61ª Reunião Anual da SBPC |
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 18. Educação |
O HIP HOP NA ESCOLA - UMA EXPERIÊNCIA MULTICULTURAL EM ESCOLAS MUNICIPAIS DO RECIFE |
MARIA ISABEL SABINO FERNANDES 1 JOSÉ ALEXANDRE LEITE 1, 2 PRISCILA MARIA MONETA MANTA 2, 3 |
1. PREFEITURA DA CIDADE DO RECIFE/PCR 2. PREFEITURA MUNICIPAL DO JABOATÃO DOS GUARARAPES/PMJ 3. PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMARAGIBE/PMC |
INTRODUÇÃO: |
Cansados de serem obnubilados pela música Country branca e o Rock’n’roll deturpado e/ou negador de suas origens no Ritm’n’ blues, nas décadas de 60 e 70, começa o que podemos chamar de ascenção de modelos musicais como o Soul e o Funk. Surgem figuras como James Brown, Áfrika Bambaataa, Fulforce e outros, justamente no auge dos confrontos raciais dos quais emergem Martin Luther King e Malcon-X. Pode-se afirmar que com suas letras focadas nos problemas típicos dos guetos negros, esta é a trilha sonora da época e ao mesmo tempo, a gênese do Movimento Hip Hop, sendo o Rap, apenas um elemento deste. A partir das décadas de 80 e 90 se consolida o Movimento cultural do Hip Hop no Recife. Com a exibição do filme Beat Street no cinema Ritz em 1984, começam a se formar grupos de dança, grafite e Rap. Nomes como Gallo, Baygon, Jorge du Peixe, Moa, Tarzan, dentre outros, abraçam a cultura Hip Hop a partir do grafite, da música e da dança (Diário de Pernambuco, Caderno Viver, 22/03/2009. Sendo assim, é notório que a ascenção do Rap (Ritm and Poetry) e sua difusão mundial aceita elementos da cultura que o assimila, como por exemplo, sua fusão com o Samba, com o Repente nordestino, com o Maracatu, entre outros... Esta é a gênese da Cultura de Rua no Recife. Que hoje, consolidada, é até mesmo patrocinada por órgãos oficiais (governo do estado e prefeitura). Como exemplo, temos a Secretaria de Educação do Recife, que propôs como tema do ano letivo de 2004, Chico Science, a cultura Mangue Beat e Hip Hop, período que foram patrocinados oficinas de grafite, break, Rap etc. Daí a importância da continuidade deste projeto na escola pública nos anos subsequentes. |
METODOLOGIA: |
Durante o projeto de pesquisa-ação, no trabalho de oficinas temáticas relacionadas à questão étnico- racial (contos africanos e indígenas) experevivenciados na Biblioteca da escola, que atendiam as turmas do Ensino Infantil, Fundamental I. e EJA, surgiu um interesse peculiar demonstrado pelos estudantes do II Ciclo do Ensino Fundamental I em relação à cultura Hip Hop. E daí em diante, a necessidade de pesquisa e sistematização deste conhecimento que de um lado, reproduz a dominação norte-americana e de outro, representa um foco de resistência do povo negro. Trabalhamos em etapas diferenciadas no espaço escolar restrito à Biblioteca para discutir a importância deste conhecimento na afirmação étnico-racial. Na 1ª etapa, fizemos o levantamento dos conhecimentos prévios dos estudantes acerca da cultura Hip Hop e da relação destes com seus interesses e suas realidades, através de rodas de diálogos. Na etapa seguinte, foi feita vivência do projeto através de recursos como: audição, escrita, interpretação e representação simbólica (artes plásticas) de algumas das principais músicas de Rap sugeridas pelos alunos (Racionais Mc’s, Marcelo D2, Faces do Subúrbio etc). Na última etapa, foi sistematizada a relação entre os conhecimentos prévios levantados com as competências e conteúdos próprios sobre a cultura Hip Hop, encontrada em livros, revistas e jornais publicados, bem como a relação destes com a literatura e linguagem oficial trabalhada na escola, conforme as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. |
RESULTADOS: |
Dentre os principais resultados obtidos no projeto, podemos destacar:
Um outro aspecto digno de nota, foi o interesse despertado em vários educadores pelo projeto que a priori, restringia-se à Biblioteca da Escola Municipal Alto da Bela Vista, fazendo com que o mesmo se difundisse na comunidade escolar e em outras unidades escolares, inclusive em outras redes municipais. |
CONCLUSÃO: |
Em um país como o Brasil, multiétnico e multicultural na sua formação sociocultural, a aquisição de valores de outras organizações sociais e sua amálgama ao variado cadinho que é em suma, a nossa, vamos dizer, cultura - além do fato de nossa própria formação multiétnica, a relação histórica de subserviência a uma cultura predominante nos condiciona a imitar os padrões comportamentais e estéticos vigentes nas grandes metrópoles. É assim, também com o Rap Nacional e todo movimento cultural dele derivado. Fica patente que nessas manifestações por suas variedades e multiplicidades, é notório que não são todas as chamadas bandas de Rap nacionais que têm em sua temática, preocupação social. Mesmo os Racionais Mc’s perpetuam o machismo em suas letras onde as mulheres são tratadas como “...mulheres vulgares, uma noite e nada mais...” Também existem os chamados ‘proibidões’, os ‘bondes’, entre outros, que fazem claramente apologia ao crime e à prostituição, em detrimento a críticas sociais. Mas é o potencial político pedagógico que nos interessa, sem inocência e sem utopias, buscando o olhar imparcial no feitio de uma experiência concreta com alunos da escola pública e de como é a interação entre esses, suas realidades e o que disso pode ser aproveitado pela escola na construção da denominada Educação Multicultural. |
Instituição de Fomento: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO |
Palavras-chave: HIP HOP, ESCOLA, MULTICULTURALIDADE. |