61ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 1. Físico-Química
AVALIAÇÃO QUÍMICA DAS ÁGUAS DO RIO NEGRO NA AMAZÔNIA CENTRAL  
Alice Caroline Plaskievicz 1
Hillândia Brandão da Cunha 2
1. Graduando de Ciências Biológicas/Bolsista – FAPEAM
2. Dra da Coordenação de Pesquisas em Clima e Recursos Hídricos- INPA /Orientadora
INTRODUÇÃO:

Dentre os vários rios que drenam em direção à bacia amazônica, o rio Negro é considerado um dos maiores rios do mundo em volume de água. Trata-se de um rio que não apresenta minerais andinos em suas águas e suas nascentes situam-se em formações cristalinas do período paleozóico, pobres em cátions. Em conseqüência a água é ácida com um pH ~ 4,0 e apresentam uma coloração escura devido a drenagem de solos ricos em substâncias húmicas.

O primeiro estudo sobre as características químicas e físicas das águas do rio Negro foi realizado por Ungemach (1967) o qual obteve dados do teor de matéria orgânica, de nutrientes e de sais neste ambiente. Outros estudos foram realizados nas águas do rio Negro, envolvendo, por exemplo, o clima, os solos da região amazônica e sua influência na hidroquímica dos rios Negro e Amazonas e seus tributários (Sioli & Klinge, 1962; Sioli, 1968). E, pela primeira vez, estes autores referiram-se à escassez de nutrientes nas águas escuras do rio Negro e as maiores concentrações de nutrientes nas águas brancas.

Diante da inexistência de estudos com amostragens freqüentes nas águas do rio Negro, este trabalho tem por finalidade, avaliar a química das águas do rio Negro e, posteriormente, compará-la com estudos similares em distintos sistemas fluviais da Amazônia.

METODOLOGIA:

O trabalho foi desenvolvido no rio Negro (3’3’750'’S 60’16’344’’W), que conta com uma área  de drenagem de 690 mil km2. Nessa região de floresta tropical úmida, predominam as chamadas águas negras, ricas em carbono orgânico dissolvido e ácido. As características químicas das águas dessa bacia, associadas a intensa radiação solar, tornam a região rica em processos químicos e fotoquímicos complexos, que influenciam diretamente o ciclo biogeoquímico de todos os elementos ali presentes.O período amostral  do estudo compreendeu  os meses de agosto de 2008 à  janeiro de 2009.

No campo, foram utilizados equipamentos portáteis para medir pH, temperatura, condutividade elétrica e oxigênio dissolvido (equipamentos Orion e YSI). As determinações de oxigênio dissolvido (O2) e demanda bioquímica de oxigênio (DBO) também foram realizadas, através do método de Winkler. As taxas respiratórias foram determinadas por incubação no escuro e quantificação do consumo de oxigênio.

No laboratório, as concentrações dos íons maiores (Ca2+, Mg2+, Na+, K+, Cl-, SO42- NO3-, NO2-, NH4+ e PO43-) foram determinadas por cromatografia líquida em equipamento da marca Dionex, modelo ICS 1000 Dual no Laboratório de Química Ambiental da Coordenação de Pesquisas em Clima e Recursos Hídricos - CPCR/INPA.

 

RESULTADOS:

Os resultados obtidos a partir dos parâmetros analisados mostraram que as águas do rio Negro apresentaram valores de pH entre 4,3 e 5,2.  Santos (1988), em seu estudo com afluentes do rio Negro encontrou valores de ph entre 3,6 (rio Maipendi) e 5,9 (rio Jauaperi ), com valor médio de 4.6, e  condutividade média de 13,3 respectivamente . O oxigênio dissolvido, condutividade elétrica  e temperatura apresentam valores médios de 4.6 mg/L , 11,0 μS/cm-1e  29,5 0 C respectivamente.

A demanda bioquímica de oxigênio (DBO) apresentou média de 0,012 (mg/L.hora). Na análise de nutrientes, os teores de Cl- apresentou valor médio de 8.82 μM, mostrando-se como o ânion mais abundante, enquanto que NO2-  apresentou a menor concentração  (0.85 μM). O Na+  apresentou  a maior concentração dentre os cátions (27.68 μM). Neiva & Cunha (2000) encontraram teores de até 0,9 mg/L de Na+ nas águas de precipitação na região de Manaus o que sugere que esta pode ser a principal fonte desse elemento e justificaria seus teores mais elevados em relação aos demais cátions. Outro fator que contribui para a concentração mais elevada de Na+ nas águas é sua alta solubilidade e mobilidade por não entrar na formação da maioria dos minerais intempéricos. 

CONCLUSÃO:

Os resultados apresentados para o rio Negro demonstram o quanto este rio tem uma dinâmica marcada pela sua hidrógrafa. A condutividade elétrica foi sempre muito baixa, o que evidencia a pouca carga de sedimentos na água do rio Negro, reflexo dos solos bastante erodidos da bacia de drenagem. Em relação aos valores de pH da água do rio Negro, estes  refletem a influência da geologia da bacia de drenagem na química da água. Já as baixas concentrações de oxigênio dissolvido encontradas podem estar relacionadas com o pouco ou quase nenhum material em suspensão.

 

Instituição de Fomento: FAPEAM- Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas
Palavras-chave: Hidroquímica, rio Negro, Amazônia Central.