61ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 13. Serviço Social - 7. Serviço Social
UMA LÁGRIMA DE TRISTEZA: UM OLHAR DO SERVIÇO SOCIAL SOBRE A PROBLEMÁTICA INDÍGENA LINHA 14 MUNICÍPIO DE CACOAL/RO
Rafaela Maia Gomes 1, 2
Dulce Teresinha Heineck 1
Dalva Felipe de Oliveira 1
José Carlos Pereira dos Santos 1
José Martins Santos 1
Ivânia Prosenewicz 1
1. Centro Universitário Luterano de Ji-Paraná - CEULJI/ULBRA/RO
2. Faculdades Anhanguera - Curso MBA em Gestão de Projetos/Campo Grande/MS
INTRODUÇÃO:

No Brasil existem mais de 250 povos indígenas, alguns em estágio de distanciamento com a sociedade hegemônica. No estado de Rondônia, existem 28 grupos indígenas, perfazendo um total de 6.314 habitantes (FUNAI), entre os quais se encontram os Suruí. ou  Paiter  que se compõem de 4 grupos: Gamep, Gamir, Makor, et Kaban. Esses povos vivem em uma quinzena de aldeias, geralmente designadas pelo número da ‘linha’ na qual ela se localiza. Os SURUÍ atingiram a sua localização atual no início do século XX, fugindo dos repetidos ataques dos Xikrin, quando habitavam as margens do rio Vermelho, afluente do Itacaiúnas (SILVA, 1997). Apesar da presença dessas etnias na configuração histórica do País e de modo particular no Estado de Rondônia, as mesmas ainda não foram contempladas pelas políticas públicas de forma incisiva. O objetivo da pesquisa foi o de levantar as dificuldades enfrentadas pelo povo Suruí da Linha 14, especialmente, em relação à preservação de sua cultura para melhor poder lutar e contribuir com a sobrevivência dos mesmos.

METODOLOGIA:

O método de procedimento adotado o monográfico. As técnicas foram a observação das atividades realizadas pelo Serviço Social junto à etnia Suruí da linha 14 e a entrevista. Selecionaram-se os seguintes sujeitos sociais: a assistente social, a responsável pelo Posto da FUNAI no município de Cacoal, dois representantes da SEDUC, dois membros do Conselho tutelar, os professores indígenas da comunidade indígena da etnia Suruí da Linha 14, e alguns membros da comunidade que participaram efetivamente das ações desenvolvidas pelo Serviço Social. Optou-se pela observação ativa, no sentido que, ao mesmo tempo em que estávamos desenvolvendo atividades diretamente na aldeia, como teatros, debates, histórias, desenhando, elaborando cartazes, estávamos observando o que acontecia ao redor e também intervindo no sentido de resgatar maiores informações a respeito dos problemas enfrentados pela etnia, bem como conhecendo a cultura dos mesmos. Gil (1997) define observação participante como técnica pela qual se chega ao conhecimento da vida de um grupo a partir do interior dele mesmo. A técnica foi introduzida [...] na pesquisa social pelos antropólogos no estudo social das “sociedades primitivas”.

RESULTADOS:

Segundo Bernardi (1988), a cultura apresenta-se como característica peculiar do homem, pela qual o este se distingue como um ser especial, diferente dos animais e das coisas e, portanto, acima deles. Em relação à educação, o professor indígena (I) esclareceu que é muito difícil resolver a situação da educação das meninas, pois a sua cultura não permite que elas se afastem da família, coloca que na própria aldeia já é difícil para essas jovens estudarem por causa do contato com os homens. Um dos caciques explica que: ele tem vontade que elas estudem, mas tem medo, pois os brancos podem influenciar a índia. ”Uum cacique  indígena (76 anos) diz que tem um menino que estuda fora da aldeia e já perdeu a cultura Indígena, imagine a menina. Ele disse que  se a escola for dentro das aldeias Suruí, onde estudam os índios, poderão estudar. Esses não-índios, na  maioria,  não têm consideração com os povos indígenas, somos gente igual eles, o que muda só é a cultura, e nada mais. Precisamos de comida, mas como se fomos roubados pelos não-índio? Eeles roubaram  nossa terra, nossa pesca, eles só pensam em dinheiro, dinheiro não salva vida, não traz felicidade. Agora temos que comprar comida que não é de nossa cultura dá  doenças e tudo mais”.

CONCLUSÃO:

Os povos Suruí, da Linha 14, destacam ainda que o  governo e o não - índio pensam que não existem mais povos indígenas. Para que existe lei, se não é cumprida? A sociedade fala que índio é problema da FUNAI. Cadê o presidente, ele prometeu, e disse que as coisas iam mudar, não estou vendo nada mudar. O outro índio destacou que: As professoras que estão nas escolas, algumas não gostam de estar lá, só está lá porque a SEDUC paga muito dinheiro, precisamos de gente que goste da causa indígena que resgatem nossa cultura com as criança; nossos  jovens já não querem mais saber de ser índios isso é triste. Como assistentes sociais e estagiárias de Serviço Social sentimos que há um total descaso com os povos indígenas. As ações que ocorrem nas aldeias são fragmentadas e não atendem as reais demandas dos mesmos em relação à educação, saúde, assistência e preservação da cultura. Cabe salientar, ainda, que observamos haver muito pouco interesse das pessoas em contribuir positivamente para a solução dos problemas enfrentados pelos povos indígenas. Este resumo é resultante de uma pesquisa de pessoas que sentem na pele a dor dos indígenas e pedem, junto com eles, providências urgentes.

Palavras-chave: Serviço Social, Cultura indígena, Direitos sociais.