62ª Reunião Anual da SBPC
H. Artes, Letras e Lingüística - 4. Lingüística - 4. Sociolingüística
O APAGAMENTO DA MARCA DE PLURAL NA FALA DOS PRESTADORES DE SERVIÇOS GERAIS E PROFESSORES DOUTORES DA UESPI
Ana Maria da Silva Nunes 1, 3
Iveuta de Abreu lopes 1, 2
1. Universidade Estaduaul do Piauí - UESPI
2. Profª. Drª./Orientadora
3. Formanda Curso De Letras Português
INTRODUÇÃO:

A linguagem humana gira basicamente em torno de duas modalidades: a oral e a escrita. Na escrita, o indivíduo procura obdecer às normas da Gramática Normativa, embora, muitas vezes, não consiga. No entanto, na fala, mesmo quando há um alto índice de monitoramento, geralmente, ela ocorre de forma mais espontânea. O objetivo desta pesquisa é investigar se ocorre na fala dos pesquisados o apagamento da marca de plural, e se for constatado esse evento de fala, averiguar quais fatores que determina essa variável de fala nestes dois grupos específicos. Como a Sociolinguística é a ciência que estuda e entende a diversidade linguística como um fenômeno inerente à língua, entende-se que esta pesquisa contribuirá para desmistificar a ideia de certo e de errado quando se trata da fala das pessoas, sejam elas altamente escolarizadas ou com nenhum grau de escolarização, no que diz respeito ao evento do apagamento da marca de plural. Para sustentação deste trabalho apoiou-se nas teorias de vários autores e, sobretudo na de Bortoni-Ricardo que versa sobre os contínuos de urbanização.

METODOLOGIA:

Esta pesquisa foi realizada no segundo semestre de 2009. Foram escolhidos como corpus os trabalhadores de serviços gerais que prestam serviço na Universidade Estadual do Piauí - UESPI e os professores doutores dessa mesma instituição. Na realização das entrevistas junto aos prestadores de serviços gerais foram utilizados uma máquina fotográfica-filmadora e um mp4. A pesar da amostra da pesquisa ser um número relativamente pequeno, despendeu-se muito tempo para realizá-las devido à dinâmica do trabalho diário que requer a profissão deles. A entrevista foi formulada através de um questionário misto que versava sobre vários assuntos, sendo que, somente a primeira pergunta foi feitas a todos porque a conversa tomava outros rumos o que muito contibuiu para o enriquecimento do material a ser analisado. Quanto aos professores, foram anotadas frases soltas ditas por eles em sala de aula e fora dela também, mas sempre dentro da instiuição e em um contexto formal.

RESULTADOS:

Depois da análise dos dados constatou-se que a ausência de marca de plural na fala dos dois grupos pesquisados se realiza regularmente. Não existe uma variável específica que contribua para que tal fenômeno aconteça, pois entre os pesquisados existem indivíduos com baixa escolaridade, outros concluindo o ensino fundamental e o médio, alguns com o ensino médio completo e, finalmente, os doutores que tem o foco de seus estudos centrados em algum ponto da língua portuguesa, e por conseguinte são conhecedores das regras da norma padrão e os ambientes onde ela, necessariamente, deve ser empregada. Nenhum dos envolvidos na pesquisa sabia, de fato, o que se buscava com as entrevistas. Os prestadores de serviços gerais falaram abundantemente sem o cuidado acirrado de concordância de número, e os professores nem sequer sabiam que estavam sendo observados em suas falas. No entanto, em todos eles foi observado um alto índice de monitoramento. Os primeiros por estarem falando frente a uma câmara, os segundos pelo papel social que desempenham dentro da instituição de ensino. Assim, diante dos resultados encontrados fica patente o conceito de traço grandual postulado por Bortoni-Ricardo.

CONCLUSÃO:

Tendo em vista os resultados obtidos, conclui-se que o apagamento de marca de plural é um fenômeno que se pode classificá-lo como sendo um traço constante na realização da fala das pessoas, independentemente do nível de escolarização, do status socioeconômico, idade, sexo e trabalho, uma vez que a pesquisa envolveu sujeitos com variáveis bastantse diversificadas. Dessa forma, observou-se que a variante formal da língua, no que diz respeito a concordância de número, convive harmoniosamente, mesmo com o com o apagamento de marca de plural,com as outras regras da gramática normativa sem prejuízo do ato comunicativo, e que a língua é um organismo vivo e natural que se sobrepõe a quaisquer regras que caso queiram submetê-la. Percebeu-se, ainda, que o apagamento de marca de plural é um processo tão natural que o falante, na maioria das vezes, nem percebe esse fenômeno na pronúncia de sua fala. Assim, como afirmam os sociolínguístas, o que interessa na linguagem humana é o efetivo ato comunicativo,e dessa forma vão desmistificando a ideia de que só existe uma variante da língua entendida como sendo a única certa, pois a comunicação nunca é errada, no máximo pode ser inadequada.

Palavras-chave: Variantes linguísticas, Preconceito, Comunidade de fala.