62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 1. Anatomia Vegetal
ANATOMIA. HISTOQUIMICA E ULTRA-ESTRUTURA DE FOLHAS DE Gomphrena virgata Mart. (Amaranthaceae)
Misléia Rodrigues de Aguiar Gomes 1
Sonia Nair Bao 1
1. Biologia celular, Instituto de Biologia, Universidade de Brasilia, UnB
INTRODUÇÃO:
  A família Amaranthaceae sensu stricto é formada por 71 gêneros e cerca de 1.000 espécies predominantemente tropicais, sendo 100 delas representadas no Brasil, 46 pertencentes ao gênero Gomphrena. Amaranthaceae tem importância econômica no Brasil, com 7 gêneros (Alternanthera, Amaranthus, Blutaparon, Celosia, Chamissoa, Gomphrena e Pfaffia) e 20 espécies com uso alimentício e/ou medicinal. Os gêneros com maior número de espécies economicamente importantes são Alternanthera, Amaranthus e Gomphrena. O objetivo deste trabalho é estudar a anatomia, histoquímica, ultra-estrutura das folhas de Gomphrena virgata Mart.
METODOLOGIA:
Para análise, folhas expandidas de espécies nativas do Cerrado foram coletadas na RECOR/IBGE e no Centro Olímpico da Universidade de Brasília (UnB). As folhas foram fracionadas para estudos anatômicos e para observação sob o Microscópio Eletrônico de Transmissão (MET). Para anatomia, a amostra foi fixada em FAA-70, cortadas a mão livre e testadas para amido, celulose, lignina, cristal, cutina e suberina. Para MET, amostra foi fixada em glutaraldeído + paraformaldeído em 0,05 M de tampão cacodilato de sódio, pós-fixadas em tetróxido de ósmio e ferricianeto de potássio, seguida de contrastação in block com 0,5% de solução de acetato de uranila, desidratada em uma série crescente de acetona e incluída em resina epóxi Spurr. Foram obtidos cortes semi-finos e ultra-finos em ultramicrotomo, com facas de vidro e diamante. Os materiais foram analisados sob o microscópio óptico Zeiss Axiophot e sob o MET JEOL JEM 1011.
RESULTADOS:
A espécie possui folhas simples, pilosas, anfiestomáticas, com epiderme unisseriada, mesofilo dorsiventral e feixes colaterais de menor porte envoltos em bainha parenquimática completa, caracterizando a síndrome kranz. A bainha parenquimática é incompleta na nervura principal. A epiderme de G. virgata possui cutícula espessa. A espécie apresenta drusas de oxalato de cálcio em células do parênquima paliçádico e lacunoso. Amido é encontrado apenas na bainha parenquimática e lignina impregna as fibras e elementos de vaso dos feixes vasculares. Nas células dos parênquimas paliçádico e lacunoso, os cloroplastos têm grana bem desenvolvida e raros grãos de amido, podendo apresentar retículo periférico pouco desenvolvido. Os cloroplastos da bainha possuem formato irregular, grande quantidade de grãos de amido e tilacóides estromais. Essas organelas estão próximas de uma maior quantidade de mitocôndrias e não apresentam retículo periférico.
CONCLUSÃO:
As folhas de G. virgata apresentam características esclerófilas, provavelmente devido à adaptação ao Cerrado. A anatomia e ultraestrutura das folhas são compatíveis com fotossíntese C4. A folha da espécie possui características anatômicas e ultraestruturais semelhantes às de outras espécies analisadas do gênero Gomphrena.
Palavras-chave: Gomphrena virgata, anatomia foliar, Amaranthaceae.