61ª Reunião Anual da SBPC |
H. Artes, Letras e Lingüística - 5. Semiótica - 1. Semiótica |
Do Panteão romano ao edifício “Vilanova artigas” – Uma análise discursiva da luz entre os elementos da arquitetura |
Sady Carlos de Souza Júnior 1 |
1. FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO - USP |
INTRODUÇÃO: |
Apresentamos dois edifícios históricos: um da antiguidade romana: o famoso Panteão de Roma erigido em |
METODOLOGIA: |
Nosso objetivo é confluir ou aproximar elementos da arquitetura romana antiga com a chamada “arquitetura paulista” atendendo a percepção de contextualizações que possam remeter a intertextualidade da engenharia construtiva nos seus elementos perceptíveis identificadores. Fizemos um levantamento de significantes culturais comparativos coincidentes para que através dessa análise pudéssemos estabelecer um discurso homogêneo das coordenadas coexistentes aos dois edifícios destacando simultaneamente alguns elementos de sua expressão: a importância natural (e espiritual) da luz solar, o óculo físico e simbólico, as janelas inexistentes, a superação do peso, a convexidade e concavidade abobadal, o relevo como destaque estético e funcional da profundidade, etc. Não priorizamos o vocabulário técnico-especializado da Arquitetura, todavia em outros sinais extralingüísticos aproximarmos significantes comuns, estruturais, dos aspectos construtivos e intencionais. Neste sentido, inferimos a metodologia dedutiva (do geral para o particular), para a concepção hipotética, semiológica, corroborada nas atualizações narrativo-discursivas do uso do objeto. Assim, levantamos pontos sintagmáticos à interpretação estético-funcional do uso social (religioso/mitológico, histórico e pedagógico), o que nos proporcionou qualificarmos de elementos como similares intencionalmente. |
RESULTADOS: |
Esta análise extralingüística confirmou novas hipóteses às relações entre a concepção e o uso construtivo que resistiu ao tempo, entrevendo-os comparativamente. Atualizamos os metatermos semióticos: Ser, Não-Ser, Parecer e Não-Parecer, ressaltando alguns tópicos da isotopia da “luz solar”: 1) A apreciação dos edifícios verticalmente no Panteão se dá pela luz da abóbada pelo óculo central de captação zenital. Igualmente, na FAUUSP temos domos translúcidos; 2) Há reiteração do mesmo relevo dos alvéolos/domos, distribuídos em paralelo. 3) Estes alvéolos cavados do Panteão tornam leve o peso da cobertura, assim como os domos da FAU. 4) Ausência de janelas em ambos prédios; 5) No Panteão figuram nichos (adoração) nos entornos; no edifício Artigas há caixilhos que percorrem o perímetro do andar; 6) Num, a nave central é ampla e vazia, no Salão Caramelo também é um espaço aberto; 7) O óculo do Panteão (convexo), é entrada de luz. Em frente à FAU (laguinho côncavo) há uma abertura de escoamento abaixo do nível; 8) Antes, o sentido do sol invade o interior, agora, irradia-se para fora; 9) O óculo panteônico é horizontal, na FAU, na fachada, é vertical; 10) Num o sol é vazado na cúpula suspensa. Na FAUUSP o desenho imaginário é de uma coluna seccionada; 11) O Panteão é templo religioso. No “Ed. Artigas” o teto é uma rosácea, o vitral de uma catedral na horizontal; 12) No Panteão, a abóboda sustenta o gigantismo da arte - o um na diversidade. O “Ed. Artigas” possui inúmeras abóbodas menores: os domos - a multiplicidade do um. |
CONCLUSÃO: |
Depois de uma apreciação consistente propusemos uma semiose da percepção do objeto: que ele nos trouxesse novos elementos significativos destas relações. Os vários tópicos extralingüísticos atestam que os dados significativos reatualizados ou reproduzidos pelo uso, conferem a possibilidade de, através deles, reconhecermos indícios potenciais de novos recortes, tanto no aperfeiçoamento de nossa visão de mundo, quanto da produção comparativa, ou de uma nova metodologia de análise. As articulações semióticas, a nosso ver, corroboraram a possibilidade identitária da resolução do suposto diálogo entre as duas edificações aproximadas. Há bases críticas que sustentam a importância da qualificação do novo nas construções acadêmicas no sentido de avançarem novas performances conceptivas da construção e/ou do uso do espaço. Entretanto estas amostras pontuais expõem um possível conflito interpretativo do que é o “novo” na arquitetura. Mesmo assim, não há intenção alguma aqui de anular qualquer mérito do Arqt°. J. B. Artigas, mas propiciar uma releitura das afinidades inovadoras quando lhe referenciamos ao passado. Pudemos observar que, na aproximação de edifícios de épocas distintas com características construtivas absolutamente diversas, há enfoques comuns evocados da linguagem estética da obra que não é manifestada prontamente, entretanto, isto tudo aparece subjacente no plano do conteúdo tornando-se possível, inclusive, emergir em novos planos da expressão. |
Palavras-chave: Panteão Romano, Edifício Vilanova Artigas, Semiótica. |