61ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia Florestal - 5. Ciências Florestais
DIAGNÓSTICOS DOS produTORES de mel nas áreas dos Lagos Calado e Paru, Manacapuru-AM.
Walber Sousa Santos 1
Keuris Kelly Souza da Silva 2
1. Universidade do Estado do Amazonas
2. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis IBAMA
INTRODUÇÃO:

A Amazônia por possuir uma grande biodiversidade de recursos florestais exige estudos de caráter técnico-científico e o envolvimento das comunidades que vivem e fazem da floresta uma fonte de renda para o seu sustento. As instituições educacionais são imprescindíveis para o sucesso de qualquer projeto que tenha o objetivo de garantir o manejo e a produção desses bens florestais. A proposta de pesquisa-ação em questão foi realizada nos Lagos Calado e Paru, Manacapuru-AM, contou com a participação ativa de organizações não governamentais, escola, Secretaria Municipal de Educação, pesquisadores e estudantes de ensino fundamental e graduação. Os comunitários encontram dificuldades para manter suas famílias, devido aos baixos valores alcançados pelos seus produtos no mercado, tanto no processo produtivo, como na comercialização. Esse quadro social tende a se agravar, diminuindo a qualidade de vida nas comunidades rurais, pois na falta de alternativas econômicas aumenta a pressão sobre os recursos naturais e incentiva a exploração sob regime não sustentável. Diante do exposto este trabalho tem como objetivo elaborar um diagnóstico da produção e utilização dos recursos naturais pelos meliponicultores na área de estudo, de forma a contribuir a incentivar esta atividade na região.

METODOLOGIA:

A área onde foi realizada a pesquisa está situada na região dos Lagos Calado e Paru, município de Manacapuru. Foi solicitado aos líderes das comunidades participantes que indicassem através da reunião da Associação de Comunitários meio de ata, o nome de famílias pertencentes à área de abrangência do projeto que manifestassem interesse em participar da pesquisa. Um questionário para coleta de dados foi construído em conjunto com alunos, professores e lideranças comunitárias locais. Um pré-teste do questionário foi realizado (MARSHALL & ROSSMAN, 1995), para avaliação da relevância e abrangência das perguntas (MASLOVA, 2002) A aplicação do questionário semi-estruturado foi realizada pelos bolsistas pertencentes ao programa Jovem Cientista Amazônida - FAPEAM, Os dados coletados foram tabulados em planilha eletrônica e analisados por meio de estatística descritiva. Os resultados tabelados foram inicialmente apresentados ao núcleo de bolsistas da Escola Municipal (E.M.) José de Melo Sobrinho para elaboração de relatórios parciais e checagem de inconsistências de informações. Após a checagem, os bolsistas se reuniram para avaliação dos resultados e preparação do relatório em reuniões com professores e coordenadores responsáveis pelo Projeto. Ao final deste trabalho os resultados foram apresentados, em um evento realizado na E.M. José de Melo Sobrinho, aos comunitários, professores e alunos.

RESULTADOS:
Foram aplicados 55 questionários aos agricultores familiares de 10 comunidades A idade dos entrevistados variou de 20 a 79 anos, sendo que 86% deles eram naturais do município de Manacapuru, desses 33% nasceram nas comunidades dos lagos Calado e Paru. Dos entrevistados, 54% trabalhavam na agricultura, 24% com mel e 4% com a produção de artesanato Cerca de 78% dos entrevistados utilizavam o mel para uso medicinal, 11% para alimentação, 9% para uso comercial e 2% para outros fins. Quando perguntados se recebiam ajuda do governo, 89% afirmaram não receber nenhuma ajuda e 11% já receberam algum tipo de assistência técnica. Do total de entrevistados, apenas 20% participavam de associações de produtores de mel. Dentre as espécies de abelhas, a Melipona subnitida foi a mais citada. Cada comunitários apresentava uma média de 20 caixas para criação de abelhas. Dos entrevistados, 81% reconheciam a existência da relação plantas-abelhas, mas 19% não conseguiam ver essa relação. Dos entrevistados, 31% acreditavam que existiam plantas específicas para atração de tipos de abelhas diferentes, enquanto 18% não verificaram essa relação. O método de extração natural foi o mais utilizado com cerca de 50%, seguido da utilização de roupas apropriadas, centrífuga e seringa, com 25%, 19% e 6% respectivamente. Deles, 62% utilizavam algum meio para melhorar a qualidade do mel, sendo a fervura o mais utilizado com cerca de 30%. O trabalho familiar foi o mais predominante com cerca de 94%, apenas 6% dos comunitários possuíam funcionários. A falta de união entre os comunitários (41%) e a falta de assistência técnica (33%) foram apontadas como os maiores entraves para a consolidação da meliponicultura nas comunidades pesquisadas.
CONCLUSÃO:

Para se estabelecer políticas públicas, que possam auxiliar no desenvolvimento rural e na melhoria da qualidade de vida do produtor rural, é necessário o conhecimento da atual situação do produtor. O reconhecimento pelos comunitários, da relação plantas-abelhas é fundamental para a conservação dos recursos florestais da área, e a pesquisa mostrou a grande necessidade de organização dos comunitários e assistência técnica por meio de capacitações. Espera-se que este diagnóstico possa ser utilizado para o planejamento de ações que venham contribuir para o avanço e a consolidação da meliponicultura como atividade geradora de renda para as comunidades de produtores rurais.

Instituição de Fomento: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estodo do Amazonas
Palavras-chave: etnobotânica, meliponicultura, desenvolvimento rural .