62ª Reunião Anual da SBPC |
E. Ciências Agrárias - 6. Zootecnia - 4. Produção Animal |
AVALIAÇÃO DE BOAS PRÁTICAS EM UMA UNIDADE PRODUTORA DE FRANGOS DE CORTE NO RN |
Thomas Jefferson Alves dos Santos 1 Janete Gouveia de Souza 2 Ronymene de Melo Medeiros 3 Igor Rafael Soares Gonçalo 4 |
1. Zootecnista, bolsista do projeto CAJUSOL - FINEP 2. Professor Doutor da Unidade Acadêmica especializada em Ciências Agrárias - UFRN 3. Graduanda de Zootecnia UFRN, Bolsista CNPq 4. Zootecnista graduado pela UFRN |
INTRODUÇÃO: |
A avicultura mundial é exemplo de atividade agrícola e cadeia produtiva de sucesso. O trabalho competente de todos os segmentos reflete no extraordinário e constante crescimento da produção (TALAMINI et al, 2005). As principais regiões produtoras de frango no mundo, respectivamente, são a Ásia, América do Norte, Europa e América do Sul com 15% (Brasil com 14%) da produção (TALAMINI et al, 2005). No Brasil, a avicultura vem se colocando entre as mais desenvolvidas do mundo, basicamente por sua rápida absorção dos avanços tecnológicos alcançados por países que se caracterizam por possuírem uma atividade avícola muito desenvolvida (RICHETTI e SANTOS, 2003). Com todo esse crescimento na cadeia produtiva, as empresas brasileiras vivem uma situação de intensa busca por um produto uniforme de qualidade. Visando um melhor desempenho produtivo, os setores avícolas tem discutido a implementação de Boas Práticas de Produção (BPPs), principalmente para a avicultura de corte, devido a sua expressiva inserção no mercado internacional. Esta discussão é fundamental, não somente para disponibilizar nossos produtos para os mercados dos países desenvolvidos, mas fundamentalmente para que a avicultura nacional, cada vez mais, se perpetue como atividade produtiva de sucesso. Objetivou-se com a pesquisa avaliar a uma propriedade localizada no Rio Grande do Norte, no sentido da aplicação de um roteiro de verificação de boas práticas na produção de frangos de corte. |
METODOLOGIA: |
O roteiro foi empregado em uma propriedade no Rio Grande do Norte que possui 2,4 ha e situa-se na mesorregião Leste Potiguar e na microrregião Macaíba. Por conveniência foi escolhida um sistema produtivo no ramo da avicultura, a fim de se averiguar a utilização das boas práticas do sistema de produção de frangos de corte na região. O sistema de produção está direcionado unicamente para a criação de frangos, de forma intensiva. A pesquisa foi de natureza exploratória, empregando-se um roteiro da EMBRAPA, retirado da circular técnica 51 da Embrapa Suínos e Aves, segundo Ávila et al (2007). A coleta dos dados se deu no segundo semestre de 2009, sendo concluída em duas visitas. Na primeira visita foi entregue ao proprietário o questionário para que pudesse ser respondido pelo mesmo, na segunda visita foi realizada a vistoria por toda propriedade a fim de se verificar a veracidade das respostas. |
RESULTADOS: |
Na granja estudada, constatou-se a existência de mão de obra disponível e especializada, atendendo todas as práticas relativas ao sistema de produção. A atividade não possui licença ambiental, e pode se constatar que a unidade de produção não realiza o manejo adequado dos resíduos. Registros que comprovam a ações sanitárias não são realizados e nem mantidos na propriedade. Porém a propriedade poderia manter registros da administração dos medicamentos contendo, nome do produto, número do lote/partida, período de carência, período de tratamento, número de animais tratados, quantidade total de medicamento utilizado, período de tratamento, período de carência e nome da pessoa que administrou o produto. Com isso ocorreria um melhor controle sobre prevenção, controle e combate de doenças. Encontram-se disponíveis na propriedade registros do alojamento e desempenho produtivo do lote (número de aves, peso, consumo de ração e mortalidade).Com relação à inspeção técnica do plantel e das instalações, pode-se constatar a visita do médico veterinário responsável, por no mínimo duas vezes a cada lote. As aves da propriedade são