62ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 3. Geografia Física
UM ESTUDO DA DEGRADAÇÃO AMBIENTAL DO MANGUEZAL NO ESTUÁRIO DO RIO PIRANHAS-AÇU, MACAU/RN
Edineide de Melo Bezerra 1
Jussiara Barbosa da Silva 1
Neana Karla Rodrigues 1
Francisca Eliane de Melo 1
Liliane de Lima Gurgel 1
Marcos Antônio Alves de Araújo 1
1. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte/IFRN
INTRODUÇÃO:
O manguezal é considerado um ecossistema costeiro de transição entre os ambientes terrestres e marinhos. Peculiar de regiões tropicais e subtropicais, este ecossistema está sujeito ao regime das marés, sendo formado majoritariamente por espécies vegetais típicas, as quais se associam a outros componentes vegetais e animais. No Brasil, os manguezais vêm se tornando, ao longo dos últimos anos, alvos de pressões antrópicas. Tais pressões, atreladas a outros fatores sociais e naturais, vêm provocando e acelerando o processo de degradação ambiental desse ecossistema. Sobre este processo, sabe-se que um ecossistema torna-se degradado quando ele perde sua capacidade de recuperação natural após alguma interferência em seu equilíbrio natural. Assim, sabe-se que a degradação ambiental é um processo de degeneração e deterioração da qualidade ambiental do meio, no qual os componentes biofísicos são alterados. Nesse sentido, tivemos como objetivo, neste trabalho, investigar o processo de degradação ambiental do manguezal encontrado no estuário do rio Piranhas-Açu, localizado no município de Macau/RN, destacando as principais atividades antropogênicas que vêm intensificando o desequilíbrio ambiental desse ecossistema e buscando alternativas que minimizem tais impactos ambientais.            
METODOLOGIA:
Na realização deste trabalho, utilizamos, como estratégias metodológicas, o reconhecimento da existência da problemática ambiental e do campo investigativo ao longo do estuário do rio Piranhas-Açu; levantamento de bibliografias sobre temáticas especializadas em degradação e impacto ambiental; leituras, discussões e reflexões teóricas realizadas em grupo; e pesquisas em sites de buscas e de consultas. Ademais, o trabalho foi desenvolvido através de observações in loco, registros fotográficos, adaptação de imagens cartográficas e entrevistas realizadas com os moradores e representantes do poder público municipal de Macau durante os meses de dezembro de 2009 e de janeiro de 2010. Além disso, utilizamos ainda, como suporte de pesquisa, alguns equipamentos, tais como: uma câmera fotográfica de 7.2 mega-pixels e um mp4 para a realização das entrevistas. Desse modo, procuramos diagnosticar e caracterizar as áreas estuarinas macauenses susceptíveis às pressões antrópicas, identificando e discorrendo sobre as principais atividades socioeconômicas que vêm causando os desgastes ambientais do ecossistema de manguezal encontrado ao longo do estuário do rio Piranhas-Açu. 
RESULTADOS:
O manguezal é caracterizado como um ecossistema de alta produtividade, complexo e frágil. Ele desempenha um importante papel como exportador de matéria orgânica para os estuários, contribuindo para a produtividade primária da zona costeira. É no manguezal que peixes, moluscos e crustáceos, de grande valor ecológico e econômico, encontram as condições ideais para a sua reprodução. No decorrer dos últimos anos, o crescimento desordenado da cidade de Macau e das comunidades localizadas nas adjacências do estuário do rio Piranhas-Açu vem acelerando os processos de degradação ambiental do ecossistema de manguezal. A ausência de um planejamento urbano e de um plano diretor da cidade contribui para a intensificação das problemáticas ambientais verificadas nesse ecossistema. O crescimento urbano aleatório da cidade de Macau e das comunidades circunvizinhas vem interferindo a dinâmica ambiental do manguezal. Ademais, os rejeitos sólidos e líquidos advindos das atividades desenvolvidas pelas empresas ligadas a extração de sal e a carcinicultura vêm ocasionando desenfreados impactos ambientais. O manguezal do estuário do rio Piranhas-Açu é também alvo de agressões ambientais causadas pelo transbordamento dos resíduos líquidos de uma lagoa de coleta de esgotos domésticos da cidade de Macau.
CONCLUSÃO:
O processo de urbanização e o crescimento demográfico da cidade de Macau são os principais responsáveis pelo desmatamento e aterramento da mata nativa de manguezal, provocando, entre outros impactos, a diminuição de sua biodiversidade. Além disso, as atividades socioeconômicas praticadas inadequadamente ao longo do estuário vêm pondo em risco a salubridade de todo complexo natural do manguezal, causando danos para a biota local. A destruição da mata nativa do manguezal vem prejudicando todo o funcionamento da dinâmica ambiental desse ecossistema, refletindo, inclusive, no bem-estar dos próprios habitantes do município de Macau. Diante dessas problemáticas ambientais vigentes nesse ambiente estuarino, faz-se necessário a elaboração e a materialização de um plano de desenvolvimento sustentável para esta área, no qual sejam contempladas as seguintes ferramentas de reordenamento territorial: um planejamento urbano adequado; um plano diretor real e justo; e um zoneamento ecológico-econômico eficiente, além da realização de constantes atividades de educação ambiental visando utilização adequada dos recursos naturais locais, garantindo, assim, o direito a todos de usufruir de um meio ambiente saudável e equilibrado, e de um espaço social justo e menos desigual.
Palavras-chave: Degradação ambiental , Estuário do rio Piranhas-Açu, Manguezal.