61ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 3. Física - 2. Ensino de Física
Espaços digitais no Ensino de Física – reflexões sobre algumas possibilidades didáticas em atividades educativas nas modalidades presencial e a distância
Eugenio Maria de França Ramos 1, 2
Bernadete Benetti 1, 2
1. Universidade Estadual Paulista (UNESP) – Titulação: Prof. Assist. Dr.
2. Centro de Educ. Continuada em Educ. Mat., Científica e Ambiental (CECEMCA UNESP)
INTRODUÇÃO:

Apresentamos neste trabalho parte da experiência e do trabalho com o uso de ferramentas digitais de comunicação e informação, baseadas na Rede Mundial de Computadores INTERNET, como apoio e espaço educativo em atividades de formação inicial e continuada de professores no Ensino de Física, nas modalidades presencial e a distância. Para a Educação Presencial (EP) tais espaços foram utilizados como apoio a atividades da disciplina Prática de Ensino e Estágio Supervisionado do curso de Licenciatura em Física da UNESP, no Campus de Rio Claro, SP, desde 2001, contudo focamos nessa análise as atividades a partir do ano de 2008. Na Educação a Distância (EaD) baseada na INTERNET, os espaços digitais constituem-se no espaço didático essencial para as atividades, como no caso do curso de extensão universitária “Brincando com a Física – Eletrostática”, dirigido a professores de Educação Básica, promovido pelo Centro de Educação Continuada em Educação Matemática, Científica e Ambiental (CECEMCA UNESP) durante o período de agosto de 2008 a junho de 2009.

As ferramentas utilizadas compreenderam desde o uso de mensagens eletrônicas (e-mail) até outras ferramentas de comunicação, tais como blogs (simplog e wordpress), websites e a plataforma de Educação a Distância TELEDUC.
METODOLOGIA:

Foram realizadas observações com características etnográficas acompanhando o uso das ferramentas digitais em atividades nos cursos mencionados.

Com a turma da Licenciatura (EP) procurou-se enviar regularmente um email semanal aos alunos, descrevendo o trabalho daquele período, divulgando-se, por exemplo, os diferentes locais de encontro para o estágio supervisionado ou propostas de tarefas e organização do trabalho didático. Em website da disciplina disponibilizou-se outros materiais digitais, tais como registros fotográficos, apresentações, textos, referências, links etc., em estreita consonância com as atividades presenciais da disciplina. No ano de 2008 foi introduzido o uso de um Blog, onde, tal como nos emails, foram divulgadas a programação de trabalho e, além dela, a memória das atividades realizadas, com um relato sucinto e eventuais referências adicionais.

Na turma do Curso de Extensão (EaD), após poucos emails iniciais de orientação, toda comunicação ocorreu por meio da Plataforma TELEDUC, onde foram disponibilizados conteúdos, tarefas e agenda de trabalho. Neste espaço virtual, concentramos nossa interação cotidiana nos fóruns eletrônicos, onde perguntas desafiadoras e diálogos didáticos foram desenvolvidos, e na ferramenta port-fólio para o recebimento de trabalhos.
RESULTADOS:

Nas atividades de apoio a EP, constatou-se a ampliação da interação didática habitualmente restrita aos encontros presenciais da disciplina. Criou-se uma rotina com disponibilização sistemática de informações, bem como, com o Blog, uma memória didática do trabalho. Ao longo do tempo observado, uma parcela dos alunos passou a entregar tarefas recorrendo a estas formas de comunicação, mas ainda privilegiando a interação professor-aluno. Nem todo o material disponibilizado via website causou repercussões didáticas em sala de aula, mostrando que o mesmo não deve ser apenas um repositório digital, mas uma interface dinâmica com alterações em afinidade com o desenvolvimento de conteúdos e focos de reflexão.

Nas atividades de apoio a EaD, embora várias ferramentas pudessem ser acionadas na plataforma EaD, observou-se que a maioria dos alunos não consegue abarcar o excesso de informações concomitantes em várias áreas – na agenda, no material de apoio e roteiros de estudo, nas tarefas e nas mensagens dos colegas – mostrando que tal diversidade pode tornar materiais inúteis do ponto de vista educacional. O fórum eletrônico mostrou-se local privilegiado para as interações didáticas professor-aluno, sendo necessária até mesmo a criação de sessões dedicadas a dúvidas surgidas durante o curso.
CONCLUSÃO:

A utilização de espaços digitais e novas tecnologias de comunicação e informação mostraram possibilidades interessantes de intensificação de diálogos didáticos, com conseqüentes benefícios para a formação dos discentes e em atividades colaborativas das disciplinas mencionadas. Do ponto de vista teórico, foi possível desenvolver atividades didáticas de orientações construtivistas, reflexivas e colaborativas, apoiadas em idéias de Piaget (construção do conhecimento pelo aprendiz), Ausubel (aprendizagem significativa) e Paulo Freire (curiosidade epistemológica).

A utilização desses espaços, entretanto, deve ser encarada como uma nova interface didática, não cabendo a mera transposição de materiais didáticos utilizados na EP. Assim o desenvolvimento de atividades educacionais em tais espaços implica no aprendizado por parte dos docentes do uso de ferramentas e softwares, que com baixo custo e um pequeno suporte técnico podem incrementar sua interação didática com os discentes.

No que se refere ao Ensino da Física em particular variados recursos multimídias e softwares simuladores, disponíveis em repositórios públicos, podem se tornar acessíveis nas práticas docentes na Formação de Professores, e quiçá na Educação Básica, a partir da exploração de espaços digitais e de ferramentas EaD.
Instituição de Fomento: SEB MEC
Palavras-chave: Ensino de Física, Formação de Professores, TICs.