61ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 3. Ecologia Terrestre
COMUNIDADE DE FORMICIDAE (INSECTA: HYMENOPTERA) EM PLANTIO DE ENRIQUECIMENTO FLORESTAL COM LEGUMINOSAS LENHOSAS NA AMAZÔNIA CENTRAL
Patrícia Cruvel Corrêa 2
Lucille Marilyn May Kriger d’Amorim Antony 1, 3
Luiz Augusto Gomes de Souza 1
José Maria da Silva Vilhena 1
Anacy Muniz Miranda 1
Tamires Ferreira Muniz 2
1. Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA)
2. Universidade Federal do Amazonas (UFAM)
3. Prof. Dra./Orientadora
INTRODUÇÃO:

A cobertura vegetal tem bons resultados sobre a recuperação do solo, pois é resultante do retorno e acúmulo de resíduos vegetais que caem da parte aérea, da decomposição de raízes e da ciclagem de nutrientes, que promovem proteção contra a erosão, melhoria na estrutura do solo e aumento da disponibilidade de nutrientes e da atividade biológica. Para atestar o estado geral da qualidade do solo, é necessária a utilização de indicadores. Por estar estreitamente correlacionada com a dinâmica da matéria orgânica do solo, a fauna edáfica pode ser considerada um bioindicador da qualidade do solo, auxiliando na orientação das mudanças na produtividade. O uso de leguminosas associadas às bactérias do gênero Rhizobium no processo de recuperação de áreas degradadas, justifica-se pelo fato dessa simbiose proporcionar a fixação biológica do N, proporcionando um crescimento mais rápido das espécies,  conseqüentemente aumentando o teor de matéria orgânica na forma de serrapilheira, que será posteriormente decomposta pela fauna edáfica. A deposição das folhas e o crescimento das raízes estabilizam o solo, aumentam a atividade biológica e criam condições propícias para o estabelecimento de outras espécies mais exigentes.

METODOLOGIA:

As pesquisas de campo foram realizadas na Estação Experimental de Olericultura “Alehjo van der Pahlen” do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, onde foi feito um plantio de enriquecimento florestal com leguminosas lenhosas (30x30m) entre os meses de fevereiro a maio de 2007. A macrofauna foi extraída em novembro de 2008 (período de seca) por armadilhas de fosso com diâmetro de 10 cm (contendo formol 1% + detergente), expostas por 48 horas. Seis espécies de leguminosa foram estudadas: Senna alata, Senna silvestris, Tephrosia candida, Crudia oblonga, Acacia mangium e Cassia moschata. Uma armadilha foi instalada sob a copa de cinco plantas de cada espécie, e dez armadilhas foram instaladas na floresta, totalizando 40 amostras. No mesmo período (nov/2008) foi feita a coleta manual de formigas por um período de dois minutos em cada parte da planta (base, meio e ápice). As amostras foram transportadas para o Laboratório de Pedobiologia do INPA para fixação em álcool 75%. A fauna das armadilhas foi triada, contada e identificada ao nível de grandes grupos taxonômicos (ordem e/ou família).Os Formicidae capturados durante a coleta manual foram identificados ao nível de espécie ou morfoespécie.

RESULTADOS:
No plantio foram capturadas 25 espécies de formigas (17 por coleta manual e 19 por armadilhas). Destas, 12 foram capturadas pelos dois métodos. Cinco espécies ocorreram exclusivamente nas leguminosas: Wasmania auropunctata, Azteca sp, Crematogaster tenuicula, Pseudomyrmex sp e Solenopsis geminata, enquanto sete ocorreram exclusivamente na serrapilheira sob a copa das leguminosas: Ectatomma sp, Pachycondyla obscuricornis, Megalomyrmex sp, Octostruma sp, Cyphomyrmex sp, Brachymyrmex sp A e Pachycondyla crassinoda. Doze espécies foram comuns ao solo e às plantas. Isto indica que algumas espécies de Formicidae parecem estar mais associadas às leguminosas, preferindo ficar confinadas às plantas, enquanto outras apenas forrageiam na serrapilheira sob as copas das mesmas. Senna alata apresentou o maior número de espécies de Formicidae (10), seguida de Tephrosia candida (8), Cassia moschata e Acacia mangium (7), Senna silvestris (4) e Crudia oblonga (2). Na floresta adjacente houve a ocorrência de apenas 9 espécies, sendo Strumigenys sp a única diferente das espécies encontradas no plantio. Houve maior diversidade de formicídeos no plantio que na floresta adjacente, com mais espécies sendo coletadas por pitfalls, demonstrando a relevância do método para o estudo de Formicidae.
CONCLUSÃO:
Foi de fundamental importância utilizar estes dois métodos de coleta (pitfalls e coleta manual) para o estudo de formicídeos, pois só assim foi possível mostrar quais espécies forrageiam predominantemente no solo, e quais estão mais associadas às leguminosas.
Instituição de Fomento: CNPq / INPA
Palavras-chave: leguminosa, invertebrados do solo e vegetação, formicídeos.