61ª Reunião Anual da SBPC |
G. Ciências Humanas - 9. Sociologia - 6. Sociologia Urbana |
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DA IDENTIDADE E PROFISSÃO POLICIAIS EM FOCO |
Wélliton Caixeta Maciel 2 Maria Stela Grossi Porto 1, 2 |
1. Profa. Dra. / Orientadora - Departamento de Sociologia 2. Núcleo de Estudos sobre Violência e Segurança |
INTRODUÇÃO: |
Segundo Mesquita Neto (1999), a violência policial traduz-se em “um comportamento anti-profissional, não-profissional ou pouco profissional, que sugere a necessidade da profissionalização da polícia e da melhoria da formação e aperfeiçoamento profissional dos policiais”. Portanto, pensando a questão da profissionalização enquanto momento de incorporação de valores (DURKHEIM, 2006), de construção do eu (GOFFMAN, 1967), de valorização do conhecimento abstrato (BONELLI, 2002), buscou-se, com esta pesquisa, compreender a construção da identidade profissional dos policiais militares do Distrito Federal, a partir das representações sociais desses agentes de segurança do Estado. |
METODOLOGIA: |
Procedeu-se densa revisão bibliográfica sobre as categorias de análise: polícia, violência policial, identidade e representações sociais. Posteriormente, foram realizadas cinqüenta entrevistas semi-estruturadas (em um primeiro momento da pesquisa) e quatro grupos focais (em um segundo momento), a partir de um roteiro pré-estabelecido, versando sobre: a articulação entre teoria e práticas policiais militares, uso da força física, a questão da violência policial, identidade com a função policial e a questão do “ser policial”. Colaboraram, ao todo, oitenta e quatro policiais militares selecionados aleatoriamente das listas de matrícula nos cursos de formação da Academia de Polícia Militar de Brasília e do Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças, observando-se as variáveis de segmentação: sexo, posição hierárquica, tempo de serviço na PMDF, área de lotação, natureza do trabalho (policiamento ostensivo). |
RESULTADOS: |
Analisando as falas dos participantes, em seus ditos e interditos, bem como as anotações realizadas pelo pesquisador durante o campo, observou-se que: a identidade com a profissão foi pouco citada como motivadora para o ingresso na corporação; a contextualização prática dos conteúdos durante a formação policial ainda é deficiente; persiste o “modelo de polícia profissional tradicional”, conforme pensado e descrito por Poncioni (2007); o “ser policial” é representado pragmaticamente, mas, também, para muitos, como uma “missão de ordem social’; a questão da violência policial é vista como, dentre outras razões, conseqüência da falta de preparo técnico adequado; o papel social do policial militar “confunde-se com outros” e não está somente vinculado/relacionado à questão da segurança pública; dentre outras observações. |
CONCLUSÃO: |
As representações sociais são a própria “realidade apreendida, reconstruída, aproximada e compartilhada pelo grupo. Dentre suas funções está não apenas permitir a compreensão e explicação da realidade e a orientação de práticas sociais, mas também a definição da identidade e das especificidades dos grupos, justificando as decisões tomadas nas variadas conjunturas sociais” (JOVCHELOVITCH, 1998). Acreditamos, portanto, que as identidades profissionais desses sujeitos são informadas por suas representações sociais, estando intimamente relacionadas à formação técnica que recebem, habilitando-os a tecerem expectativas de seus lugares de pertencimento dentro da estrutura social. Diante disso, trabalhar em favor do auto-reconhecimento e do reconhecimento social dessas mesmas identidades é, talvez, uma das condições para a diminuição da violência institucional estatal e, mutatis mutandis, à manutenção da legitimidade da concentração do monopólio do uso da força física em mãos do Estado. |
Instituição de Fomento: CNPq |
Palavras-chave: Polícia, Identidade Profissional, Representações Sociais. |