61ª Reunião Anual da SBPC |
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 15. Formação de Professores (Inicial e Contínua) |
ENSINANDO A ENSINAR CIÊNCIAS COM FOCO NO PROEJA ATRAVÉS DA MULTIDISCIPLINARIDADE |
Ernesto Macedo Reis 1 Marlúcia Cereja de Alencar 1 Lucas Manhães Sepulvida 1 Marília Paixão Linhares 2 |
1. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense 2. Universidade Estadual do Norte Fluminense |
INTRODUÇÃO: |
Considerando-se, que grande parte da população ainda não chegou à sala de aula em nosso país, que a educação escolar pode ajudar a constituir cidadãos, que os investimentos governamentais no PROEJA (Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na modalidade Educação de Jovens e Adultos), e que a exclusão científica e tecnológica existe e está localizada em todos os lugares, acentuadamente nos grandes centros onde o número de habitantes é cada vez maior, ao formar professores de Ciências, independentemente da área, não se pode perder a oportunidade de favorecer os olhares dos futuros docentes para esses graves problemas brasileiros, quiçá planetário, se adotarmos as palavras de Lévy (2003). Nosso objetivo nesse texto é apresentar alguns passos de uma pesquisa sobre o PROEJA. Uma etapa conduzida em disciplina de cunho didático-pedagógica que investiga o que sabem os licenciandos de Biologia, Física e Química sobre o PROEJA e se são capazes de interdisciplinarizar conhecimentos das diferentes áreas de Ciências em prol da construção de conhecimentos que favoreçam o ensinar para a cidadania. Nessa intervenção, adota-se a metodologia de Aprendizagem Baseada em Casos (ABC) em acordo com um ambiente virtual de aprendizagem – EVA – acessível através da Internet (www.uenf.t5.com.br). |
METODOLOGIA: |
Perguntou-se em um Estudo de Caso (EC) – "Radiações Ultravioleta e os Heróis do Verão" - o que sabiam os licenciandos de Ciências Naturais sobre radiações ultravioleta e o PROEJA. Após participarem do EC os licenciandos de Biologia, Física e Química deveriam preparar uma aula sobre o tema direcionada ao PROEJA. No EC os estudantes participam das aulas e usaram o EVA. A metodologia de ABC se baseia na investigação e interatividade consistindo na seqüência de três passos: 1 - identificar as idéias prévias dos estudantes sobre o Caso, 2 - favorecer interações com materiais selecionados ricos em informações, promover diálogo-cooperação e valorizar a argumentação-defesa de idéias, 3 - potencializar respostas mais satisfatórias às questões propostas, favorecendo avanço conceitual. Na pesquisa a intenção é responder a seguinte questão: como se deve agir para ajudar a forma professores de Ciências mais identificados com os problemas brasileiros, acentuadamente com os sociais, incluindo-se aí a inclusão científica e tecnológica do público do PROEJA? Planejou-se uma pesquisa-ação do tipo etnográfico. Os principais instrumentos são: o EVA que armazena todas as intervenções dos alunos, entrevistas, questionários e observações do professor-pesquisador. O público-alvo; uma turma de 19 alunos do 4º período da Licenciatura acompanhada durante 2 semestres nas disciplinas, Ambientes de Aprendizagem e Prática de Ensino, respectivamente. |
RESULTADOS: |
A pesquisa qualitativa destaca 2 aspectos estruturais: I) conhecimentos científicos dos licenciandos e as condições de produzirem um ensino cidadão num futuro próximo e, II) o que sabem sobre o PROEJA, inclusão e exclusão científica e tecnológica. Dos encaminhamentos, destaca-se em relação a: I) no primeiro passo, resposta inicial, nenhum licenciando soube explicar o que são RUV, durante o estudo percebeu-se dificuldades sérias em relação à pesquisa escolar e à conceituação interdisciplinar do conteúdo científico, na fase final do estudo, após cinco semanas, o patamar de resposta evoluiu, mas pode-se dizer que uma visão de Ciência descoberta e inventada, fundamentada na matematização de exercícios repetitivos prevalece, em detrimento de conhecimentos construídos e aplicados; II) inicialmente os licenciandos sequer souberam dizer o que significava PROEJA, após lerem o Decreto 5.480/2006, discutirem com os professores e fazerem investigações próprias, todos se surpreenderam com essa “realidade” da educação brasileira, sobremaneira com a relevância que o ensino de Ciências pode assumir na EJA integrada à formação técnica. A fala de um licenciando dá o tom do EC e os tipos de resultados obtidos: "só aprendemos matemática nas aulas de Física e não dá para compreender os conceitos, assim também somos excluídos de um ensino mais esperto". |
CONCLUSÃO: |
A abordagem dos temas de conteúdo de Ciências em disciplinas de cunho pedagógicos pode motivar e favorecer a apresentação de outros métodos e aspectos, diferenciados às formas mais tradicionais de se apresentar as Ciências nas Licenciaturas. Este ponto nos parece fundamental, conferindo com o que foi dito pelo estudante. Os dados da pesquisa em consonância com o objeto, o conhecer o tema do estudo (Ciência/radiações ultravioleta e o PROEJA), nos mostra que é necessário investir nessa direção, de ampliar o horizonte dos futuros professores, pois do contrário, além de não se prever modernização para os métodos mais tradicionais vivenciados nas aulas de Ciências, ainda teremos professores despreparados para lidar com um grande contingente de estudantes brasileiros, da EJA e do PROEJA. Pode-se dizer que o trabalho pedagógico se amplia nas Licenciaturas em Ciências quando se trabalha com novas metodologias e tecnologias associadas ao ensinar a ensinar Ciências. Essa multidisciplinaridade constitui uma condição para a melhoria da qualidade do ensino, pois supera a clássica fragmentação existente entre disciplinas e contribui para a formação global do educando. Referências Bibliográficas LÉVY, Pierre. (2003). A Conexão Planetária. São Paulo: Ed. 34. 2003, 189p. |
Instituição de Fomento: CAPES/SETEC |
Palavras-chave: Ensino de Ciências, PROEJA, Multidisciplinaridade. |