62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 3. Psicologia Clínica
ANSIEDADE E DESEMPENHO ESCOLAR EM UMA AMOSTRA DO ENSINO FUNDAMENTAL I DE NATAL.
Caroline Patricia Tavares Guerreiro 1
Pollyanna Ferreira Santana 2
Lúcia Maria de Oliveira Santos 2
Clarice da Paz Bezerra 3
Eulália Maria Chaves Maia 4
Neuza Cristina dos Santos Perez 5
1. Departamento de Psicologia, Universidade Potiguar - UNP
2. Departamento de Psicologia, Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
3. Depto. Psicologia, Faculdade Natalense para o Desenvolvimento do RN - FARN
4. Profa. Dra. - Departamento de Psicologia - UFRN
5. Profa. Dra./Orientadora - Departamento de Psicologia - UFRN
INTRODUÇÃO:
A literatura informa alta prevalência de dificuldades características do transtorno de ansiedade na infância e adolescência. Esses sintomas podem se agravar de forma progressiva durante o ciclo evolutivo causando prejuízo ao funcionamento psicossocial caso não recebam atenção adequada. Entretanto, por não perturbarem a dinâmica do ambiente familiar e escolar como o fazem as dificuldades relacionadas ao autocontrole dos impulsos, essas dificuldades geralmente passam despercebidas por pais e professores. Contudo, dependendo da freqüência, intensidade e severidade com que as dificuldades características do transtorno de ansiedade se dão, elas podem vir a prejudicar o desenvolvimento infanto-juvenil. Vale ressaltar que, apesar do impacto que tais dificuldades podem provocar no âmbito pessoal, social e escolar, ainda são escassas as políticas públicas voltadas para a saúde mental dessa população. Dessa forma, o objetivo desse estudo é descrever a porcentagem de crianças matriculadas em uma escola privada da região de Natal-RN que apresentam dificuldades características do transtorno de ansiedade e verificar se elas apresentam de forma concomitante desempenho escolar abaixo da média.
METODOLOGIA:
Este estudo encontra-se aprovado pelo Comitê de Ética da UFRN e faz parte de uma pesquisa mais ampla destinada a descrever os comportamentos apresentados pelas crianças matriculadas no ensino fundamental I das escolas públicas e privadas da região de Natal-RN. Essa primeira etapa é destinada à adaptação cultural das escalas a serem utilizadas nas etapas seguintes e o desenho de investigação é de tipo transversal com amostragem por conveniência, tendo como informantes a pais e professores. Os instrumentos que estão sendo adaptados culturalmente são as escalas Child Behavior Checklist 6-18 (CBCL 6-18) e Teacher's Report Form for ages 6-18 (TRF 6-18). A amostra em estudo é composta por 49 crianças matriculadas no ensino fundamental I de uma escola privada da região de Natal-RN. As crianças que apresentaram déficit mental importante, transtorno generalizado do desenvolvimento e aquelas que os pais não aceitaram participar do estudo foram excluídas da amostra. Os resultados a serem apresentados devem ser interpretados com reserva por se encontrarem superestimados. Tal limitação será discutida no próximo apartado
RESULTADOS:
Os resultados apresentados baseiam-se no informe dos pais acerca dos 49 participantes, dos quais 27 (55.1%) são do sexo masculino e 22 (44,9%) do feminino. Desses escolares, 24 (49%) apresentam dificuldades características do transtorno de ansiedade, não havendo diferença por sexo e 4 (12.3%) meninos tiveram desempenho escolar abaixo da média, sendo que 3 (75%) deles além do desempenho acadêmico abaixo da média também apresentaram de forma concomitante sintomas ansiosos. Observa-se uma maior prevalência de desempenho abaixo da média no sexo masculino, assim como nos casos de co-ocorrência com problemas de ansiedade. Como comentado anteriormente os resultados apresentados devem ser interpretados com reserva. A superestimação citada se deve a dois fatores, ao tipo de amostragem na qual se observou um maior empenho por parte dos professores para que os pais daquelas crianças que eles consideravam apresentar algum tipo de dificuldade participassem. E ao fato de que a aproximação diagnóstica ter sido realizada através dos informes de pais e professores, aumentando assim a probabilidade de falsos positivos. É importante destacar que está prevista a realização de uma entrevista clínica a todos os participantes do estudo em etapa posterior.
CONCLUSÃO:
A ansiedade é uma resposta biológica do ser humano frente a situações ameaçadoras, advertindo-o que há algo a ser temido. Não obstante, dependendo da freqüência e intensidade com que os sintomas ansiosos ocorrem, eles podem vir a afetar o funcionamento psicossocial e desempenho escolar desses jovens. Tais sintomas podem vir a prejudicar a qualidade das relações interpessoais, assim como o sentimento de autoeficácia dessas crianças. Esses escolares com o passar do tempo tendem a aprender a se perceber como socialmente inadequadas e incapazes de enfrentar os desafios inerentes ao ciclo evolutivo. A identificação e intervenção preventiva dessas dificuldades antes que se tornem crônicas, contribuirá a que essas crianças aprendam a utilizar seus recursos internos, aumentando seu sentimento de autoestima e autoficácia, sentindo-se capazes de superar as etapas críticas do desenvolvimento de maneira natural. Estudos de cunho preventivo com população não clínica são essenciais à promoção da qualidade de vida e do desenvolvimento infanto-juvenil saudável.
Instituição de Fomento: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), Programa Nacional de Pós-Doutorado (PNPD)
Palavras-chave: Ansiedade , Rendimento escolar, Idade escolar.