61ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 3. Geografia
PESCA ARTESANAL DA TAINHA EM FLORIANÓPOLIS, SC: CONHECIMENTO DA ATIVIDADE PARA MANUTENÇÃO DE UM LEGADO BIOLÓGICO E CULTURAL.
Maria Carolina Soares 1
1. Universidade do Estado de Santa Catarina / UDESC
INTRODUÇÃO:

A pesca da tainha em Florianópolis, nos moldes açorianos data do fim do século XVIII, início do século XVIII. Hoje a pesca artesanal da tainha, ainda que com considerável diminuição, é vista no litoral catarinense, principalmente na capital, com destaque para a praia da Barra da Lagoa onde junto com a atividade existe a preservação da identidade cultural que esta carrega. No entanto com o advento da pesca industrial e políticas que tiveram por objetivo a legalização e incentivo deste segmento o que se viu foi uma desvalorização da pesca artesanal, cada vez mais destinada a servir apenas de figuração turística e não mais como prática que proporcione o mínimo para subsistência. Além disso as oscilações na quantidade de animais capturados nas últimas safras vêm causando especulações sobre suas possíveis causas. O objetivo da pesquisa foi conhecer a dinâmica da pesca artesanal, apontar as respostas mais viáveis para a diferença no número do pescado dos últimos anos e mostrar a importância da mesma para a herança cultural da Ilha Catarinense.

METODOLOGIA:

A pesquisa embora relate a pesca artesanal na ilha catarinense de maneira abrangente, enfatiza a comunidade da Barra da Lagoa por esta apresentar os maiores registros de pescados apreendidos de maneira artesanal. O trabalho deu-se início a partir de um levantamento bibliográfico com conteúdos pertinentes ao tema, bem como da problemática que o circunda: históricos da pesca artesanal em Florianópolis, climatologia e meteorologia, material de divulgação de órgãos governamentais, entre outros. Após esse embasamento foi feito o contato com os responsáveis por cada setor mencionado na pesquisa: professores de climatologia, representantes do sindicato dos pescadores, responsáveis na indústria pesqueira, pescadores e membros de órgãos responsáveis pela regularização e manutenção da atividade pesqueira, entre outros, com a finalidade de obter depoimentos que pudessem apontar possíveis causas para a diminuição da atividade artesanal e opiniões diferentes acerca do tema. Com isso outras dúvidas surgiram e indicações de leitura foram repassadas tornando necessária uma nova busca bibliográfica. Por último, com todo o material recolhido se fez uma compilação e a confecção do corpo textual.

RESULTADOS:

Com o entendimento da dinâmica da pesca artesanal o estudo mostrou que a diminuição vista nas últimas safras possui uma resposta muito mais plausível quando analisado o aumento do número da pesca industrial do que as mudanças climáticas. Ouvindo os pescadores foi possível notar também o desânimo destes em relação à concorrência com os grandes navios pesqueiros visto que esses possuem um alcance e uma capacidade de captura muito maior do que as pequenas embarcações, já que além da limitação da distância existe também a necessidade de uma série de fatores climáticos e biológicos para que a pesca artesanal aconteça com sucesso. Foi entendido também que a falta de estímulo do Governo para com a pesca artesanal acarreta não só a extinção da atividade, mas sim de todo o legado cultural que a circunda. Isso se deve, posto que a renda obtida pelos pescadores que antes giravam na própria comunidade e agregava outros vínculos empregatícios (peixarias, lojas de artesanato, beneficiamento do pescado) com a baixa da atividade findam ou tornam-se uma fonte de renda muito vulnerável. Além da importância econômica e cultural a relação homem-meio na pesca artesanal demonstrou ser muito mais harmoniosa, o que possibilita maior cuidado com a biodiversidade marinha e costeira.

CONCLUSÃO:

Ao procurar entender a história da pesca e seu dinamismo na ilha ao longo da transformação que esta vem sofrendo é percebido a valorização do industrial em detrimento do artesanal. Tal evento vem ocasionando a desistência de muitos pescadores e seus descendentes de continuarem com a atividade nos moldes antigos quando não  mudarem totalmente de profissão. A possibilidade da extinção de uma atividade com tantos atributos fez com que este estudo e tantos outros se façam cada vez mais necessários, na tentativa de preservar e promover o legado biológico acerca da pesca da tainha na capital catarinense.

Instituição de Fomento: MEC/SESU
Palavras-chave: Pesca artesanal., Cultura., Preservação..