61ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 4. Recursos Pesqueiros e Engenharia de Pesca - 1. Aqüicultura
Parâmetros fisiológicos de juvenis de matrinxã (Brycon amazonicus), alimentados com substituição parcial da farinha de peixe por farelo de castanha da Amazônia (Bertholletia excelsa) na ração.
Gisele Freitas Maeda 1
Ana Maria Dias da Silva 1
Mariana do Amaral Camara Lima 1
Elizabeth Gusmão Affonso 1
1. Coordenação de Pesquisas em Aquicultura – INPA
INTRODUÇÃO:

O matrinxã (Brycon amazonicus),  é uma das espécies originárias da bacia Amazônica, que tem despertado grande interesse de pesquisadores, piscicultores, pesque-pague e das agroindústrias de pescado de todo o Brasil. Dentre os fatores que influenciam o crescimento dos peixes em sistemas de cultivo, podem ser citados a qualidade da água, a necessidade de uma ração nutricionalmente completa e balanceada, e a adoção de práticas de manejo alimentar para os peixes. Em sistemas de criação intensiva, a alimentação pode representar até 80% do custo de produção e a proteína é o nutriente mais oneroso na formulação da ração para peixes. A utilização de produtos endêmicos disponíveis em grande quantidade na região surge como alternativa para a substituição parcial de fontes de proteína animal. Entre a grande variedade de ingrediente naturais originários da região amazônica encontra-se a semente da castanha da Amazônia (Bertholletia excelsa, H.B.K.), também conhecida como castanha do Pará ou castanha do Brasil. Desenvolver rações com fontes protéicas alternativas de origem vegetal e reduzir a concentração de farinha de peixe na dieta contribui para a redução do custo da ração em sistema intensivo de criação. Portanto, no presente estudo, será verificado a substituição parcial da farinha de peixe pelo farelo de castanha da Amazônia, utilizando como indicativos os parâmetros zootécnicos e fisiológicos dos peixes analisados.

 

METODOLOGIA:

  Juvenis de matrinxã (50 ± g), após um período de aclimatação biometria inicial, e análise  de sangue basal de 10 peixes,  foram distribuídos em 12 tanques de 200 L (20 peixes/tanque). Esses foram submetidos a 4 tratamentos com 3 réplicas, em um delineamento inteiramente casualizado (C0, C15, C30, C45, com 0, 15, 30 e 45% de substituição parcial da farinha de peixe por  farelo de castanha da Amazônia na ração, respectivamente). Os peixes foram alimentados por 60 dias duas vezes ao dia, até saciedade aparente. Durante todo o experimento, foram feitas as determinações de condutividade elétrica, pH, temperatura, oxigênio dissolvido (OD), amônia e nitrito da água. Ao final dos 60 dias foram coletadas amostras de sangue de 6 peixes de cada tanque para as seguintes análises: hematócrito, hemoglobina, contagem de eritrócitos, proteína total (Pt), e glicose, além de biometria final. Os resultados foram testados pela análise de variância (ANOVA one way). Os tratamentos que apresentaram diferenças significativas (p<0,05) tiveram as suas médias comparadas pelo teste de Tukey.

RESULTADOS:

  A qualidade da água não apresentou diferença significativa (p<0,05) durante todo o experimento, em nenhum dos parâmetros analisados. Os valores de comprimento padrão foram significativamente maiores nos tratamentos C30 e C45 do que o basal (p<0,05). Os valores de peso não apresentaram diferença significativa entre os tratamentos, mas todos foram significativamente maiores que o basal (p<0,05). Os valores de hematócrito dos tratamentos C0, C30 e C45, foram significativamente menores que o basal (p<0,05).Todos os tratamentos tiveram valores de hemoglobina significativamente menores que o basal, e o tratamento C45 foi significativamente menor que o tratamento C0 (p<0,05). Todos os tratamentos  tiveram valores de proteína totais plasmáticas significativamente maiores que o basal, enquanto os valores de glicose foram todos significativamente menores que o basal (p<0,05).

CONCLUSÃO:
  Todos os tratamentos ofereceram ganho de peso para os peixes, mas os tratamentos C30 e C45 apresentaram maior crescimento, demosntrando que a inclusão de castanha na dieta dos peixes em maiores concentrações pode favorecer o crescimento dos peixes. Apesar disso os parâmetros sanguíneos foram todos alterados em relação ao basal, demonstrando que pode ter ocorrido influência das dietas na homeostase dos peixes, podendo estar relacionada com processos de estresse fisiológico dos animais, principalmente no tratamento C45, onde a concentração de hemoglobina foi menor do que o tratamento controle, fato que pode comprometer o processo de tranporte de oxigênio nos organismos.
Instituição de Fomento: INPA (PPI nº: PRJ05.63).
Palavras-chave: Fisiologia, castanha, matrinxã.