62ª Reunião Anual da SBPC

C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 1. Anatomia Vegetal

Variação na anatomia de plantas-mãe e soma-clones de Ananas comosus (L.) Merr. cv. pérola submetidas a estresse salino

Taffarel Melo Torres 1 Cibelley Vanúcia Santana Dantas 2 Isabele Aragão Gomes 2 Yuri Lima Melo 2 Cristiane Elizabeth Costa de Macêdo 3 Juliana Espada Lichston 4

1. Graduando - Departamento de Botânica Ecologia e Zoologia - UFRN 2. Graduado (a) - Ciências Biológicas - UFRN 3. Profa. Dra./Co-orientadora - Departamento de Biologia Celular e Genética - UFRN 4. Profa. Dra./Orientadora - Departamento de Botânica Ecologia e Zoologia - UFRN

INTRODUÇÃO:

A fruticultura irrigada é uma das atividade econômicas mais importantes do estado do Rio Grande do Norte. A produção de frutas de valores nutricionais elevados, boa aparência e alta durabilidade permitem um alto valor agregado, permitindo a competitividade no mercado comercial. O interior do estado do Rio Grande do Norte possui solos moderadamente salinizados que podem ultrapassar os 100mM de sais. Plantas cultivadas em ambientes salinos desenvolvem adaptações morfofisiológicas que permitem sua sobrevivência e reprodução. Ananas comosus (L.) Merr. é uma importante cultura no interior do estado conhecida popularmente como abacaxi. A produção atual é direcionada ao mercado interno e externo. O presente estudo visa evidenciar ou não, diferenças entre plantas-mãe e soma-clones da cv. Pérola, bem como verificar as adaptações morfológicas que permitem a sobrevivência do abacaxi cv. pérola em condições salinas.

METODOLOGIA:

As plantas-mãe e soma-clones oriundas do cultivo in vitro e possuiam 4 meses de idade. Essas foram posteriormente cultivadas em solução hidropônica de Hoagland e submetidas aos tratamentos salino (100 mM de NaCl) e controle (0 mM de NaCl) por 10 dias. Ao final dos 10 dias foram coletadas raízes e folhas separadas, em triplicata para cada tratamento, e em seguida fixadas em álcool 70% para a análise histológica. As plantas foram subemetidas a análise histológica. As secções transversais obtidas a mão livre permaneceram em solução de Hipoclorito de Sódio 1% para clarificação, e após enxaguadas com água destilada foram coradas com Azul de Alcian 1% e Safranina 1%. Os tecidos vegetais analisados e fotografados em microscópio óptico binocular.

RESULTADOS:

As raízes das plantas-mãe (controle) possuíam o cilindro central com arranjo estrelado; parênquima cortical lignificado com 4-8 camadas, seguido de parênquima não-lignificado; medula esclerenquimática; endoderme com reforço em U, bastante lignificada e com 0-2 células de passagem por secção. Os soma-clones das respectivas plantas apresentaram padrão histológico similar, apenas com menor nível de lignificação. As folhas das plantas-mãe (controle) possuem epiderme unisseriada, achatamento dorsoventral, ligeira lignificação, cutícula fina, tricomas nas duas faces, reforço em U na periferia foliar, hipoderme com 1-2 camadas, parênquima aquífero, mesofilo assimétrico no centro e simétrico na periferia. Os soma-clones têm aspecto similar, variando na presença de algumas glândulas de sal na periferia foliar e 1-2 camadas de parênquima aquífero. O estresse salino na raiz de plantas-mãe e soma-clones diminuiu a lignificação, aumentando a densidade de células de passagem e consequentemente a absorção água e sal do meio. Aparentemente a baixa lignificação das raízes pode ser compensada pelo aparecimento de grande quantidade de glândulas de sal nas plantas-mãe e soma-clones. Isso explicaria em parte a grande absorção de sal e sua secreção por essas glândulas.

CONCLUSÃO:

A presença de epiderme lignificada, reforço em U na folha, parênquima aquífero, hipoderme, etc. conferem a Ananas comosus (L.) Merr. a capacidade de sobreviver em ambientes sazonais. Essas características visam principalmente resistência a dissecação. Os soma-clones em tratamento controle possuem características que as plantas-mãe só desenvolvem em condições de estresse salino, isso pode conferir melhor adaptação ao semi-árido. A diminuição da lignificação das raízes é compensada pelo aparecimento de glândulas de sal na folha. Os soma-clones possuem características similares as das plantas-mãe, com intensificação de algumas características como a presença de glândulas de sal, mesmo quando as plantas não são submetidas a estresse salino.

Instituição de Fomento: EMPARN

Palavras-chave: Nordeste, Fruticultura, Anatomia.