A simples menção da palavra Química já desperta sentimentos negativos em grande parte das pessoas. Muitos se queixam dos conteúdos abstratos e detalhados da disciplina, não relacionando o conteúdo estudado com a sua realidade de vida. Algumas demonstrações práticas simples e com materiais de baixo custo podem reverter este senso comum. A oficina denominada "A Química que eu amo para professores de Ciências" foi realizada durante o mês de janeiro de 2010 no Seminário de Formação Continuada de Professores de Ensino Médio, na Escola SESC de Ensino Médio. O encontro reuniu professores, gestores e profissionais de educação de escolas públicas estaduais de diferentes estados do Brasil. O trabalho contribuiu para a implementação de um modelo novo de currículo para o ensino médio, seu planejamento e o desenvolvimento de atividades curriculares, de forma interdisciplinar e contextualizada, de acordo com o Programa de Ensino Médio Inovador, do Ministério da Educação. O curso foi estruturado na experiência das aulas semanais vespertinas para os alunos do 2º ano do ensino médio da escola, baseando seu programa nos assuntos que eles desejavam trabalhar nos laboratórios de Ciências. A Química pode e deve sempre ser explorada nos inúmeros aspectos do cotidiano.

O curso foi ministrado para três turmas de docentes em horários diferentes, no mesmo dia. Cada aula possuiu a duração de duas horas. As aulas foram oferecidas como um exemplo das práticas educativas da escola. As turmas variaram de cinco a vinte professores. Inicialmente, algumas perguntas foram abordadas, como: "O que a Química representa para você?", "Qual o papel da Química na sociedade?", "Você conhece alguém que odeie Química?". Após um debate, a idéia da oficina foi apresentada: propor para os professores produzirem substâncias químicas no laboratório de Ciências. As substâncias devem partir dos interesses dos alunos e devem possuir um custo razoável, serem permitidas por lei, possuírem um tempo curto de preparo e não necessitarem de equipamentos e materiais de custo elevado. Também devem ser feitas de forma segura. Com o auxílio de um microondas foi produzido um bolo de caneca, feito em três minutos. Houve a necessidade e o cuidado de preparar o ambiente do laboratório para a produção e consumo de um alimento. Todo o material utilizado é próprio para estes tipos de aulas. Também foi produzido um perfume artesanal, que os participantes do curso puderam levar como amostra. Por último, os professores responderam um questionário de avaliação da oficina.

Todos os professores que participaram da oficina demonstraram satisfação de poderem produzir substâncias químicas nos laboratórios de Ciências e relacionar cada produto com seus cotidianos. Aqueles que já conheciam receitas de bolos tradicionais opinaram sobre os ingredientes e o tempo pequeno de preparo, além da praticidade. Os professores gostaram de interagir com a proposta da aula, participando ativamente após cada comando de instrução. As sugestões das práticas da pipoca e do refrigerante natural foram discutidas e analisadas por todos, gerando apontamentos sobre a qualidade dos alimentos consumidos por nós hoje em dia. O perfume possuiu um bom nível de aprovação, destacando que alguns alunos produziram duas ou mais essências. Quanto ao formulário de avaliação, além da aprovação expressa nos comentários pessoais, os professores indicaram que realizariam as práticas vivenciadas no curso. Muitos sugeriram ainda outras idéias de práticas e produtos que poderiam ser feitos em laboratórios ou espaços de escolas de ensino médio. Algumas atividades também podem ser aplicadas em outros níveis de ensino, como o ensino fundamental e até o infantil. Tudo depende da abordagem e da interação professor-aluno.