O Projeto Político Pedagógico (PPP) é um documento baseado no registro das experiências vivenciadas e na síntese da programação das atividades para a escola (Padilha, 2006). Entende-se esse projeto como um processo que inclui a formulação de metas, movidas pelas utopias e criadas a partir de reflexões de ações anteriores para projeção de novas ações na busca de uma realidade transformadora. Como também a formulação do meio, criando e valorizando rotinas de trabalho pedagógico em grupo e a co-responsabilidade dos membros da comunidade escolar para além do planejamento de início de ano ou dos períodos de "reciclagem" (Padilha, 2006).

Acreditamos que o PPP é um guia para o planejamento de todo o processo de ensino-aprendizagem, sendo o mesmo consensual. Nele deve constar o posicionamento sobre as finalidades da educação escolar na sociedade e na escola; caracterização econômica, política e cultural do contexto em que está inserida a escola; características sócio-culturais dos alunos; normas gerais de funcionamento da vida coletiva e outros.

Frente ao exposto, analisamos o PPP de uma escola pública estadual de Recife-PE, buscando investigar se o mesmo visa, ou não, um resultado transformador para a escola.

O presente trabalho de pesquisa caracteriza-se como sendo de abordagem qualitativa. Esta, parte do fundamento de que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, uma interdependência viva entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito (Chizotti, 2003). O mesmo foi desenvolvido em uma escola pública estadual localizada no bairro de Dois Irmãos, que atende a uma população de classe média baixa, dispondo de turmas de ensino fundamental e médio

Recorremos à análise documental, neste caso do PPP da escola, e ao uso de entrevistas com os diversos segmentos da comunidade escolar no processo de coleta e análise de dados. Foram entrevistados: uma merendeira, dois professores, a coordenação pedagógica, um secretário e três alunos. As entrevistas foram gravadas e posteriormente transcritas.

A pesquisa documental recorre a materiais que ainda não receberam tratamento analítico, ou seja, às fontes primárias (Oliveira, 2007) e as entrevistas foram utilizadas porque permitem a interação entre o pesquisador (a) e o entrevistado (a) e a obtenção de descrições detalhadas sobre o que se está pesquisando.

No PPP da escola, havia a afirmação de que esse representaria a vida da escola. Realmente essa é uma das características do Projeto, mas foi constatado, através das entrevistas, um desconhecimento dos que deveriam ser atores do processo de construção do mesmo. Em outro trecho, o projeto afirma que as metas propostas não são utópicas, indo em direção contrária ao que nos diz Padilha (2006).

Também foi apontado nas entrevistas que possíveis intervenções propostas em sala de aula nunca entraram no projeto, o que contraria Krasilchik (2008), que diz que as ações realizadas devem ser sempre expostas e refletidas, para o alcance das metas.

Além disso, observamos a fragmentação do texto, a falta de dados sobre a continuação do processo ação-reflexão-ação, ausência dos problemas específicos da escola e de suas possíveis soluções; ausência dos aspectos positivos da escola e falta da participação de toda comunidade escolar na construção do plano.

De acordo com as análises feitas, percebemos que dificilmente este projeto cumprirá sua missão de transformar a realidade do grupo escolar, servindo simplesmente como um documento elaborado para o cumprimento de normas administrativas. Porém, a ação de planejar o Projeto Político-Pedagógico, não se reduz ao simples preenchimento de formulários para controle administrativo.

O Projeto Político-Pedagógico precisa partir da utopia de toda a comunidade escolar, precisa ser realmente conjunto e coletivo. Este parece-nos ser o caminho para efetivamente existir a construção de uma realidade transformadora.