A técnica de exploração florestal de impacto reduzido tem por finalidade a redução dos danos sobre a floresta remanescente, visando a sua recuperação mais rápida. A busca pela utilização dos recursos florestais de forma adequada e sustentável, bem como a falta de informações sobre as espécies florestais, ainda são pontos cruciais para a condução correta do manejo florestal. A dinâmica da composição floristica e da estrutura das florestas naturas é um desses postos que precisa ser muito bem conhecido. Estudos relacionados à dinâmica de florestas tropicais baseiam-se, geralmente, em inventários realizados em momentos distintos e são indispensáveis para que se possa compreender os processos de mudanças pelos quais a comunidade florestal passa, incluindo informações sobre a mortalidade, o recrutamento e o crescimento das espécies florestais. O efeito da exploração na dinâmica e no crescimento da floresta residual varia em função da intensidade de corte, das técnicas e do equipamento utilizado na exploração florestal. Neste estudo é avaliada a dinâmica da população de Pseudopiptadenia suaveolens (Miq.) J.W.Grimes (timborana) em uma floresta natural de terra firme na região de Paragominas, PA.

O estudo foi desenvolvido em uma área de floresta nativa na Fazenda Rio Capim, que possui uma área de 140.658ha, localizada no município de Paragominas, distante cerca de 320km de Belém, pertencente a Cikel Brasil Verde Madeiras Ltda. Para monitorar a vegetação nos 108ha, foram estabelecidas, aleatoriamente, 36 parcelas quadradas de 0,25ha. Adotou-se a metodologia de instalação de parcelas permanentes para inventário florestal contínuo desenvolvida pela Embrapa Amazônia Oriental. Cada parcela de 0,25ha foi dividida em 25 subparcelas de 10m x 10m para facilitar as atividades de monitoramento. As parcelas, subparcelas foram demarcadas com piquetes com dimensões de 4cm x 4cm x 150cm. Foram registrados e classificados como árvores todos os indivíduos com DAP > 10cm, presentes nas 36 parcelas permanentes. Cada árvore foi devidamente numerada com uma plaqueta de alumínio, com número composto de seis dígitos, sendo os dois primeiros referentes à parcela, os dois seguintes à subparcela e os dois últimos à árvore, fixada com prego a uma altura de aproximadamente 1,5m do solo. Cada árvore foi, também, marcada com tinta vermelha, no ponto de medição, para que todas as medições sejam feitas exatamente nesse mesmo ponto. A vegetação foi monitorada em quatro ocasiões (2003 – antes da exploração, 2004, 2006 e 2007). Para o processamento dos dados foi utilizado o programas: MFT (Monitoramento de Florestas Tropicais), desenvolvido pela Embrapa Amazônia Oriental.

A população de Pseudopiptadenia suaveolens (timborana) na área, antes da exploração florestal (2003), era composta por 21 indivíduos, ocorrendo em 21 das 900 subparcelas avaliadas, portanto com frequência de 2,33%. O índice (IVI) que expressa a importância ecológica da espécie no ambiente alcançou 4,27. Após a exploração florestal, o numero de indivíduos foi reduzido de 21 para 18, ocorrendo também em 18 das 900 subparcelas em estudo. O numero de indivíduos manteve-se constante após a exploração, até o ultimo período de avaliação (2007). A mortalidade, devido a colheita das árvores da espécie foi de 0,57/ha equivalente a 14% dos ínviduos. Não houve ingresso de indivíduos de timborana durante o período de avaliação. A sobrevivência da população foi acima de 85%.

Pseudopiptadenia suaveolens (timborana) apresentou pouco dinamismo populacional, provavelmente, porém pode-se observar que a espécie apresentou um bom desempenho face a exploração de impacto reduzido, pois a morte dos indivíduos ocorreu devido a colheita da madeira e não por causas ecológicas ou naturais. A distribuição dos indivíduos na área manteve-se quase que constante, demonstrando que a colheita da madeira aparentemente não interferiu no comportamento da espécie. Portanto a dinâmica da população na área foi baixa, provavelmente devido a intensidade da exploração também ter sido baixa. Não ocorreu ingressos de indivíduos na população, de timborana,provavelmente devido ao comportamento da espécie como intolerante à sombra, que precisa de maior abertura no dossel da floresta para favorecer o crescimento dos indivíduos mais jovens (DAP ≤ 10cm).