Quando se trata sobre as questões voltadas à inclusão escolar pensa-se inicialmente nas pessoas com deficiência, as dificuldades que envolvem sua inserção no meio escolar e as práticas docentes. A temática inclusão tem sido compreendida de várias formas, sendo algumas delas equivocadas; no entanto, a inclusão deve ser entendida como o compromisso da escola em se adequar de forma que o aluno com deficiência possa participar e aprender juntamente com os demais colegas. Infelizmente, ainda hoje podemos constatar que instituições de ensino regular não incluem os alunos com deficiência e a discriminação ainda é um fator presente no contexto escolar. A partir disso, promover formações continuadas para os professores no âmbito dessas questões, além de ser necessário haver planejamento e construção do Projeto Político Pedagógico (PPP) em conjunto com objetivos traçados para essa temática é de extrema importância no âmbito escolar. Posto isso, o presente trabalho teve por objetivo analisar a forma que a Educação Física é tratada no PPP da escola, a participação dos professores da disciplina na construção deste Projeto e a maneira como se processava a inclusão de alunos com deficiência nesta disciplina.

A pesquisa foi de cunho qualitativo em que se buscou analisar a realidade da educação física escolar de duas escolas de educação fundamental (uma pública - escola A - e outra particular - escola B) da cidade de Maceió/AL. Os sujeitos que fizeram parte dessa pesquisa foram dois professores de educação física da escola estadual (1 e 2) e dois da instituição particular (3 e 4). O critério utilizado para a escolha da escola foi que esta tivesse alunos com deficiência matriculados e regularmente freqüentando as aulas. O instrumento utilizado para a coleta dos dados foi a entrevista estruturada.  Destaca-se que a pesquisa obedeceu aos princípios éticos e os participantes assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). A entrevista ocorreu nos estabelecimentos de ensino no intervalo ou nos momentos de troca de turmas e foi realizada pelos próprios pesquisadores.  A análise de dados foi descritiva.

Considerando o PPP da Escola, os professores da instituição "A" afirmaram que não houve uma construção em conjunto e tinham informações diferenciadas do mesmo.  Enquanto o professor 1 desconhecia o Projeto e o seu papel, o docente 2 relatou que o mesmo tinha objetivos, mas não sabia enunciá-los. Em contrapartida, os professores da escola "B" afirmaram que o projeto foi elaborado em conjunto pela comunidade escolar. Com base nos conhecimentos sobre a inclusão, apenas um professor da escola "A" e outro da "B" tiveram uma disciplina na graduação que consideraram ter ajudado bastante na sua prática, contrapondo-se aos docentes 1 e 4. Na escola "A", os docentes tinham alunos com surdez, sendo que o professor 2 considerava que estes gostavam de participar das aulas, porém o 1 avaliava que aqueles eram resistentes em participar. Este professor afirmou que o fato de ambos não saberem a Língua de Sinais dificultava o ensino para esse público. Já o 4 da escola "B" tinha um aluno com  paralisia cerebral (hemiplegia) que participava das aulas regularmente. O docente 3 não  se inclui nestes aspectos pelo fato de não ter alunos com deficiência em suas turmas. Nenhum professor realizava leituras ou participava de formações sobre deficiência para sustentar sua prática.  

A educação física tem sido tratada de diversas concepções, de acordo com o lugar e as pessoas que nela atuam, visto que, se trata de uma disciplina do currículo escolar, mas a importância que é dada a esta diverge nas diferentes instituições.  Além disso, dentro desta área de atuação há profissionais que dão mais importância à disciplina do que outros, embora se trate da mesma escola, ou seja, o compromisso se diferencia entre as opiniões. Dessa forma, nota-se a importância da construção do projeto político pedagógico da escola com todos os profissionais que nela atuam a fim de que o compromisso com o processo de ensino- aprendizagem e seus desafios sejam trabalhados e discutidos em conjunto para que todos partilhem de opiniões. Nesse âmbito está inserido o planejamento das aulas. Nas duas instituições de ensino investigadas, as aulas eram planejadas de diferentes formas, porém não havia planejamento por parte de um docente em uma delas. Também nas escolas os pontos de vista divergiam acerca da inclusão, a formação dos professores para o atendimento de alunos com deficiência em contexto inclusivo e nas dificuldades em ministrar aulas para esse público.