61ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 5. Medicina Veterinária - 4. Patologia Animal
OCORRÊNCIA DE MICOTOXINAS EM PÓLEN E DERIVADOS DE COLMÉIAS de Apis mellifera (HYMENOPTERA, APIDAE) ACOMETIDAS POR CRIA ENSACADA BRASILEIRA.
Jhonnatha Paulo Oliveira 1
Sérgio Gaspar de Campos 1
Glória Maria Direito 1
Maria Cristina Lorenzon 1
1. Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
INTRODUÇÃO:
O pólen apícola componente da alimentação da abelha Apis mellifera, é depositado no favo e incorporado mel e saliva, formando o pão de abelha para alimentação suas crias, e está sujeito às contaminações ambientais por microrganismos. O pólen apícola tem sido envolvido na etiologia da Cria Ensacada Brasileira (CEB). Há divergências quanto à sua etiologia. Para Carvalho (1998), é uma intoxicação, pela ingestão do pólen de Stryphnodendron polyphyllum. Entretanto a baixa ocorrência desta planta nas áreas afetadas pela CEB no estado do Rio de Janeiro, constatada por Pacheco (2005) e Tokarnia (2005), indicam envolvimento de outros agentes. Propágulos de fungos coletados acidentalmente pelas abelhas, podem se desenvolverem e produzirem micotoxínas. Gonzáles et. al. (2005) relatam a identificação de ampla micobiota natural, com capacidade toxígena, produtores de Ocratoxina A e aflatoxinas B1 e B2, em  pólen de Apis mellifera. Este estudo objetiva determinar a ocorrência de micotoxínas na etiopatogenia da CEB no Estado do Rio de Janeiro pela análise micotoxicológica do pão de abelha, por cromatografia em camada delgada (CCD) e cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE).
METODOLOGIA:
As análises foram realizadas no laboratório de Micotoxicologia do Departamento de Microbiologia e Imunologia Veterinária da UFRRJ. As amostras constam de 25 alíquotas de pão de abelha coletadas em 5 apiários distintos da região serrana do Rio de Janeiro com mortalidade de larvas e/ou sintomatologia da CEB. Para a extração foram testados 2 métodos. No método A, uma alíquota de 500mg de pão de abelha é macerada em 5,0 ml de Clorofórmio e submetida à agitação por 40 min a 250 rpm, e então filtrado em papel Whatman n° 1, o extrato concentrado até resíduo em evaporador rotativo. No método B - proposto por GONZÀLEZ et. al. (2005), uma alíquota de 1.000mg de pão de abelha foi homogeneizada em 2,0 ml de acetonitrila/água 60:40 (v/v), seguido de agitação por 40 min a 250 rpm e centrifugada a 3.000 rpm por 10 min., o sobrenadante filtrado em membrana (FHLP 01300, Millipore®), e o extrato concentrado até resíduo, em evaporador rotativo ou banho-maria 60 ºC. Os resíduos de ambos os métodos, foram diluídos em 0,5 ml de clorofórmio e homogeneizados por ultra-som e então aplicados em cromatofolhas de sílica gel 60 – (Merck nº 5553), ativadas a 120°C/1hr. Utilizndo-se como fase móvel tolueno:clorofórmio:acetato de etila:ácido fórmico 90%, 70:50:50:20 (v/v/v/v) (Soares;Amaya,1989).  Os extratos que apresentaram compostos fluorescentes próximos ao Rf do padrão de Aflatoxina B1 na CCD foram submetidos à análise por CLAE, eluídos a 0,7ml/min, com metanol:água (45:55, v/v), em coluna de fase reversa C18 (25x4,6cm, 5µ). Com detecção a 350nm.
RESULTADOS:
Alguns aspectos interferiram na aplicação dos métodos, como a quantidade da amostra, e a presença de mel puro impregnado ao pão de abelha. A ausência de literatura sobre metodologia de extração de micotoxinas em pão de abelha limita a escolha de metodologias a serem testadas. A interferência foi mais significativa no método A que evidenciou a ausência de micotoxínas, porém este resultado não é conclusivo, o clorofórmio demonstrou ser ineficaz quanto à solubilização do pão de abelha, nas amostras analisadas, o que pode ter interferido na extração e na detecção de aflatoxinas, embora um experimento anterior, tenha gerado resultados satisfatórios, com detecção de AFB1. No método B houve completa dissolução do pão de abelha, extrato final límpido e eficácia na eliminação de interferentes para CCD. Avaliando a qualidade dos extratos, a análise por CLAE demonstrou a presença de interferentes que comprometem a identificação e quantificação das aflatoxinas. Nos cromatogramas a elevada concentração dos compostos interferentes comprometeu a utilização destes métodos em CLAE, demonstrando que a metodologia de extração precisa ser aprimorada
CONCLUSÃO:

O método B foi capaz de mostrar a presença de aflatoxinas nas amostras avaliadas, principalmente AFB1. São necessários estudos complementares e ajustes na metodologia de extração para este tipo de amostra. Os resultados obtidos não foram suficientes para atribuir a etiologia da CEB à contaminação das colméias por micotoxínas.

Instituição de Fomento: DDPG/PROIC - UFRRJ
Palavras-chave: micotoxinas, pólen, abelha.