62ª Reunião Anual da SBPC |
H. Artes, Letras e Lingüística - 1. Artes - 3. Cinema |
NÃO-LUGAR: REVISITANDO O TERMINAL |
Vanessa Kalindra Labre de Oliveira 1 Maria Helena Braga e Vaz da Costa 2 |
1. Departamento de Artes, Universidade Federal do Rio Grande do Norte/UFRN 2. Profª Drª./ Orientadora - Departamento de Artes - UFRN |
INTRODUÇÃO: |
O presente trabalho tem por objetivo analisar o filme O Terminal (Steven Spielberg, 2004) considerando o conceito de "não-lugar" explorado pelo etnólogo francês Marc Augé. Trata-se aqui de refletir sobre a particular relação que o personagem Viktor Navorski estabelece com um aeroporto de Nova York e como esta é percebida no contexto da contemporaneidade. Marc Augé denomina de "não-lugares" ambientes como aeroportos, trens, ônibus, hotéis parques de lazer, etc, por serem espaços de passagem, isto é, lugares que não estabelecem com o sujeito níveis de relação identitária e/ou de afetividade. Para o pesquisador o não-lugar não gera memória nem referências para além dele mesmo, portanto, não cria laços ou relação com os sujeitos que o habitam. A relevância deste trabalho consiste no diálogo destes referenciais teóricos com a imagem cinematográfica da obra de Spielberg, já que este, por um lado, resignifica esse paradigma - uma vez que o personagem central de sua trama estabelece com o aeroporto uma relação identitária na medida em que faz dele sua casa durante nove meses, vivenciando situações pessoais e históricas - e, por outro, afirma o conceito de "não-lugar" na medida em que apresenta o espaço em seu cotidiano da não fixação, frente às idas e voltas dos demais personagens. |
METODOLOGIA: |
A metodologia utilizada para a pesquisa consistiu na leitura, análise e discussão de bibliografia levantada e sugerida pela temática juntamente com a análise do discurso do filme, no sentido de visualizar as observações teóricas discutidas durante o processo. Dessa forma, a escolha do filme O Terminal (Steven Spielberg, 2004) vem a sistematizar as observações realizadas durante o processo de pesquisa. |
RESULTADOS: |
A discussão em questão proporcionou a produção deste trabalho, e sua relevância encontra-se no diálogo e na análise do produto cinematográfico em vista da produção intelectual de sua época. Debate-se, com isso, a relação entre o conceito de "Não-Lugar" e a imagem cinematográfica, dialogando estes campos de pesquisa de modo a evidenciar as problemáticas emergidas pelo contexto da contemporaneidade, destacando as nuances no que se refere ao espaço e à apropriação que o sujeito pós-moderno faz dele, definindo, assim, novos olhares e perspectivas. |
CONCLUSÃO: |
Segundo Maria Helena B. V. da Costa (1995), a cidade não é apenas sua estrutura concreta, pois, só existe de fato na medida em que interage com indivíduos que a habitam e, sendo assim, deve ser pensada através das relações que nela são produzidas, sejam elas de ordem social, cultural, políticas, comunicativa, etc.. Nesta perspectiva, como afirma a pesquisadora, "quando o homem atua no ambiente urbano, ele dá ao mesmo não apenas um uso, mas um significado. Há portanto uma interrelação entre o usuário e a cidade" (p.136) O filme O Terminal nos convida a pensar esse jogo de identidades gerado pelo espaço do aeroporto - inserido no espaço da cidade - e pelas relações nele produzidas, dialogando assim com a perspectiva pós-moderna da produção de "não-lugares" ou lugares de passagem sem vínculo identitário e afetivo. |
Instituição de Fomento: CNPq |
Palavras-chave: Cinema, Não-lugar, Imagem. |