62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 3. Bioquímica - 6. Bioquímica
EFEITO DO EXTRATO FOLIAR DE Urtica dioica SOBRE O CRESCIMENTO MICELIAL DE Sclerotium rolfsii E DETECÇÃO DE INIBIDORES DE SERINOPROTEINASES
Rejane Souza de Aquino Sales 1
Elisângela de Jesus da Silva Bezerra 2
Jânia Lilia da Silva Bentes 2
Larissa Ramos Chevreuil 3
José Francisco de Carvalho Gonçalves 3
Silvana Cristina Pando 4
1. Pós-graduação em Agricultura no Trópico Úmido - INPA
2. Depto. de Ciências Fundamentais e Desenvolvimento Agrícola - UFAM
3. Coordenação de Pesquisas em Silvicultura - INPA
4. Profa. Dra./Orientadora - Depto. de Ciências Fisiológicas - UFAM
INTRODUÇÃO:

A urtiga (Urtica dioica L.) pertence à família urticaceae e apresenta numerosas aplicações, tanto medicinais como industriais. Dentre estas, destaca-se o emprego de substâncias extraídas de plantas medicinais e/ou silvestres, como fungicidas, com inúmeras vantagens quando comparado ao emprego de sintéticos, pois os fungicidas naturais são obtidos de recursos renováveis e são rapidamente degradáveis. As plantas possuem biomoléculas constitutivas e/ou induzidas, como os inibidores de proteinases, que participam de um complexo mecanismo de defesa, podendo ocorrer em folhas, sementes, tubérculos e flores. Os inibidores de proteinases são um dos componentes protéicos com ação protetora para muitas espécies, possibilitando sua atuação na defesa das plantas principalmente por retardar a proteólise de paredes celulares e de proteínas de membrana, promovendo a desorganização celular e dificultando a atuação de patógenos. O objetivo geral deste trabalho foi monitorar o efeito in vitro de extrato total de U. dioica sobre o fungo S. rolfsii, dosar proteínas totais e detectar a presença de inibidores de serinoproteinases em extrato foliar de urtiga.

METODOLOGIA:

Os experimentos foram realizados no Laboratório de Microbiologia do Instituto de Ciências Agrárias (UFAM), Laboratório de Bioquímica do Instituto de Ciências Biológicas (UFAM) e Laboratório de Bioquímica e Fisiologia Vegetal (INPA). As folhas de U. dioica foram coletadas na Floresta do Campus da Universidade Federal do Amazonas. O fungo foi cultivado em placas contendo meio BDA (batata-dextrose-ágar) com extrato vegetal de U. dioica em temperatura ambiente. O delineamento experimental foi inteiramente ao acaso com 10 repetições, sendo cada unidade amostral uma placa de Petri. A testemunha foi constituída pelo cultivo do fungo em placas contendo somente o meio de BDA. A quantificação das proteínas totais no extrato foi feita de acordo com o método descrito por Bradford (1976), utilizando a BSA (albumina sérica bovina) como padrão. A hidrólise dos substratos e a determinação da atividade residual da tripsina e quimotripsina, foram monitoradas fotometricamente a 405nm. A eletroforese foi realizada em SDS-PAGE 12,5%. Como marcadores de massas moleculares foram utilizados marcadores BenckMark Protein Ladder (220 kDa - 10 kDa).

RESULTADOS:

De acordo com os dados obtidos, o extrato aquoso de U. dioica apresentou efeito significativo na inibição do crescimento micelial do fungo S. rolfsii in vitro na concentração de 10%. Foi possível observar que, após 6 dias, o  controle alcançou um nível de crescimento micelial de 9,0 cm de diâmetro, atingindo as bordas da placa de Petri. Por outro lado, o tratamento com extrato de urtiga resultou em crescimento de apenas 1,7 cm de diâmetro. O teor de proteínas foi de aproximadamente 0,040 mg/mL. Quanto à análise eletroforética em SDS-PAGE, não foi possível visualizar os perfis das bandas de proteínas no extrato de urtiga pelos métodos de coloração por Coomassie Brilliant Blue e nitrato de prata, provavelmente porque a extração das proteínas de folhas depende, em grande parte, do grau de desintegração celular, que afeta a quantidade de proteína que se obtém durante o processo. O extrato foliar de urtiga inibiu a ação das serinoproteinases tripsina e quimotripsina, sendo os valores para a atividade residual das enzimas de 56,4% e 64,8%, respectivamente, sugerindo a ocorrência de inibidores de serinoproteinases no extrato foliar dessa espécie.

CONCLUSÃO:

O extrato total obtido a partir de folhas de urtiga inibiu 98,1% do crescimento micelial do fungo S. rolfsii, sugerindo a presença de moléculas com possibilidade de serem empregadas no combate de fungos fitopatogênicos. Os ensaios enzimáticos revelaram a presença de inibidores de serinoproteinases nos extratos foliares de urtiga. Quanto à extração de proteínas, métodos alternativos deverão ser testados com extratos foliares dessa espécie.

Instituição de Fomento: FAPEAM e CNPq
Palavras-chave: Urtiga, Sclerotium rolfsii, Serinoproteinases.