62ª Reunião Anual da SBPC |
A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 2. Química Ambiental |
AVALIAÇÃO AMBIENTAL DE HIDROCARBONETOS ALIFÁTICOS EM SEDIMENTOS DE FUNDO DO ESTUÁRIO DO RIO POTENGI, REGIÃO DA GRANDE NATAL - RIO GRANDE DO NORTE |
Lígia Soares Carrascoza 1 Germano Melo Júnior 2 Maria Sara Maia de Queiroz 1 |
1. Programa de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia do Petróleo - UFRN 2. Prof. PhD./Orientador - PPGCEP e Dept. de Geologia - UFRN |
INTRODUÇÃO: |
O estuário do rio Potengi está inserido nos municípios de Natal, São Gonçalo do Amarante e Macaíba, pertencentes à Grande Natal (RN, Brasil), compreendendo uma população de aproximadamente 1.000.000 de habitantes. Além da presença urbana dominante, este estuário mantém fragmentos de floresta de manguezal. Estudos referentes à composição qualitativa e quantitativa de hidrocarbonetos em corpos hídricos são de grande importância para um diagnóstico ambiental, uma vez que os hidrocarbonetos podem ser agentes poluidores de risco toxicológico para ecossistemas e para a saúde da população humana. Os hidrocarbonetos de origem antropogênica podem advir do petróleo e derivados, queima de matéria orgânica, efluentes de esgoto e lavagem pluvial de áreas urbanas, dentre outras fontes. Os de origem biogênica ocorrem naturalmente em baixas concentrações, e podem provir de algas, plâncton, animais marinhos, plantas vasculares terrestres e bactérias. A meta deste estudo foi determinar os hidrocarbonetos alifáticos resolvidos e a mistura complexa não resolvida - MCNR em sedimentos de fundo no estuário do rio Potengi, identificando suas possíveis origens através dos índices de distribuição dos n-alcanos e da comparação dos resultados com as características antrópicas e naturais vigentes no local. |
METODOLOGIA: |
As amostras de sedimento foram obtidas entre junho e julho de 2007. A intenção foi fazer uma varredura, que se estendeu da foz até 12 km a montante. Foram escolhidas 36 estações de amostragem, agrupadas em 12 seções transversais ao curso do rio espaçadas, em média, por 1 km. Cada seção era composta de três estações: margem direita (T1, T4, T7, T10, T13, T16, T19, T22, T25, T28, T31, T34), ponto mais profundo (T2, T5, T8, T11, T14, T17, T20, T23, T26, T29, T32, T35), margem esquerda (T3, T6, T9, T12, T15, T18, T21, T24, T27, T30, T33, T36). A profundidade da lâmina d'água variou de 0,3 m a 14,2 m. Com essa distribuição amostral, buscou-se detectar as possíveis interferências ambientais relacionadas com a presença antropogênica nas margens do estuário, as quais possam inclusive estar registradas no centro do canal. Para a coleta utilizou-se a draga van Veen. As alíquotas foram acondicionadas em frascos de vidro de 200 mL previamente descontaminados, sendo imediatamente refrigeradas. De uma estação para outra, os equipamentos de coleta (draga, bandeja, colher e espátula, todos em aço inoxidável) eram lavados, secos e esfregados com hexano. Através da cromatografia gasosa, foram analisados os hidrocarbonetos n-alcanos do C10 ao C36, os isoprenóides pristano e fitano e a MCNR. |
RESULTADOS: |
Foi detectada a presença de n-alcanos apenas nas estações T7, T8, T9, T10, T16, T19, T22, T27, T28, T29, T30, T31, T34 e T36. Nas demais, a concentração foi inferior ao limite de detecção (0,1 mg/kg). As estações T10, T28, T29, T30, T31, T34 e T36 apresentaram também pristano e fitano. A MCNR estava presente em T13 e em todas onde foram detectados n-alcanos. Diferentes parâmetros foram avaliados para identificar a origem dos hidrocarbonetos. Hidrocarbonetos biogênicos terrestres: as estações T19, T22 e T27, apresentaram picos de n-alcanos com números de carbono ímpares na faixa C25-C33, principais constituintes da cera de folhas, sendo interpretados como advindos da vegetação de mangue presente na área estudada. A alta proporção dos n-alcanos C27, C29, C31 e C33 em relação aos totais e os índices IPC 25-35 e par/ímpar reforçaram essa interpretação. Hidrocarbonetos petrogênicos: a estação T13 não apresentou n-alcanos, mas teve o maior valor da MCNR. Na estação T10 predominou os n-alcanos C12-C23 e alta concentração da MCNR, ao passo que nas estações T28, T29, T30, T31, T34 e T36 não houve predomínio dos n-alcanos individuais sobre os demais. Em todas essas sete estações, os índices IPC 15-23, IPC 25-35, par/ímpar, Pri/Fi, C17/Pri e C18/Fi, confirmaram contaminação petrogênica. |
CONCLUSÃO: |
Para os compostos estudados, a localização de teores mais elevados em trechos específicos do sedimento de fundo pode indicar o aporte de fontes pontuais adicionando quantidades anormais dos compostos ou o favorecimento da sua fixação devido a características locais, tais como a predominância de material argiloso nos sedimentos. O levantamento das atividades desenvolvidas na região indicou que a estação T10 está localizada no terminal pesqueiro; a estação T13 fica próxima ao local de lançamento de efluentes urbanos in natura; as estações T34 e T36 ficam próximas à saída de efluentes de uma estação de tratamento de esgotos; e as estações T28, T29, T30 e T31 se encontram à jusante desta estação de tratamento de esgoto e de outras atividades próximas, como canais de drenagem pluvial, outras saídas de efluentes de estações de tratamento de esgotos e um local onde há denúncias de descarte de resíduos de banheiros químicos. Com esse estudo fica então evidenciada a importância das avaliações qualitativas e quantitativas dos hidrocarbonetos como ferramenta de abordagem ambiental, pois elas possibilitam um diagnóstico que, juntamente com o conhecimento da área estudada, permitem indicar as possíveis causas do problema para futuras soluções que o estuário do rio Potengi requer. |
Instituição de Fomento: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES. |
Palavras-chave: Hidrocarbonetos alifáticos, Sedimentos de fundo, Estuário do rio Potengi. |