camélia.

RESULTADOS:

A partir do resgate dos depoimentos das adolescentes e com o processo reflexivo das informações obtidas chegaram-se as seguintes categorias: Sentimentos existentes durante a gravidez, parto e pós-parto; e Perspectiva de futuro depois da maternidade na adolescência. Quando as adolescentes foram questionadas sobre os sentimentos existentes durante a gravidez, parto e pós-parto, percebe-se a predominância da ansiedade durante o pré-natal, pois queriam conhecer o filho e saber se tudo ocorreria bem no seu nascimento. Além disso, relatavam a dor sentida durante o parto e a alegria após o nascimento do filho. Entretanto, algumas adolescentes referiram não ter sentimento algum pelo filho durante a gravidez, chegando a existir por algum momento a vontade de abortar, principalmente antes de expor a gravidez para a família. Ao se reportarem sobre o futuro depois da gravidez na adolescência, nota-se que as jovens mães não têm um planejamento da vida depois da maternidade, pois todas relataram de alguma forma a vontade de ter uma vida melhor, através do encontro da felicidade ou de trabalho, mas não se expressavam como fariam isso, apesar de seis delas confirmarem a importância do retorno dos estudos para conseguir um trabalho.

CONCLUSÃO:

A maternidade precoce é hoje bastante discutida em virtude do número significativo de adolescentes grávidas, tornando-se interesse da saúde pública, além das repercussões que traz a vida da jovem mãe. Através deste trabalho tentamos nos aproximar do real cotidiano vivido por essas jovens. Os dados mostram que todas jovens entrevistadas expressaram que a experiência da maternidade na adolescência mudou a vida por completo, pois com a maternidade abriram mãos de projetos e tiveram que deixar de realizar atividades de lazer que lhes proporcionavam satisfação. No entanto, estão cientes das mudanças, pois demonstravam dedicação e responsabilidade no cuidado do filho. Sabemos que são muitos os desafios para a adolescente mãe, sendo percebido que para uma boa assistência a essas adolescentes, o profissional deve considerar as mudanças e as descobertas pelas quais passa a jovem mãe. O contato com elas deve ser priorizado, atendendo as especificidades de cada uma, acolhendo-as e escutando-as com respeito, interagindo e demonstrando atenção, ajudando, assim, a melhoria da qualidade de vida depois da maternidade.

Palavras-chave: Adolescente, Maternidade, Enfermagem.