61ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 6. Zoologia
ANÁLISE OSTEOLÓGICA E ONTOGÊNICA DO GIRINO DE Bokermannohyla circumdata (COPE, 1871) (AMPHIBIA, ANURA, HYLLDAE).
Marcelle Mantoanelli Mongin 1
Ana Maria Paulino Telles de Carvalho-e-Silva 2
1. Departamento de Zoologia - UNIRIO
2. Departamento de Zoologia - UNIRIO - Profa. Dra. - Orientadora
INTRODUÇÃO:
Bokermannohyla circumdata é uma espécie de anuro da família Hylidae, pertencente ao grupo de Bokermannohyla circumdata que distribui-se, em áreas de floresta tropical, principalmente nos complexos da Serra do Mar e da Mantiqueira. As espécies deste grupo se caracterizam por possuir pré-pólex hipertrofiado e região posterior das coxas com faixas verticais escuras. A distribuição da espécie ocorre na Serra do Mar, em montanhas do Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina. A reprodução da espécie é descrita com ovos e estágios larvais iniciais em piscinas naturais ou construídas; após inundação girinos exotróficos em corpos d’água lênticos ou lóticos.  Das 17 espécies do grupo apenas 4 possuem girinos descritos: B. carvalhoi, B. sazimai, B. luctuosa, B. feioi. A larva de B. circumdata foi descrita de forma sucinta por Peixoto quando comparada com a larva de B. carvalhoi, espécie endêmica de Teresópolis, RJ. Este trabalho tem como objetivo fornecer dados referentes à análise osteológica do girino de Bokermannohyla circumdata e seu desenvolvimento do estágio 25 até a metamorfose.
METODOLOGIA:
Este estudo foi realizado com material tombado da Coleção de Anfíbios da Universidade federal do Estado do Rio de Janeiro, provenientes da localidade do Parque Nacional da Serra dos Órgãos – Teresópolis, RJ. Os girinos coletados foram anestesiados com cloretona 0,10% e fixados em formol 5%. Destes, 77 foram medidos e analisados. As medidas foram feitas utilizando paquímetro (0,05mm de precisão) e microscópio estereoscópico, entre elas: comprimento total (CT), distância internasal (NN), narina-focinho (NF), olho-narina (ON), interorbital (OO). A análise osteológica foi feita baseada na técnica de diafanização, que cora em azul (alcian blue) a cartilagem e em vermelho (alizarina) o cálcio ou a impregnação deste. Foram diafanizados girinos nos estágios 25, 26, 28, 35, 38, 39, 40, 42, 43, 44, 45, 46 da tabela de desenvolvimento usual para anfíbios sendo analisado em que estágio inicia a impregnação de cálcio.
RESULTADOS:
O girino possui corpo ovalado, focinho arredondado; comprimento do corpo 30,65% do CT; sistema de linha lateral; olhos dorso-laterias, com OO 34,51% do CT; narinas com projeção interna e NN 18,42% do CT, próximas dos olhos; espiráculo sinistro; tubo anal destro; cauda musculosa; boca ventral, papilas em toda circunferência, interrompida na margem superior; bico córneo desenvolvido e serrilhado. Corpo ocupa 30% do CT até o estágio 41; CT atinge tamanho máximo no 39 (53,69 mm); NF aumenta até estágio 37; ON aumentou gradativamente; NF diminui a partir do 37; OO aumenta até o 42 e NN até o 36; as alturas da cauda e do corpo são iguais até o 28. No estágio 45 o limite da boca ultrapassa o olho e não há membranas nas nadadeiras. No estágio 25 85,0% possuíam fórmula 2(2)/3(1), 10% 2(2)/3 e 5% 2(2)/4; nos estágios 26 ao 41 70,7% com 2(2)/4(1), 26,8% 2(2)/3(1) e 2,4% 2(2)/4. Não houve a impregnação de cálcio no aparato hiobranquial, carpo e tarso. Houve impregnação a partir do estágio: 35 na coluna vertebral, taenia tactil marginalis; 38 no fêmur, tíbia, rádio, ulna; 39 na tíbia, ílio, úmero, costelas, metacarpo, metatarso, coracoide, clavícula; 42 na pré-maxila, vertebra sacra; 43 na suprarostral, parasfenoide, uróstilo; 44 no vômer, cartilagem nasal; 45 na maxila.
CONCLUSÃO:

Nos estágios iniciais predominou a fórmula dentária 2(2)/3(1); do estágio 26 ao 41 a fórmula 2(2)/4(1). A completa formação das fileiras de dentículos ocorre após o estágio 25. O aparato hiobranquial é cartilaginoso, assim como tarso e carpo até a metamorfose. A cauda não apresenta nenhuma estrutura cartilaginosa ou óssea, em qualquer estágio de desenvolvimento. Há variação no estágio em que se inicia a impregnação por cálcio. A análise das estruturas ósseas dos girinos permitiu observar que várias estruturas começam a calcificar no mesmo estágio onde foi encontrado o maior CT (39). A análise osteológica e ontogênica além de contribuir para o conhecimento da espécie, podem ajudar a esclarecer a sistemática do grupo.

Instituição de Fomento: CNPq
Palavras-chave: Biometria, Diafanização, Mata Atlântica.