62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 7. Fisiologia - 3. Fisiologia de Órgãos e Sistemas
ESTUDO DA ATIVIDADE CELULAR E ESTRESSE OXIDATIVO EM FÍGADO DE PEIXES SUBMETIDOS A FATORES DE POLUIÇÃO AMBIENTAL NA REGIÃO DE SOROCABA-SP
Luciana Canabarro 1
Mércia Tancredo Toledo 1
1. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo-Centro de Ciências Médicas e Bioló
INTRODUÇÃO:

Atividades antrópicas geram uma quantidade significativa de poluentes que são lançados ao meio ambiente, muitas vezes ocasionando distúrbios ecológicos. Estes poluentes causam alterações biológicas em vários níveis: molecular, celular, tecidual, organismo, populações e comunidades. Entre os xenobiontes presentes nos ecossistemas aquáticos, inúmeros compostos químicos e orgânicos possuem um potencial oxidativo, ampliando o dano causado por espécies reativas de oxigênio (ROS). Desta forma, mensurar possível dano celular e a atividade antioxidante em organismos que habitam determinados ecossistema pode ser ferramenta útil para avaliar-se sobrevivência e níveis de contaminação aquática. Este trabalho buscou avaliar mecanismos de estresse oxidativo pela relação entre  processos pro - oxidantes e mecanismos de defesa antioxidante no fígado de peixes submetidos a fatores de poluição ambiental, juntamente com outros parâmetros biológicos: analise físico-químicas,  bacteriológicas da água juntamente e analise do sedimento do ambiente.

METODOLOGIA:

Exemplares de tilápias (O. niloticus) foram capturados em dois locais: ponto A (Rio Piragibu-Mirim), e ponto B (Lago do Paço), ambos em Sorocaba - SP. As coletas foram realizadas entre os meses de Setembro de 2007 e Setembro de 2008. O ponto A foi considerado o ponto controle, pois é um local de água limpa e o ponto B está localizado em uma área urbana e apresenta grande quantidade de matéria orgânica, decorrente do excesso de alimentação fornecida pelos visitantes aos peixes, e também pela presença de aves, e despejo de esgoto. Nesse local há freqüente mortandade de peixes. A análise do estresse oxidativo dos peixes foi determinada por análises de fragmentos de tecido hepático, com aproximadamente 0,1g, homogeneizado em tampão HEPES 20 mM, pH 7,4, centrifugado a 20.000 g por 30 minutos (4ºC). O sobrenadante foi então utilizado para a determinação das atividades enzimáticas por meio da quantificação de peroxidação lipídica (MDA), glutationa-s-transferase (GST), fosfatase alcalina (FA), proteína (P) e atividade das enzimas transaminases pirúvica (ASP) e oxalacética (AST).

RESULTADOS:

Os fígados dos peixes coletados no ponto B (Lago do Paço) apresentaram as seguintes características: redução de 23% do  conteúdo protéico (proteína total) em relação ao peso corporal, provavelmente associado à diminuição das células hepáticas, por possíveis mudanças no ciclo celular. Aumento na atividade da fosfatase alcalina (34%) sinalizadora de mudanças no ciclo celular, com padrão de atividade diferenciada dos exemplares coletados no ponto com ausência de contaminação (ponto A). Queda dos níveis de MDA (27%), dos hepatócitos (indicador de estresse), associado   a diminuição da GST possivelmente como  tentativa de neutralização das substâncias oxidativas provenientes das alterações do ambiente. Não houve alterações significativas nas transaminases ALT e ASP, sinalizadoras da função celular, porém a atividade da alanina amino transferase apresentou-se reduzida (43%). Quanto à qualidade físico-química da água, em ambos os pontos não houve alterações significativas, pois estão dentro da Resolução Conama 357. As análises bacteriológicas da água no ponto (A) Piragibu-mirim, apresentaram-se com baixos níveis de coliformes totais e fecais, podendo ser interpretado pela maior vazão, estando associado à turbulência, o que promove a autodepuração deste local. Este ponto está com índices permitidos pela resolução Conama, 274 . Já o ponto (B) Lago do Paço apresentou altos índices de coliformes totais e fecais, podendo ser justificado pela baixa vazão desse trecho, associada à ausência da mata ciliar e grande quantidade de animais domésticos presentes neste local. Nas análises do sedimento foram encontradas alterações significativas quanto à porcentagem do teor de fenol, que estão bem acima do permitido pela resolução Conama 344.

CONCLUSÃO:

Concluímos que os parâmetros de estresse oxidativo podem ser importantes ferramentas complementares em trabalhos de monitoramento ambiental, junto a outros biomarcadores já estabelecidos, auxiliando a compreensão dos efeitos da contaminação sobre os organismos aquáticos e fornecendo importantes informações a respeito das modulações das defesas celulares.

Instituição de Fomento: CNPq
Palavras-chave: Estresse Oxidativo, Água, peixes.