61ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 8. Genética - 5. Genética Vegetal
ESTIMATIVA DA VIABILIDADE POLÍNICA EM ANNONA MURICATA L. COM VISTAS AO AUXÍLIO DE PROGRAMAS DE FITOMELHORAMENTO.
Eliane Neves Fernandes 1
Luana Francisca Farias 1
Geovana Matos Porto 1
Generosa Sousa Ribeiro 1
Tiyoko Nair Hojo Rebouças 2
Abel Rebouças São José 2
1. Universidade do Estado da Bahia
2. Universidade do Sudoeste da Bahia
INTRODUÇÃO:

A família das anonáceas é composta por cerca de 120 gêneros com distribuição tropical e subtropical. O gênero Annona é o mais importante com mais de 50 espécies. As flores desse gênero apresentam os dois sexos, porém, o amadurecimento da parte feminina ocorre antes da maturação da parte masculina (dicogamia protogínica), o que impossibilita a autofecundação (Lederman & Bezerra, 1994). Dessa forma, tanto a qualidade como a produtividade dos frutos são influenciadas negativamente por esse fenômeno responsável pelo baixo grau de polinização e fertilização das flores, tornando a polinização artificial necessária em plantios comerciais (Kavati, et al. 1997). O estudo da viabilidade polínica é um dos fatores mais importantes no melhoramento genético de plantas, pois reflete a potencialidade do gameta masculino na eficiência da fecundação dos óvulos (Biondo & Battistin, 2001). O presente trabalho teve como objetivo o estudo da viabilidade do grão de pólen, a fim de gerar informações que possam auxiliar na seleção de variedades da gravioleira utilizadas em programas de fitomelhoramento.

METODOLOGIA:

O material para a análise foi coletado do pomar da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB) - Vitória da Conquista/BA. A partir das 16:00 horas foram coletadas manualmente 40 flores em estádio funcionalmente pistilado escolhidas ao acaso e foram levadas ao laboratório da Biofábrica, da UESB, ficando as mesmas dispostas em placas de Petri à temperatura ambiente (26º C). Ás 6:00 horas da manhã do dia seguinte, as flores se encontravam no estádio funcionalmente estaminado. As anteras foram cessadas com uma peneira de crivo fino, sendo o pólen recolhido em uma placa de Petri. Logo após a coleta, os grãos de pólen foram colocados sobre 10 lâminas com o auxílio de um pincel de pêlo de camelo nº 12. Ao pólen disposto sobre as lâminas foram acrescidas duas gotas do corante Carmin Acético a 1% e logo após levadas ao microscópio óptico e observadas na objetiva de 4x. Foram visualizados e contados 100 (cem) grãos de pólen escolhidos aleatoriamente, totalizando 1.000 (um mil) grãos de pólen em cada horário observado. O mesmo procedimento foi realizado entre períodos de duas em duas horas ao longo de 12 horas, compreendendo 2;4;6;8;10 e 12 horas após a coleta do pólen. Ao final dos horários, foram contados na totalidade 10.000 (dez mil) grãos de pólen.

RESULTADOS:

Segundo Almeida et al, (2004), a viabilidade pode ser baseada na coloração dos grãos de pólen pelo Carmin Acético e integridade nuclear. Esse parâmetro foi adotado nesta pesquisa. Os percentuais de viabilidade polínica do presente trabalho compreenderam: 94,8% de grãos viáveis no horário inicial (hora da coleta do pólen); 93,3% no segundo horário (duas horas após a coleta do pólen); 92,1% no terceiro horário (quatro horas após a coleta); 91,3% no quarto horário (seis horas após a coleta); 83,7% no quinto horário (oito horas após a coleta); 83,4% no sexto horário (dez horas após a coleta) e 82,1% para o último horário (doze horas após a coleta). Somando-se os percentuais de cada horário, foi obtida uma média de  89% de viabilidade polínica nas 12 horas de teste. Em teste de campo, Pinto & Ramos (1997) afirmaram que o melhor horário para o início da polinização manual da graviola é 11 horas da manhã. Para São José (2003), os horários de polinização devem compreender períodos entre as 6 e 10 horas da manhã. As sugestões desses autores corroboram com os resultados dos testes de viabilidade encontrados no presente trabalho. Esses resultados são de suma importância para os cruzamentos realizados no melhoramento da graviola, visando à obtenção de híbridos interespecíficos.

 

CONCLUSÃO:

Nas condições laboratoriais em que foram submetidas as análises do presente trabalho, o percentual de viabilidade polínica da gravioleira é em média 89%, considerando até 12 horas após a coleta do pólen. Estudos da viabilidade polínica de outras anonáceas fazem-se necessários, para a comparação com os testes realizados com a gravioleira com vistas à hibridação e segregação.

Palavras-chave: Hibridação, Segregação, Melhoramento Genético.