A população da Grande Belém (Belém, Ananindeua, Marituba, Benevides e Santa Bárbara) no Estado do Pará tem crescido rapidamente. Este avanço tem reduzido drasticamente as áreas de florestas urbanas, modificando a paisagem, alterando as condições microclimáticas e afetando a qualidade de vida dos cidadãos.

Os impactos das ações antrópicas sobre os ambientes têm feito com que importantes ecossistemas sejam descaracterizados sem que se tenha conhecimento da sua estrutura e composição florística das espécies.

Das formações florestais originais da Grande Belém restam apenas fragmentos considerados como áreas críticas que necessitam de ações em curto prazo. O município de Marituba é o segundo mais afetado. Sua área de floresta foi reduzida a menos da metade (de 67,7 para 30,5 km²) no período de 1986 a 2006.

Objetivou-se, neste trabalho, analisar a composição de espécies arbóreas em um fragmento de floresta em Marituba no Pará, afetado por ação antrópica de baixo impacto, visando aumentar o conhecimento sobre a composição florística de fragmentos florestais urbanos da Grande Belém, bem como demonstrar sua importância e fornecer subsídios para a priorização deste a fim de conservá-lo como área de pesquisa e ensino.

A pesquisa foi realizada em um fragmento florestal urbano de terra firme, localizado em uma área pertencente à Estação de Recursos Genéticos de Cacau José Haroldo da CEPLAC (Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira) no município de Marituba, na Região da Grande Belém no Estado do Pará. O fragmento estudado está localizado em latitude 01°22'54" Sul e longitude 48°17'25" Oeste e mede aproximadamente 75 hectares.

Foram instaladas 3 (três) parcelas no sentido leste-oeste, medindo 10 m X  50 m cada, eqüidistantes 50 metros umas das outras, totalizando uma amostra de 1500 m². A localização e a identificação das plantas foram realizadas no período de 09 a 13 de novembro de 2009.

No inventário foram feitas medições dos indivíduos arbóreos com DAP - (Diâmetro à Altura do Peito a 1,30m do solo) ≥ 10 cm, e posteriormente, foram enumeradas para facilitar a identificação e a análise.

Devido à ausência de material fértil no período do inventário, foram analisadas estruturas dendrológicas macromorfológicas, tais como: tipo de copa, folha, filotaxia, estípulas, ócreas, glândulas, casca externa, casca interna e exsudações, entre outros. Esses caracteres foram comparados em herbário de referência do Museu Paraense Emílio Goeldi.

Através da descrição e análise de espécies arborescentes das três parcelas, foram registrados

76 indivíduos pertencentes a 32 espécies e 24 famílias botânicas.

Este resultado demonstra que há uma grande diversidade na área amostrada, haja vista que o Coeficiente de Mistura de Jentsch (QM) foi de 1 : 2,4. Quanto mais próximo da unidade mais diversificada é a vegetação, o coeficiente serve para dar uma idéia geral de composição florística da floresta, pois indica quantas árvores de cada espécie são encontradas, em média, no povoamento. Esta alta diversidade numa amostragem maior tenderia a diminuir.

Estudos de florestas tropicais de terra firme no Pará, em amostragens mais abrangentes, registram valores de diversidades em torno de 1 : 10.

Dentre as famílias com maior número de espécies, encontram-se: Sapotaceae (três espécies), Lecythidaceae (três espécies) e Myristicaceae (duas espécies).

Os trabalhos realizados na Amazônia têm registrado estas famílias entre as dez de maior ocorrência, ressaltando seu valor econômico para uso madeireiro, medicinal e importante fonte de alimento para o homem e para a fauna.

Entre as espécies mais comuns foram destacadas: Iryanthera paraensis Huber com sete indivíduos e Protium heptaphyllum (Aubl) Marchand com três.

Restam poucas áreas de floresta urbana no município de Marituba o que requer medidas preservacionistas em relação aos fragmentos remanescentes.

Na área estudada, foi possível constatar uma grande diversidade florística, apresentando famílias e espécies botânicas representativas da flora amazônica, demonstrando a importância deste fragmento como laboratório natural para estudos científicos e práticas acadêmicas de cursos relacionados às ciências biológicas.

A análise florística servirá de subsidio para propostas de manutenção da diversidade e sustentabilidade deste recurso natural.