adquiridas de incubatórios registrados no Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) e são vacinadas, estando todas livres das principais doenças de controle oficial, principalmente a doença de Marek. A cama do aviário não é reaproveitada na propriedade, como também não é feita a coleta e deposição de forma exigida por lei ou de forma adequada do lixo orgânico, inorgânico e veterinário gerados na atividade. Com relação à limpeza e desinfecção, a propriedade é bastante rigorosa, afim de evitar qualquer falha que possa comprometer os índices da produção. A higienização do aviário, equipamentos e demais dependências é realizada imediatamente após a saída do lote. Todos os utensílios utilizados no aviário são retirados e transferidos para local próximo, sem acesso a animais, facilitando a limpeza do aviário. A cama é totalmente removida, mas antes de ser reutilizada, deveria passar por tratamento para reduzir a carga microbiana, tal manejo não é realizado, uma vez que o resíduo é deslocado para outras propriedades. A lavagem do aviário e de todos os equipamentos (comedouros, bebedouros, telas, cortinas, paredes), é realizada com água sob pressão, e logo em seguida é realizada a desinfecção com desinfetantes comerciais apropriados. Os princípios ativos dos desinfetantes mais utilizados são: amônia quaternária, formol, cloro, iodo, cresol e fenol. Após a limpeza e desinfecção, o técnico realiza o vazio das instalações, deixando o aviário fechado por dez dias, sem aves. Uma nova desinfecção do aviário é realizada dois dias antes do recebimento das aves, essa desinfecção acontece após a distribuição de uma nova cama, seca, de boa procedência. Na granja não é utilizada rações prontas, as rações são produzidas na propriedade. A produção respeita os princípios de biosseguridade entre os quais a prática de alojamento "todos dentro todos fora" (all-in all-out), ou seja, as instalações são ocupadas por aves do mesmo lote no momento do alojamento e desocupada totalmente no momento da venda ou abate. Essa prática permite a higienização do aviário e o respectivo vazio que deve antecipar a entrada do próximo lote. Nesse período faz-se recuperação das instalações e dos equipamentos. A cadeia produtiva da avicultura de corte é, provavelmente, uma das cadeias produtivas brasileiras com maior nível de coordenação, conferindo-lhe grande competitividade no mercado mundial. Na propriedade a cadeia é iniciada com a compra de pintainhos com um dia de vida e provenientes de linhagens próprias para a criação, vindos de granjas matrizes. O transporte das aves é realizado em caixas plásticas com aberturas na parte superior (para a entrada de ar), forradas com papel picado. No momento da chegada, o espaço (aviário) destinado aos pintainhos é abastecido com ração para a fase inicial e os bebedouros abastecidos com água tentando amenizar o estresse sofrido durante a viagem. A maior preocupação é com o calor e o frio excessivos que são os maiores causadores de mortalidade nos primeiros dias de vida e que também merecem atenção durante a fase adulta, para isso são tomadas algumas medidas de precaução. Verificam-se cortinas, sistemas de ventilação e exaustão e aquecedores. A ração balanceada é desenvolvida na própria propriedade com o objetivo de oferecer todos os nutrientes importantes para a formação das aves, como também baratear custos. A venda é realizada ao atravessador chegando ao consumidor final através da feira livre da região e supermercados de bairros, ou diretamente ao consumidor final. O produtor obtém frango aos 42 dias de idade com peso vivo de 2.600g e conversão alimentar de 1,82. |
CONCLUSÃO: |
A propriedade vem se adaptando gradativamente às normas existentes no protocolo, fazendo com que haja uma diminuição nas perdas e um aumento na produtividade e por conseqüência nos lucros. Existem ainda muitas mudanças a serem realizadas na propriedade, porém, é evidente o empenho do produtor e de seus funcionários na tentativa de aperfeiçoar a produção. |
Palavras-chave: Boas Práticas, Manejo, Produção. |