A necessidade de formação universitária é uma demanda para o desenvolvimento regional. Relacionada a isto, a prática social em voga tem fortalecido a percepção de que a escola é o espaço absoluto para o processo de estudo. Normalmente o afastamento da escola ou de ações sistemáticas leva ao abandono de fontes, posturas e situações concernentes a aprendizagem. Logo, ao encerrar o Ensino Médio o jovem que não ingressa na universidade ou no mundo do trabalho, também não conta com mecanismos e propostas que possibilitem uma postura autônoma e continua do ato de estudar. A proposta do pré-vestibular comunitário partiu da problematização ao discutir as questões básicas exigidas nos processos seletivos para a universidade. Aos participantes do projeto foram oportunizadas vivencias e informações capazes de orientá-los na busca individualizada ou coletiva, dos fundamentos e conteúdos necessários ao processo de continuidade da vida acadêmica. Após a matrícula houve um pacto com o grupo voltado a assiduidade e disciplina na resolução de exercícios. Nesse sentido, o projeto prepara os jovens para essa fase crucial e muitas vezes traumática da vida, que é o vestibular. A ação não é isolada conta com a parceria com a Associação Cultural Nossa Senhora do Rosário oportunizou a oferta do projeto em uma comunidade periférica e carente, fato que consubstanciou a relevância social das atividades desenvolvidas.

A condução dos encontros de troca e busca do conhecimento foi feita por alunos do segundo período dos Cursos de Licenciatura na maioria das vezes formando dupla com outro menos experiente. A presença de dois alunos serve para evitar a falta de professores, além de preparar novos talentos para assumir o projeto nos semestres seguintes. Os alunos professores além das informações básicas obtidas nos períodos iniciais da graduação contam ainda, com a experiência docente da coordenação que os apóiam na questão didática e de conteúdo propriamente dita.  Pelo exposto, no projeto há a figura de alunos que juntos aprendem, dividem expectativas e trocam informações consubstancia a premissa de um conhecimento que “... é claro quando é suficiente para fazer reconhecer entre todos os outros o objeto que representa. É distinto quando todos os elementos que o compõem são conhecidos e discernidos pelo espírito” (PARRA FILHO, 1998, p. 25). O pré-vestibular é uma demanda identificada entre os jovens que desejam adentrar a universidade, nesse sentido a experiência é colocada em discussão, avaliação e revisão constante. Sua forma de operacionalização contou com no mínimo cinco encontros semanais com apresentação de conteúdos e exercícios que possam suscitar, fortalecer e mesmo embasar os conhecimentos exigidos nos exames de vestibular. 

No primeiro semestre de 2008 o projeto atendeu cerca de sessenta jovens em situação de risco. No vestibular Macro-Verão foram aprovados onze alunos que corresponde a 18,4% dos alunos. Nesse percentual é válido ressaltar que os aprovados corresponderiam a um número maior, se considerarmos que os mesmos são os que foram assíduos e oriundos da primeira matrícula feita. Isto porque, como é característico dos cursos de pré-vestibular a alta rotatividade da clientela prejudica a observação fiel de tais índices, no caso dos dados apresentados, eles correspondem aos que integralizaram uma carga horária mínima de 75% de freqüência.  Dito isto, destacamos uma das características do projeto, a partir da avaliação bimestral disponibilizava-se novas vagas para a comunidade. O perfil da clientela explica a rotatividade evidenciada, pois no geral são alunos com precariedade financeira ou ainda trabalhadores. Os primeiros têm dificuldade para aquisição de material e alimentação, registramos casos de alunos que não se alimentavam adequadamente passavam mal durante as aulas. No segundo caso, o aluno trabalhador chega esgotado e também apresenta a mesma dificuldade para a aquisição de material, ele é arrimo de família e ao vir do trabalho para o curso pré-vestibular também tem problemas com a alimentação. A realidade exposta nos impulsionou a busca de novas parcerias para podermos, no caso do projeto aprovado, ofertar lanche e ainda o material didático necessários aos encontros.